Capitulo 6

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O Sr. Montenegro me explicou tudo o que faríamos hoje, primeiro iríamos a uma reunião onde ele decidiria o valor e o tempo a ser gasto no projeto, depois iríamos direto para o local onde o prédio seria construído para nos certificarmos que tudo sairia conforme o esperado. Ele me disse também que teríamos que visitar a obra pelo menos 4 vezes na semana para ver se estava tudo nos conformes.
Percebi que o Sr. Montenegro era um homem bem sério, quando começamos a falar sobre o trabalho ele não esboçou nem um sorriso e não fez nem uma piada,o que eu agradeci pois não seria legal se eu o mandasse para o inferno já que era ele quem pagava o meu salário.
Saímos de sua sala as 10h já que a reunião seria as 10:30. A bendita reunião aconteceria a quatro quarteirões da empresa então teríamos que nos locomover até lá.
Chegamos ao térreo e o Sr. Montenegro estava ao meu lado, percebi que por onde ele passava várias pessoas o olhavam e o cumprimentavam, ele por sua vez só balançava a cabeça em resposta como se não fizesse ideia de quem eram aquelas pessoas. Ele era um homem imponente, era aquele tipo de cara que ninguém ousava contrariar, claro que sua fortuna ajudava, ele poderia ter o que quisesse e isso facilitava sua vida nisso eu tenho certeza.
Pensando assim eu me lembro de Leonardo, um arrepio corre pelo corpo e eu me lembro da primeira ameaça que ele me fez, a primeira de muitas.
                               *
"Não dá Léo, meu pai não vai deixar eu ir, ainda mais com você"

"Não quero saber Cat, as 20h vou estar na portaria te esperando"

"Porra Léo já disse que não vai dar tá difícil de entender? ou vou ter que desenhar pra você?"

"Não princesa,não precisa desenhar, mais se você não for, amanhã amanhece com a cabeça do seu pai encima da sua mesa de cabeceira, entendeu?"

"Hahaha, você não faria isso Léo"

"Então paga pra ver minha linda, sou capaz disso e muito mais, ainda mais se for por você"
                              *
Léo, era um carinha que tinha acabado de se mudar pra minha cidade, na época eu tinha 14 anos, ele devia ter uns 20. Era aquele carinha que as meninas todas queriam e que não dava bola pra nenhuma delas, ele sempre me disse que era por que não gostava de coisas fáceis. Corria  boato pela minha cidade de que ele mexia com coisas erradas, no fundo eu sabia mais não queria admitir, eu era nova e um cara mais velho,lindo e cobiçado me queria, então por que eu ia colocar algum empecilho nisso? Eu só queria curtir a minha adolescência e pensar que quando fosse a hora certa meu pai aceitaria ele como meu namorado e um dia nós nos casaríamos e viveríamos bem. Ele parecia ser intocável na época, parecia conseguir o que queria, e parecia ter todos aos seus pés, por isso vendo o Sr. Montenegro tão autoritário e serio me fez lembrar do Léo. Acho que os dois eram aquele tipo de cara que consegue o que quer de todos, pois só o semblante que carregam já mostra a superioridade deles. Pois é, algumas pessoas são assim, são tão seguros de si, que intimidam os outros mesmo que não tenha a intenção.

"Senhorita Gonçalos?"

O Sr. Montenegro me chama me tirando dos meus pensamentos, e me trazendo de volta pra portaria da Arquitec. Acho que passei um bom tempo pensando pois nem percebi que havia chegado na portaria, o porteiro sorri pra mim e eu faço o mesmo pra ele.

"Sim Sr. ?"

"A senhorita estava aérea"

"A me desculpe, só estava lembrando de um certo acontecimento"

"Está tudo bem? Me parece assustada."

"Sim, claro, está tudo bem"

Balanço minha cabeça e sorrio sem jeito, o Sr. Montenegro não me pareceu acreditar nas minhas desculpas, mais ele assente com a cabeça e volta a olhar pra frente.

"Então vamos senhorita Gonçalos ?"

Olho pra frente, e ele aponta para um carro a nossa frente, uma range rouver preta, eu assinto e antes que eu abra a porta ele passa na minha frente e o faz, olho pra ele sorrio e agradeço, ele dá um sorriso de canto e eu entro, ele fecha a porta e dá a volta no carro para entrar do outro lado. Enquanto isso eu comprimento o motorista e me apresento, fico sabendo que seu nome e Bruno, ele  me parece simpático, eu gostei do Bruno, ele deve ter uns 40 anos, tem um olhar duro mais um rosto simpático, parece ser aquele tipo de amigo para todas as horas. Depois de o Sr. Montenegro dizer para  Bruno o endereço ele arranca o carro e sai em direção às ruas movimentadas de São Paulo.
Depois de uns 10 minutos chegamos ao destino, o Sr. Montenegro desce e abre a porta pra mim, acho um ato estranho, fica parecendo cena de filme mais tudo bem.

"Vamos senhorita Gonçalos ?"

"Cat"

"O que?"

"Me chame de Cat"

"Não vai rolar"

"Ai meu Deus deixa de ser chato e me chama de Cat ou Catarina, se não eu não respondo e pronto"

"Vou te chamar de senhorita Gonçalos"

"E eu não vou responder"

Ele faz uma cara confusa, e eu começo a rir, desço do carro e espero que ele venha até mim, depois de me alcançar nós entramos no prédio onde acontecerá a reunião.

Sem barreiras para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora