Capitulo 40

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Chego na empresa e comprimento Anabela, marcamos de almoçar e eu vou em direção ao elevador. Bernardo me ligou ontem marcando uma reunião com um cliente as 8:00hs então tive que chegar aqui na empresa hoje as 7:00hs.
Chego no meu andar e encontro Melissa sentada na sala de espera, ela me da um tchauzinho e acena para que eu vá até ela.

"Oi cunha". Ela sorri e me da um abraço.

"Cunha? Não sei por quanto tempo". Faço uma carranca para ela.

"Brigaram foi?"

"Não, mas estou esperando sinceridade, enquanto não houver isso, pra mim esse relacionamento não existe"

"Boa garota". Ela pisca pra mim.

"Sabe Melissa, desde aquele dia eu tento entender o que você me disse, mas eu realmente não estou conseguindo compreender"

"Catarina você vai compreender'. Ela diz e logo em seguida aponta com a cabeça, Bernardo está vindo em nossa direção.

"Então até mais". Eu digo e dou um beijo em seu rosto.

Saio apressada da sala de espera, estou ignorando Bernardo, por que sei  que se ele chegar perto de mim eu vou me desarmar e a minha muralha cairá. Estou decidida e enquanto eu não descobrir toda a verdade ele não me verá e muito menos me tocará.
Chego em minha sala e arrumo tudo o que preciso para a reunião, as sete e quarenta a secretaria nova de Bernardo, Sabrina, vem até minha sala e diz que ele está me aguardando para irmos para a sala de reuniões, eu a agradeço e saio junto com a mesma de minha sala.

"Bom dia". Ele sorri.

"Bom dia". Digo simples.

"Vamos?"

"Aham"

"Cat". Ele para em minha frente. "Vai me tratar assim até quando? Já não suporto te ver distante assim"

"Bom, estou esperando a sinceridade, que pelo que estou vendo está vindo montada em uma tartaruga, está demorando a chegar"

Ele da uma gargalhada, me segura a força e me rouba um beijo, sussurra em meu ouvido um 'Eu te amo' e sai andando em minha frente para não ter que encarar minha fúria por ter me agarrado a força, ele me conhece bem.
Passamos duas horas na sala de reuniões, e enfim eles fecham o negócio, eu agradeço mentalmente, pego na mão de todos os senhores que se encontram na sala e me dirijo a saída.
Assim que alcanço a porta ouço um dos homens falar para Bernardo.

"Senhor Montenegro, não sabia que colecionava mulheres bonitas em sua empresa, e vejo que a senhora Gonçalos é a mais bela e a mais rara de sua coleção". Nesse momento eu imagino o rosto de Bernardo se fechando em uma carranca, mais ciumento impossível.

"Sim senhor Takiro". Bernardo responde com certa raiva na voz. "Por isso a peguei para mim".

"Estão juntos?". Takiro pergunta.

"Sim estamos, a quase um ano". Bernardo enfatiza o 'um ano', meio exagerado.

"A sim, Montenegro namorando, isso não é algo que se vê todos os dias". Takiro gargalha.

"Como o senhor disse, a mais rara da coleção". Bernardo pega na mão dos senhores e me acompanha até a porta, saindo como um vulcão prestes a entrar em erupção.

"Nem acredito que em uma semana você estará aqui minha filha". Minha mãe diz do outro lado da linha.

"Pois é mamãe, jaja entro de férias e chego ai, estou morrendo de saudades de vocês todos"

"nós também suas filha, não sabe como seu pai anda falando de você, parece que está contando os dias para você chegar"

"Eu também mamãe, estou contando os dias, mande um beijo para todos por mim, agora tenho que desligar meu horário de almoço já acabou"

"Claro princesa, mando sim, beijo se cuida, amo você"

"Também amo você mamãe"

Desligo o telefone, e passo a mão pelos meus cabelos. A ultima semana que se passou foi meio tensa, Mariane veio aqui na empresa 2 vezes, ela e Bernardo passaram algumas horas na sala dele, e sempre quando ela ia embora, parecia que tinha matado um pedaço dele. Ele andava estressado, magoado e triste, nesses últimos dias, tem me evitado com sucesso, já não tenta mais fazer com que fiquemos bem, e muito menos tenta se aproximar de mim. Eu já não uso mais a aliança, e outro dia ele reparou mas não disse nem se quer uma palavra, ele pelo menos ainda usa a dele.
Hoje o dia está sendo tenso outra vez, ela a pouco ligou para a minha sala, MINHA SALA, vê se pode? Cachorra, me pedindo para avisa-lo de que chegaria daqui a uma hora, eu como não estava afim de ver ele, pois minha raiva só crescia ultimamente pedi a sua secretaria que desse o recado.
Mariane Chega no horário marcado, como sempre a vaca azul é pontual. Pede para que a secretaria anuncie sua chegada, e na mesma hora Bernardo a manda entrar.
Eu que estava na sala de espera conversando com um cliente que pedia mais assistência em sua obra, paro de falar por um minuto quando a ouço balbuciar algo como "Ele está abaixo do peso" e entrar chorando dentro da sala de Bernardo, e esse por sua vez passa a mão pelo cabelo e olha diretamente para mim, então desvia o olhar e fecha a porta.
Acabo de acertar todos os detalhes das nossas visitas com o cliente e vou até a sala da secretaria de Bernardo, ela é uma ótima garota, só tem 19 anos, mas é muito esforçada e muito competente.

"A loira chegou". Ela faz cara de nojo ao falar.

"Pois é eu vi". Falo sem animo na voz.

"Ela está engordando, já tem cara de vaca e ainda gorda não vai ser uma combinação legal". Ela da um risinho, e ao ver que eu não sorri junto ela pergunta: "Ela estragou tudo entre vocês não foi?"

"Que nada, quem realmente estragou tudo foi ele mesmo". Dou um sorriso amargo e vou me encaminhando para a minha sala.

Assim que passo pela sala de Bernardo escuto a voz de Mariane e paro instintivamente para ver o que ela está falando.

"Fui ao ginecologista Bê, e ele disse que ele não esta ganhando peso, que seu desenvolvimento não está normal"

"E o que ele aconselhou que façamos Mariane?". Bernardo fala com certa raiva na voz.

"Não podemos fazer nada". Ela chora.

"Se não posso fazer nada por que me incomoda tanto?". Ele pergunta sem paciência.

"Por que ele também é seu filho, e querendo ou não tem que me apoiar nesse momento". Ela fala entre soluços.

"Ok Mariane, me mantenha informado". Ele se da por vencido.

Fico estática no mesmo lugar não consigo andar, e muito menos pensar, a única palavra que vem a minha cabeça é 'filho'.
A porta da sala de Bernardo se abre e vejo Bernardo segurando a Maçaneta e Mariane logo atrás dele, assim que ele me vê se surpreende e seu rosto é tomado por medo, Mariane por sua vez limpa a ultima lagrima e abre um sorriso.

"Filho?". É a única coisa que consigo falar.

"Cat eu posso explicar, não é como você está pensando". Bernardo dispara.

E a única coisa que eu faço naquele momento é virar as costas e me direcionar ao elevador.

Sem barreiras para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora