Capítulo 17

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O encontrei do lado de fora. Ele havia encostado na parede meio que deixava o vento bater em seu rosto. O ar fresco da noite me envolveu.

— Viny!? — O alcancei. Ele estava pálido como cera. Ele voltou os olhos para mim devagar. — Você está bem?

— Sim.

— E o que você veio fazer aqui fora? — Perguntei, desafiadora. Eu não acreditava nele.

Ele deu de ombros displicentemente. Um segundo depois, o vi fechar os olhos com aquela expressão de dor que eu já havia visto antes.

— Ah, não... — falei, já prevendo o que ia acontecer.

Mas, para minha surpresa, não aconteceu como da outra vez. No instante seguinte, ele abriu os olhos novamente, respirou algumas vezes e falou, meio distraído:

— Eu preciso ir.

Meu coração falhou uma batida, em seguida disparou loucamente. Eu estava entrando em desespero total porque eu só podia imaginar um motivo para essa reação dele.

— Como assim "tem que ir"? Ir para onde? — Como eu já esperava, ele não respondeu. — Não me diga. Você, por acaso, ouviu os pensamentos daquele cara, o assassino? — Claro que eu já sabia a resposta. — Você está me dizendo que vai até lá?

— Não tenho muitas outras opções se eu quiser salvar aquela garota.

— Por que cargas d'água você não liga para a polícia? — Perguntei, histérica.

— E o que eu vou dizer a eles, se nem ao menos sei dizer onde ele está agora?

— Se você não sabe onde ele está, como vai até lá?

— Eu vou "rastrear" os pensamentos dele.

Respirei exasperada, agitada e cada mais desesperada. Eu não conseguia suportar a ideia de saber que ele estava prestes a ir atrás de um assassino psicótico.

— Você não pode fazer isso - minha voz soou suplicante.

— Eu sinto muito — acho que ele percebeu minha angústia, porque a sua voz soava preocupada. — Olha, eu vou chamar um táxi para te levar para casa. Se alguém perguntar porque você voltou sozinha, diz que eu sou um idiota...

Agora eu respirava com dificuldade. Eu não estava pensando em ir apara casa. Pelo menos, não sabendo que ele estava indo ao encontro de um seria killer. A última coisa que passava pela minha cabeça era pegar um táxi para casa. Mas, enquanto falava, ele pegou o celular e começou a procurar pelo número do Disk Táxi na agenda. Dessa vez, para meu total espanto, minha voz soou mais para autoritária que para suplicante:

— Vinícius, por favor... Você não pode simplesmente ir ao encontro de um assassino! Isto é loucura!

Ele parou o que estava fazendo e ergueu os olhos para mim com interesse.

— Do que você me chamou?

Eu quase ri ao perceber que de tudo que eu havia dito, a única coisa que chamou sua atenção foi como eu o chamei. Eu teria rido se não estivesse surtando de puro desespero.

— Eu posso te chamar de Vinícius sempre, se isto te convencer a não ir. Eu prometo.

Ele me encarou atentamente. Pela primeira vez seus olhos vacilaram. Realmente achei que poderia fazê-lo mudar de ideia. Não pelo que eu havia prometido — que era uma coisa muito boba —, mas porque deu para sentir o meu nível de desespero quando comecei a fazer promessas idiotas. Mas minha esperança só durou três segundos, porque no instante seguinte, seu olhar voltou a objetividade de antes.

Incontrolável MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora