Capítulo 14

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Estava ficando difícil evitar o Ruan na escola. Ele queria a todo custo criar situações para falar comigo e pedir mais uma chance ou querendo me abraçar. Enfim, o fato é que eu estava tendo que ficar o tempo todo ladeada pelas minhas amigas ou me escondendo sempre que eu tinha oportunidade.

E, sabe, ok, eu gosto das minhas amigas e, de fato, nós sempre ficamos juntas na escola de qualquer forma. Mas não poder ir até o bebedouro sozinha sem ser abordada pelo Ruan já era demais!

Eu deixei bem claro que eu não queria mais ficar com ele. Eu já havia dito com todas as letras. Inclusive já tinha também dito como eu estava incomodada — usando uma palavra bem delicada - com aquela perseguição ridícula. Ele estava sendo um idiota completo! E eu nem estou falando dos olhares significativos que ele ficava lançando a aula inteira.

Você não sabe o quanto fiquei feliz quando voltei do intervalo numa sexta-feira e não o vi mais na classe. Poxa, eu estava crente que tinha ido para casa mais cedo. Sei lá, a mãe dele poderia ter ligado ou ele podia ter passado mal ou vai ver tinha uma consulta marcada no dentista... Enfim, eu achei que fosse ter pelo menos o resto da manhã de liberdade.

E, principalmente, achei que eu pudesse fazer algo tão normal quanto ir ao banheiro sozinha! Mas qual não foi minha surpresa quando sai do banheiro e dei de cara com o Ruan encostado na parede, no pátio. E ele era a única pessoa a vista. Todo mundo estava nas salas de aula. O Ruan estava bolando aula no pátio.

— Oi — ele falou, me olhando languidamente. Sempre odiei quando ele me olha assim.

— Oi — respondi secamente.

— Você não deveria estar na aula?

Encarei-o, desafiadora.

— E você também não deveria?

— Ah — ele deu de ombros —, eu estou de saco cheio dessa escola!

— Bom, eu vou voltar para a sala.

Me apressei em passar por ele para poder sair dali antes que ele começasse com o mesmo papo chato de sempre. Mas ele segurou meu pulso.

— Fica aqui — ele soou mais autoritário do que devia.

— Não, obrigada pelo convite.

— Por que não? Fica, pô — ele ainda me segurava.

Comecei a entrar em estado de alerta. Eu ainda não estava com medo, mas estava ficando alarmada com o modo como ele falava. Tentei puxar o meu braço das mãos dele, mas o Ruan me segurou com mais força.

— Me solta! — Mandei, com raiva.

Agora eu estava começando a ficar com medo. Ele estava segurando realmente com força, por mais que eu me esforçasse ele não afrouxava o aperto.

— Eu não vou te soltar — ele riu de um jeito meio maníaco.

Ele me puxou para si, passou o outro braço em torno da minha cintura. Eu o empurrei, mas não fez efeito nenhum; o Ruan era muito maior e mais forte do que eu.

— Para com isso, Ruan! Me solta! — Tentei de novo empurrá-lo, dessa vez juntando toda a minha força.

Eu nunca quis tanto estar na sala de aula, ouvindo a professora de História falar. Comecei a me preparar para gritar por socorro, ao mesmo que eu me debatia nos braços do Ruan, que tentava me beijar.

— Estou interrompendo alguma coisa? — Uma voz deliciosamente familiar chegou até nós. Meu coração deu um saltinho de felicidade e alívio.

— Viny! — Arfei, sentindo o aperto do Ruan afrouxar automaticamente, mas não o bastante para eu conseguir me libertar.

Incontrolável MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora