Capítulo 6

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Cobri o rosto com o travesseiro.

— Então, vocês ficaram? — A Gaby perguntou, sentada na poltrona perto da janela.

Estávamos na cara dela desde que saímos da escola — a filha dos donos do restaurante mais popular, vai almoçar na casa dos outros.

— Bom... é. Só que não foi nada programado — eu estava contando a ela sobre o meu fim de semana e a consultoria de informática do Viny, que vem com brinde, aparentemente.

— E então?

— Então o quê? — Minha voz ainda estava abafada por causa do travesseiro.

— Em que posição você o colocou? — Não respondi, apenas continuei imóvel — Você sabe, na sua lista.

Tirei o travesseiro do rosto e me sentei na cama, mas não tive coragem de encará-la. Mas a Gaby me conhece bem demais para eu poder mentir.

— Eu não o coloquei na lista.

— O quê? Por quê? Você coloca todos na lista.

— Ai, Gaby, porque... aquilo foi incrível. Muito superior ao primeiro colocado. Para falar a verdade, acho que essa lista foi para o espaço — preferi não pensar em como poderia continuar se minha mãe não tivesse interrompido, principalmente com a minha cama tão perto.

— Uau — ela ria, um pouco perplexa. — Tem certeza que estamos falando da mesma pessoa? Eu achei que era sobre o Viny esta conversa. Sabe, o nerd que consertou seu pc.

— Vinícius - me ouvi corrigindo-a automaticamente. — Não fala nada sobre isso. Se você não reparou, ele está um pouquinho diferente. Ele está um gato!

— Eu não posso reparar nestas coisas, lembra? Tenho namorado.

Lhe lancei um olhar bem malvado.

— Por acaso, o Fabrício venda seus olhos para você não poder ver outros garotos? Duvido muito que você não tenha reparado no cara mais comentado da escola!

— É, tenho que admitir, se eu não estivesse comprometida, também entraria nessa disputa — ela sorriu, maliciosa. E ficando séria de novo, perguntou: — Então, vocês estão... tendo um caso ou qualquer coisa assim?

— Não! — Falei, um pouco histérica — Você sabe que eu abomino a ideia de ter um namorado fixo. E, depois de que aconteceu com o Ruan, achei melhor deixar isto bem claro.

Meu celular tocou um alarme de mensagem. O apanhei na mochila e li o SMS.

— É o Gabriel — comentei. — Ele quer sair comigo outra vez.

— E você vai?

— Não sei. Talvez. Embora o nosso primeiro encontro tenha sido um pouco traumatizante.

Olhei para o relógio do celular e fui me apressando para ir embora.

— Você já vai? Por quê?

Era engraçado que ela usasse a palavra "já", quando eu estava praticamente instalada na casa dela há quase cinco horas seguidas.

— Vou. Eu esqueci de devolver o pen drive do Viny na escola. E parece que aquilo é o super-herói dele — ela franziu a testa, sem entender. — Então, vou tentar encontrá-lo na loja.

Você pode até dizer que seria mais prático eu ir para minha casa e esperá-lo chegar a dele. Mas eu realmente não queria ir à casa do Viny com tanta frequência. Não que eu me importasse muito com o que os vizinhos pensariam — eles já pensavam o bastante sobre a minha vida amorosa —, mas se eu aparecer na porta deles dia sim, dia não, a família dele provavelmente vai achar esquisito.

Incontrolável MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora