Capítulo 5

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"Droga Lana! Vamos ter essa luta todo dia?" Stacey grita.

Não dessa vez não é no banho, é na porta do meu quarto mesmo, é o meu terceiro dia na escola e é sexta-feira, tudo que eu não quero é me levantar. Eu não gosto daquele lugar, nem daquelas pessoas.

"Eu não vou hoje." Resmungo.

"Vai sim." Ela diz. "Eu tenho uma cópia da chave, mas espero que faça isso por bem."

Suspiro contra o travesseiro. Isso não está dando certo, eu não tenho ideia de como vou atingí-la, de como convencê-la que me trazer foi um erro.

"Estou indo."

Ao contrário dos outros dois dias decido não ir toda de preto, vou só com o jeans preto e uma camiseta cinza, completo com um gorro. Acho que as pessoas já entenderam o recado de fique longe a essa altura.
Sento-me na mesa em silêncio para tomar café. Robert não está.

"Bom dia Lana." Stacey diz, não para ser simpática e sim para me ensinar a ter esse gesto de educação.

Dou um sorriso cínico e não retribuo o 'bom dia'.

"Toma." Ela fala.

Tenho que ser rápida para erguer a mão e apanhar a chave que ela acaba de jogar em minha direção e quando apanho olho para ela sem entender o que está havendo.

"O que?" Pergunto.

"Pode dirigir o carro para ir a escola." Diz.

"Mesmo?"

Claro que eu sei que ela está tentando me comprar, tentando dar algo que me agrade em troca do meu bom comportamento. Bem, eu gostei, o que não significa que vou retribui-la.

"Samantha vai comigo?" Quero saber.

"Sim." É a própria Samantha que responde.

Ela continua sendo monossilábica comigo, o que na verdade é bom porque eu detestaria que ela fosse do tipo que quisesse ser minha amiga e ficasse tagarelando atrás de mim.
Admito que mesmo a cidade sendo pequena e fácil de chegar aos lugares é um pouco confuso para mim fazer o caminho para a escola, e só consigo fazer isso certo porque Samantha vai me indicando o caminho. Nunca ouvi tanto a voz dela quanto agora.

"Vou descer aqui e você procura uma vaga." Ela diz quando chegamos. "E na saída eu te espero ou você me espera se sair primeiro."

Claro. Eu tinha esquecido dessa parte trágica sobre esperar.

Como ainda está um pouco cedo para a aula desço do carro e me encosto nele, depois tiro o maço de cigarro da bolsa e acendo um para mim. Tragar e soltar essa porcaria as vezes é tão relaxante que é por isso que não consigo largar nunca.

Um cara, que suponho ser do último ano, passa por mim e eu reparo nele, ou melhor o cheiro que fica quando ele passa.

"Hei você!" Chamo.

Ele para e me olha.

"Eu?" Pergunta.

"É." Dou alguns passos até chegar a ele. "Eu preciso saber com quem você compra."

"Com quem eu compro o que?"

Dou uma tragada no meu cigarro e solto um pouco sem paciência. Ele não pode mentir para outra mentirosa, ou melhor, não pode mentir para quem esteve no lugar dele constantemente, mas eu escondia o cheiro da maconha muito melhor antes de entrar para a aula.

"Maconha." Digo. "A propósito seu cheiro te denunciou. As pessoas aqui são tão estupidas a ponto de não saberem como é o cheiro ou elas só ignoram?"

The Lana's SongOnde histórias criam vida. Descubra agora