Se posso ser sincera, eu não me lembro nem de metade da noite passada. Me lembro de fumar e cheirar alguma coisa. Me lembro de beber muito. Me lembro de estar com um monte de gente desconhecida. E apenas isso.
Me lembro vagamente de chegar em casa, mas não me lembro como.
Depois de relutar por muito tempo eu finalmente abro os olhos para a manhã de sola de domingo, ou pode ser tarde, não faço ideia.
Sento-me na cama e noto que estou usando outra roupa. Uma camisola curtíssima que eu nem me lembro porque trouxe junto com as minhas outras roupas. Esfrego os olhos e sinto minha cabeça doer quando a mexo um pouco.
Esse é o dia seguinte quando eu exagero, o que não acontece com frequência, mas quando acontece eu só quero ficar na cama o dia todo sem olhar para a cara de ninguém, mas Stacey acaba de tornar isso impossível parada na porta do quarto.
"Se vai dar um sermão comece logo porque quero voltar a dormir." Digo a ela.
Talvez isso tenha servido para ela perceber que a filha perfeita e descomplicada que ela quer só existe na imaginação dela ou na forma de Samantha Brown.
"Ontem quando você saiu, eu realmente pensei que quando você voltasse nós íamos ter uma discussão e eu tentaria consertar você com gritos." Ela fala.
Stacey entra no quarto e senta-se na beira da cama.
"Mas quando você chegou aqui, você estava transtornada Lana, e eu não consegui ver nada da minha filha, a minha garotinha, que costumava gostar de mim mesmo que adorasse mais o pai." Continua e eu posso ver os olhos dela enchendo de lágrimas. "E acho que esse foi meu erro, pensar que você ainda era a mesma."
"Eu cresci." Murmuro. "De um jeito que você não concorda, mas cresci."
"É eu sei, e eu estive culpando Ben por isso, por envolver você nesse mundo, mas eu tenho muita culpa nisso também. Eu me envolvi com Ben sabendo que esse era o mundo dele, eu cheguei em casa várias vezes como você chegou ontem, quando eu era mais nova que você, e com a sua idade meus pais tinham me mandado embora de casa e eu tinha um bebê." Conta. "E então ao invés de escapar, eu continuei lá, você esteve nesse mundo desde pequena, e eu sei como é difícil escapar quando se é tão jovem."
"Eu não sou viciada." Falo.
Ela está falando como se eu precisasse de uma intervenção, ou algo assim. Tentando fazer com que eu caia em mim sobre os meus erros, mas não é assim.
"Eu sei que não levo uma vida exatamente saudável, mas muitas pessoas vivem assim, é uma escolha." Me defendo. "Você escolheu morar no interior, ter uma vida calma, se dedicar a uma família. Eu não vejo isso funcionando para mim, eu quero me divertir, eu preciso estar agitada para me sentir bem, e eu não preciso de drogas ou bebida para isso se eu estiver feliz, mas se eu estou infeliz eu acabo suprindo isso."
"É uma válvula de escape para todo mundo, problemas em casa, sonhos frustrados, tantas coisas, e mesmo quando parece só diversão, não é." Stacey opina. "Acho que seu pai e eu falhamos em não perceber que era demais para você, e procurar alguém para nos ajudar."
"Psicólogo?" Pergunto. "Eu não conseguiria, eu não sou uma pessoa que consegue desabafar. De qualquer forma eu não preciso de ajuda."
Tenho a impressão de que ela vai falar mais alguma coisa, mas recua.
"Eu vou terminar o almoço." Ela diz.
"Só isso? Achei que ia ficar de castigo ou pelo menos ameaça disso." Falo.
Stacey se levanta.
"Eu ainda não sei como chegar até você, e até eu saber qualquer coisa pode piorar nossa relação. Então, eu chamei a única pessoa que você se dá minimamente bem por aqui."
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The Lana's Song
RomanceEra uma vez... É isso que muitas crianças escutam toda noite antes de dormir. Não era o que eu escutava. Eu escutava os ensaios exaustivos do Evil Monters ou estava nos bastidores de um dos shows deles, e isso porque Ben Teller, o vocalista, é meu p...