Capítulo 38

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"Lana, você já está de volta?" Carly pergunta quando passo correndo pela sala.

Por que eu estou com vontade de chorar? Foi só um beijo e nem foi um real, eu cortei antes que se tornasse. Mas mesmo assim que me sinto horrível, não por Samantha especificamente, mas por Willian querer me usar como uma distração enquanto trai sua namorada. Mesmo que Lauren nunca o conhecesse eu queria poder dizer a ela sempre que seu pai era um homem honrado, e não essa moleque inconsequente.

Tiro a maquiagem, me troco e vou para o quarto de Lauren. Debruço-me em silêncio sobre o berço e toco sua mão de leve tomando cuidado para não acordá-la.

"Sinto muito amor." Digo sussurrando. "Encontrar seu pai nas duas vezes que sai tem que ser um sinal para não fazer isso de novo e ficar em casa com você, como sempre tem sido. Me desculpe amor, mas eu não posso dizer a ele."

Perco a noção do tempo olhando para ela, fico uma eternidade ali do lado do berço antes de ir para a sala encontrar Carly. Ela aponta seu colo e eu me deito no sofá e coloco a cabeça em seu colo.

"O que houve agora?"Ela me pergunta.

"O pai da Lauren. Sempre o pai da Lauren." Resmungo. "Por que ele tinha que reaparecer na minha vida agora Carly? Estava tudo bem sem ele, eu tinha certeza que não contar a ele tinha sido uma escolha adequada. Mas agora eu fico olhando para ele e pensando se deveria contar, e então ele age como idiota e eu não quero contar mais." Desabafo com ela.

"Garotos são idiotas querida." Ela diz. "Até terem o momento de crescer, alguns crescem pela profissão, pela perda..."

"Esse é o ponto, Will já era maduro pela perda do pai, mas ele retrocedeu." Explico.

"Talvez porque em muito tempo é a primeira vez que ele não precisa se preocupar em cuidar de ninguém só de si mesmo." Carly fala. "Ele não tem uma filha para cuidar e fazê-lo amadurecer de novo." 

Ok, eu senti a indireta. Ela todo tempo tenta me fazer refletir sobre isso e perceber com ele deve saber, mas eu tenho medo da reação dele quando descobrir que omiti isso. Passo um tempo deitada assim e depois vou para o quarto.

Na manhã seguinte acordo e vou cuidar da Lauren. Amo os dias que posso ficar com ela o dia todo, fazer tudo, dar banho, brincar, alimentar, abraçar muito. Estou dando banho nela quando o interfone toca.

"Carly estou com a Lauren, você atende?!" Grito de dentro do banheiro.

"Estou indo!" Ela grita passando pelo corredor.

Demoro mais alguns minutos tirando  Lauren no banho e a trocando no banheiro mesmo. Estranho Carly não ter me chamado para atender seja lá quem for que estava ao interfone, então com Lauren no colo vou em busca dela na sala.

"Carly quem era?" Pergunto.

Ela não precisa responder. Ela está na sala acompanhada de quem era. É Will. Por alguma razão boba aperto Lauren em meus braços, ela está mordendo meu cabelo e eu desvencilho. Willian está olhando para nós duas, curioso, contemplativo.

"Carly pode me deixar sozinha com ele." Digo recobrando minha voz.

Nós ainda vamos conversar sobre o porque dela tê-lo deixado subir sem minha autorização. 

"Quer que eu a leve?" Ela me pergunta se referindo a Lauren.

Movo a cabeça negando. Não quero ela nenhum centímetro longe de mim, ela me passa alguma segurança, mesmo sendo só um bebê. Carly assente e vai.

"O que faz aqui Will?" Pergunto.

Aponto o sofá e ele se senta, me sento no outro, um pouco longe dele. Lauren se mexe querendo se virar e eu coloco-a em meu colo virada para frente, virada para Will. Pai e filha. Ele olha para ela com calma e sorri.

"Você derrubou algumas coisas da sua bolsa quando saiu ontem." Ele começa a responder minha pergunta. Estica a mão.

Ele me devolve uma caixinha com termômetro, uma fita de cabelo e uma foto da Lauren. Coisas que eu deveria ter me lembrado de tirar da bolsa antes mesmo de sair ontem. Seguro Lauren com uma mão e a outra pego o que ele está me devolvendo.

"Ela tem seus olhos." Will diz.

"É, ela só puxou isso de mim." Digo.

Todo o resto é seu, eu gostaria de dizer, mas eu tenho a impressão de que Will está aqui, mas não quer saber a verdade. Ele nem sabe porque está aqui, desconfio. Ou ele teria feito a pergunta crucial: ela é sua filha?

"Como descobriu meu endereço?" Decido quebrar o silêncio.

"Sua amiga estava meio bêbada, não foi dificil fazer ela dizer." Conta ainda olhando para Lauren. "Era por ela que sua mãe foi tantas vezes ao Texas no último ano?"

Lauren se mexe no meu colo e se joga querendo ir para o chão. Pego uma almofada, jogo no tapete perto do sofá e a encosto nela.

"É." Confirmo. "Ela tem um avô babão, uma avó babona, e uma mãe pior. Mas quem não seria por ela? Lauren é o ser mais incrível do mundo."

"Aposto que é." Ele é amável. "Quantos meses ela tem?"

Essa é uma pergunta importante, embora ainda não a que espero que ele faça, mas talvez nos leve a ela.

"Sete." Respondo. "Ela nasceu em fevereiro."

"Então engravidou logo que voltou para Los Angeles." Ele conclui.

Assinto. Ele desce do sofá onde está sentado e senta-se no tapete na frente de Lauren. Segura a mãozinha dela de leve.

"O pai dela não mora com vocês?" 

Eu quero gritar com ele, quero mandá-lo fazer as contas, quero dizer para olhar bem a Lauren e ver como ela só pode ser sua filha, mas eu fico em silêncio pensando sobre isso antes de abrir a boca. Will ainda acha que quando eu fui embora de Sonora eu era a velha Lana, que ia curar qualquer vazio transando com um cara. Ele acha que eu iria me envolver com alguém depois dele. Ele sequer deve ter cogitado que ela é dele também.

"O pai dela não está conosco há bastante tempo." Respondo.

Estou sendo imatura e equivocada, eu sei disso, mas não quero dividir minha bebê com alguém que tem uma visão distorcida de mim. E mesmo que eu quisesse não tenho a coragem necessária para dizer.

"Bem, ele é um idiota por deixar uma garota tão linda. Duas." Will diz. "Me desculpe por ontem Lana. Eu não tenho o direito de fazer isso com você.  Você mudou, de verdade. Agora eu vejo o porque."

"É tudo por ela, eu quero ser o tipo de mãe que ela se orgulhará de ter." Digo a ele.

É estranho estarmos falando sobre a nossa filha, mas só um de nós ter consciência disso. Ele faz careta para ela e impressionantemente ela ri muito fácil, ela resmunga depois e ele pega um dos brinquedos e entrega a ela.É quase como se eles se reconhecessem.

"Podemos recomeçar?" Will me pergunta. "Tentar ser amigos? Eu acho que ficaria feliz de conhecer essa Lana, e conhecera razão dessa Lana existir."

A razão dessa Lana existir não é só Lauren, começou com ele.

"Desde que você não seja o Will idiota da noite passada." Falo.

É isso. Eu vou deixá-lo se aproximar, vou deixá-lo conhecer Lauren,e quando eu sentir que o Will imaturo foi deixado de lado, e que a conexão dele e dela estiver forte eu revelo a verdade.Até lá tenho tempo para me preparar.

"Isso não vai trazer problemas com a Samantha?" Pergunto.

"Não." Diz.

Ele não parece ligar muito para a opinião dela. Me levanto.

"Quer me ajudar a dar café da manhã para ela? Mas primeiro tem que pegá-la no colo. Acha que consegue?" Brinco.

Ele é desajeitado e eu tenho que me aproximar com medo dele derrubá-la, mas no fim lá está Lauren no colo de Will, no colo do seu pai.





















The Lana's SongOnde histórias criam vida. Descubra agora