Me olho no espelho após tomar banho. Fico de lado e tento ver se há algum sinal da minha barriga crescendo, afinal eu já estou de dois meses. Eu engordei um pouco, isso é um fato, mas a barriga ainda não aparece.
"Ei bebê." Digo. "Você escolheu a pior mãe do mundo e a pior hora para nascer."
Três dias atrás quando meu pai me contou no hospital eu estava desesperada, eu não consegui acreditar de cara até que comecei a pensar sobre isso. Eu disse a Will que me cuidava desde a nossa primeira vez, mas eu não posso me lembrar de ter tomado pilulas mais do que algumas vezes em Sonora. Além disso eu tenho sentido muita fome e sono no ultimo mês. E por fim eu estava chateada demais para notar que não menstruo há dois meses.
O olhar de Ben naquele momento foi esmagador. Eu cometi o mesmo erro que ele e Stacey, a diferença é que ela me teve aos dezesseis e eu terei meu filho aos dezessete, quase dezoito. Eu não sei como vou para a faculdade no próximo ano, o bebê ainda terá meses, eu provavelmente não vou. Ficar em Los Angeles também é algo que tenho me questionado. Não quero ter o bebê aqui, eu nem quero que eles saibam sobre ele e tornem isso a noticia da década. Ben vai falar com meus avós, os pais dele, eles moram em uma pequena cidade no interior do Texas e eu devo ir para lá.
São só três dias que eu sei, mas de alguma forma eu estou aceitando bem, porque desde o primeiro momento eu não duvidei que eu teria o bebê e que eu seria melhor mãe do que Stacey foi, e seria melhor mãe do que eu jamais fui uma boa filha.
Troco de roupa e quando termino batem na porta do quarto.
"Lana?"
Nick aprendeu a pedir permissão para entrar.
"Ei, entra ai." Digo.
Ele me olha estranho quando entra no quarto. Fica me analisando e me observando. Dana e Ben também tem feito muito isso. Acho que eles pensam que vou surtar a qualquer momento.
O olhar de Nick vai na direção da minha barriga agora. Rio.
"Só faz dois dias que esteve aqui Nick, ela não vai crescer em um passe de mágica." Brinco. "Embora eu esteja curiosa para ver isso acontecer logo."
"É possível você parecer mais velha em três dias?" Ele me pergunta. "Você virou adulta de repente."
"Eu tenho que ser. Eu quero esse bebê embora eu esteja morrendo de medo." Digo a ele. "Eu tenho que ser melhor por ele, porque eu estou nessa sozinha."
"Não precisa estar." Nick diz.
Ele tentou ter essa conversa comigo dois dias atrás de que todo filho precisa de um pai por pior que seja, que olhe só para nós, somos filhos de rockeiros, drogados e que vivem em turnê, mas sempre fomos felizes com nossos pais. Não posso deixar de concordar, eu tenho o melhor pai.
A questão com meu filho é diferente, não se trata de ter um pai ruim, mas um pai que me detesta, e um pai que iria querer muito o filho perto e eu não vou voltar para Sonora. E então eu não quero pensar que se ele quiser meu filho morando com ele e eu ficar longe. Nunca vou deixar isso acontecer.
"Lana você tem que falar para ele." Nick insiste. "Ele tem o direito de saber."
"Eu não vou até Sonora." Digo.
"Então ligue." Ele fala.
Dou risada. Pego meu celular e levo-o até ouvido.
"Ei Will, sou eu, a pessoa que você mais detesta no mundo. Estou ligando pra dizer que sabe quando eu disse que tomava pilula eu acabei me esquecendo delas e eu estou esperando um filho seu. A proposito se tiver algum interesse nele me procure em Los Angeles, porque não vou voltar para Sonora." Simulo uma ligação.
"Pare de ser ridicula." Nick ri. "Está se precipitando. Ele pode concordar em visitar o bebê as vezes apenas."
"Você não conhece Will." Digo. "Ele é muito apegado a familia, ele não ia querer que o filho crescesse longe dele."
"Então talvez vocês possam se acertar e sei lá recomeçarem em outro lugar." Ele teoriza.
Dou outra risada maior ainda.
"Não importa o quanto eu sinta falta dele, eu não vou me acertar com ele, não depois de como ele me tratou. Will teria que nascer de novo para isso." Falo. "Sabe quando eu cheguei aqui eu estava toda compreensiva que mesmo que ele estivesse errado ele tinha motivos e eu não merecia ele de qualquer forma, mas agora eu não penso assim mais."
"O que é mais importante na sua vida agora?" Nick me pergunta.
"Meu filho." Respondo de imediato.
É estranho como você se torna imediatamente liga a essa vida dentro de você, como cuidar dele e fazer tudo por ele se torna prioridade.
"Exato." Nick fala. "E ele ou ela merece ter tudo, não merece? Quando Stacey te privou o direito de estar com bem você não concordou, você sabia que ela estava errada. Não cometa o mesmo erro."
Eu odeio essa versão responsável do Nick. Onde está meu melhor amigo idiota e sem noção? Agora ele me fez parar e pensar. Meu maior medo é me tornar Stacey. E se eu fizer isso, se eu negar meu filho estar com o pai eu me sentiria como ela.
"Preciso do seu celular." Digo a Nick. "Se eu ligar do meu ele não vai atender."
Ele tira do bolso e me entrega. Ainda lembro o numero de Will de cor. Disco e espero, toca varias vezes, Nick está me olhando atentamente. Não faço ideia do que dizer.
"Alô?" Uma voz feminina diz do outro lado da linha.
Soa familiar, mas vozes pelo telefone enganam então não tenho certeza quem é.
"É o celular do Willian?" Pergunto.
"É, aqui é Samantha, a namorada dele. Quem é? Eu posso passar pra..."
Encerro a ligação. Samantha, a namorada dele. Eu não acredito que ele fez isso, ele nem gosta dela. O que é isso? Uma tentativa de ter uma amorada normal depois de Caitlin e de mim?
"O que foi?" Nick pergunta.
Ao inves de responder abro meu notebook que está em cima da cama, abro o facebook e procuro o perfil de Samantha. Tem algumas fotos com Will, nos ultimos dias e tem uma atividade de uma semana atrás: Samantha Brown começou a namorar Willian Bailey.
"Ele está namorando a enteada da minha mãe." Digo rindo de nervoso. "A garota que gravou aquilo, que imprimiu a minha conversa."
Entrego o celular para ele.
"Isso não muda que ele é o pai do seu filho." Nick diz.
Reviro os olhos. Eu fiz o que ele queria que eu fizesse, eu liguei e descobri que não quero nenhuma relação com nenhuma daquelas pessoas, e nem quero que meu filho tenha. Então, dane-se Will.]
"Esse é meu bebê. Só meu." Falo para Nick. "Eu vou bastar para ele. E se não bastar ele vai ter um avô maravilhoso e um padrinho melhor ainda."
"Padrinho?" Ele pergunta.
"Você está defendendo ele com unhas e dentes desde já, pensando nele ou nela. Não posso pensar em outra pessoa para fazer isso." Digo. "Você aceita?"
"Claro." Diz. "Vocês podem contar comigo para qualquer coisa."
Eu tenho as pessoas que bastam ao meu redor, meu pai, Dana, Nick, em breve estarei com meus avós, tenho meu bebê e mais importante, eu tenho a mim mesma.
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The Lana's Song
RomanceEra uma vez... É isso que muitas crianças escutam toda noite antes de dormir. Não era o que eu escutava. Eu escutava os ensaios exaustivos do Evil Monters ou estava nos bastidores de um dos shows deles, e isso porque Ben Teller, o vocalista, é meu p...