Capítulo 16 # Bruno

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Quando se despediram de Lorenzo e Júlia, Olivia e Bruno foram a pé assim como chegaram ali. Repararam que apesar da hora e que era domingo, muitas pessoas ainda estavam conversando, bebendo, rindo e fazendo barulho nos bares e restaurantes da rua.

Os dois entretidos em seus próprios pensamentos. Na cabeça de Bruno só o que se passava era Olivia conhecendo sua família.

Não que ele não quisesse apresentar Olivia a todos, mas como, depois disso ele poderá continuar dizendo que ela não está entrando em sua vida? Apesar de ser um bom pensamento, tudo o que engloba essa história pode se tornar um grande problema para os dois. Ele está trabalhando para o pai que ela detesta, espionando sua vida. Se descobrir jamais confiará em Bruno novamente, e ainda tem a chance do Jota seguir os dois e descobrir alguma coisa. Claro que só estará apresentando Olivia como amiga, mas ele nunca levou amigas para conhecer os pais. Se Júlia soubesse da enrascada que meteu o irmão teria ficado calada.

Andavam em silêncio pela rua e quase não percebeu que já estavam chegando. Ao parar na entrada da casa de Olivia ela se virou para Bruno e não abriu a porta, como ele pensava que faria.

- Gostou da noite? - Ele perguntou.

- Sim.

- Só isso? "Sim". Então acho que não fiz um bom trabalho.

Ela sorriu, mas ainda parecia estranha.

- Eu fiz alguma coisa que você não gostou?

- Não é isso, na verdade eu que fiz algo que você não gostou. - Ela mal olhava para ele.

Bruno não tinha ideia do que ela poderia fazer para ele não ter gostado. Pegou a mão de Liv e com a outra mão levantou o rosto dela para que olhasse em seus olhos.

- O que você poderia ter feito de errado hoje?

- Eu sei que você não gostou da ideia de me levar para conhecer seus pais, não se preocupe que eu arrumo uma desculpa e aviso sua irmã que não poderei ir. - Ela falhou em parecer indiferente.

Bruno provavelmente estava fazendo careta com aquela afirmação de Liv. Será que ela poderia ter entendido tão errado assim?

- Liv, é claro que eu quero que conheça meus pais.

- Eu vi a careta que você fez quando eu aceitei o convite da sua irmã. Na hora não pensei, mas você até que está certo. Eu não preciso conhecer eles agora.

Bruno olhou em volta, ele não podia arriscar.

- Vamos conversar lá dentro?

Ela pensou um pouco, mas assentiu. Abriu a porta e os dois entraram. Bruno trancou a porta atrás de si. Liv foi para a cozinha.

Ele sabia que ela gostava do ambiente e sabia que ela se sentiria melhor conversando com ele lá e seguiu.

-Antes que você pense qualquer coisa, eu quero sim que conheça meus pais.

- Bruno. - Ela estava parada a poucos centímetros de Bruno com os braços cruzados - Eu não estou chateada com você, nem nada. É que...

- Você está entendendo tudo errado, Liv. Eu vou repetir, porque acho que você está fingindo não me escutar. Eu quero que você conheça os meus pais. Mas eu não queria ter que te convidar porque minha irmã chamou. Eu que devia fazer esse convite sem que parecesse algo forçado, mas esta é minha irmã com o timming mais perfeito para enrolar a minha vida.

Olivia não pode evitar e riu. Deixou Bruno mais feliz e desesperado ao mesmo tempo. Ele estava ali dizendo a verdade apesar de estar preservando seu trabalho, ele não esta mentindo quando diz que quer apresentá-la a sua família.

Uma ideia que ele fez questão de expulsar de sua mente foi a ideia de apresentá-la como algo mais que amiga. Mesmo que nem eles usem essa palavra um para o outro, mesmo porque tem poucos dias que se conhecem...
Como podia estar tão fixado nessa garota de repente?

Ele diminuiu o espaço entre eles, mas não beijou Liv, como realmente desejava. Ele apenas olhou. Depois acariciou o rosto de Liv quando ela fechou os olhos relaxando ao toque dele.
- Você não me respondeu. Quer conhecer meus pais?
- Sim.

Bruno sabe que se beijá-la agora não irá parar até caírem exaustos. Era tudo o que queria, mas estava se sentindo mal por ter pensado nela como seu trabalho mesmo que suas palavras fossem verdadeiras. Até com um pouco de raiva de si.

- Desculpa, eu preciso ir, amanhã tenho tanta coisa no trabalho e.. Se ficar, acho que não vou embora nem tão cedo.
Ela sorriu sem vontade, mas entendeu o que ele queria dizer.
- Que pena, mas tudo bem. - Liv abriu um sorriso e abraçou Bruno. - Obrigada, adorei nosso encontro. E conhecer Lorenzo foi o melhor presente de aniversário de toda a minha vida. Você vai me contar todos os detalhes de como se conheceram
Ela deu um selinho, mas Bruno estendeu o beijo segurando-a próxima de si. O beijo foi ficando intenso quando ele conseguiu separar seus lábios dos dela.
- O que eu acabei de dizer?
- Ei, foi você que me segurou. - Ela se defendeu.
Ele sorriu.
-Boa noite, gatinha.
- Boa noite, vizinho.
Sem testar sua sorte, Bruno sai com a promessa de ligar ou aparecer para marcar o dia que ela conheceria seus pais.

***

Ao chegar em casa Bruno foi direto para o banho. Ficou muito mais tempo que o necessário embaixo do chuveiro tentando tirar Liv de sua cabeça, mas falhando miseravelmente. Já não podia mais negar. Estava encrencado até o pescoço. Devia se afastar de Olivia por enquanto. Dois dias e seus sentimentos já estão a flor da pele. Não faz sentido nenhum para ele essa bagunça dramática. Talvez distância seja a solução. O problema era se manter distante já que ficaria vigiando Liv praticamente o dia inteiro.
Saiu do chuveiro, secou-se e vestiu apenas uma bermuda larga para dormir. Olhou pela janela e reparou que as luzes da casa vizinha já estavam apagadas. Depois de se certificar que nada estava fora do normal deitou e após lutar com seus pensamentos gritantes e insistentes caiu no sono.

Durante a semana manteve o mínimo de contato com Liv. Dizia que estava enrolado com o trabalho pouco que conseguiam estavam se embolando na cama de Olivia. Infelizmente para ele aquilo não era suficiente. Viu-a apenas na terça e quarta e por pouco tempo.

Bom, na verdade ele a via sempre, mas entrou em contato apenas nesses dias. E mesmo sabendo tudo o que ela fez durante a semana, ficava louco para saber o que realmente passava na cabeça de Liv, o que pensava sobre ele ou como ela vê essa relação se desenrolando.

É... estava perdido.






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