A OFENSA

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Contratou um detetive para segui lá:

- Quero um relatório no final de cada dia, entendeu?

- Pode deixar, doutor. Pode deixar. - responde o detetive.

Segui a o tempo todo. Sem deixar escapar nada. Anotava tudo Tintim por Tintim. E no final do dia:

- Taqui, doutor. Tudo anotado.

- Ótimo. Amanhã a mesma coisa, certo?

O detetive não dava moleza mesmo. Com o caderninho na mão, fazia a vontade do doutor. A mulher nem sequer desconfiava. E nem tinha motivo para tal, pois nada fazia de errado, acho.

De manhã cedo ia levar os filhos a escola. Fazia compras pequenas na quitanda. Nada de suspeito. A tarde ia, as vezes, na manicure, outras na piscina tomar um solzinho ou mesmo bater um papinho despreocupado com as amigas do convívio. Mas o que ela não deixava de fazer era ir no cabeleireiro. Todo dia as cinco da tarde ia ao salão pentear o cabelo. O detetive estranhou. Após três dias de averiguação:

- O estranho, doutor, é que ela vai todos os dias ao cabeleireiro.

O marido também já havia reparado.

- Tudo bem. Seu trabalho está cumprido. - disse o marido, entregando o cheque ao detetive.

No outro dia, o marido resolveu averiguar pessoalmente. Colocou um vestido provocante da esposa, uma peruca loira, uma maquiagem no rosto e seguiu firme ao cabeleireiro. Chegou as quatro e meia. Na sala de espera, sentou se para aguardar.

- Menina! Você está horríveeellllll! - gritou o cabeleireiro. - Vamos dar uma reformadinha em você, já, já!

Levou o marido a um quarto no andar de cima e tentou seduzi lo:

- Vamos, meu bem, relaxa.

O marido já ia dar um sopapo no sujeitinho, quando a mulher entrou de sulpetão:

- Paulinho! Me traindo com essa bagulho!

Aí o marido se queimou de verdade:

- Pera lá! Bagulho não, minha filha! Eu ainda tô até bem conservadinha!

CRÔNICAS PARA LER E RELEROnde histórias criam vida. Descubra agora