- Pai. - disse a menina. - Vou me embora de casa!- O quê? Mas por quê, minha filha?
- Estou apaixonada. Vou morar com ele.
- Você quer dizer casar, não é?
- Não, pai, ele é separado. Não pode se casar até que saía o divórcio.
- Você ouviu isso? - disse o marido a mulher. - Ela vai se juntar com um vagabundo qualquer!
- Mas, meu bem. - falou a mulher. - Se eles se gostam, o que de mal tem nisso? O importante é a nossa filha ser feliz. Seja com quem for.
O pai se revoltou com a resposta da mulher. Acendeu um cigarro e falou:
- Só se for passando por cima do meu cadáver!
- Mas, pai...
- Nem mas, nem meio mas! E tenho dito! Não se fala mais no assunto!
A menina foi para o quarto chorar. A mãe foi atrás.
- Não fique assim, minha filha. Você sabe muito bem como é o seu pai. Atrasado, aquelas coisas!
- Então vou fugir, mãe! Saio de casa hoje mesmo.
- E o seu pai, menina?
- Deixo passar algum tempo. Depois ele se acostuma.
- Se é assim. - disse a mãe, com os olhos cheios de lágrimas.
Pela madrugada a filha arrumou as malas. Pé ante pé deixou a casa sem fazer nenhum ruído.
Algumas horas depois, ela voltou. Chorando alto, acordou o pai e a mãe:
- Filha! O que aconteceu, menina? E essa mala aí? - falou o pai, sem entender nada.
- Aquele desgraçado me paga!
- Mas, filha. - quis saber a mãe. - Você não ia morar na casa dele?
- Pois é, mãe. Mas o desgraçado já estava me traindo com outra. E na nossa cama! Na nossa cama!
Os três passaram a noite toda quietos. A filha chorando, a mãe sorrindo e o pai sem entender nada.
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CRÔNICAS PARA LER E RELER
HumorNesse livro todos os dias haverá uma crônica nova, divertida, engraçada, imprevisível, doida e muito legal de ler e reler.