Alcelina procurou o psicanalista. As três da tarde compareceu ao consultório. O doutor mandou a deitar se no divã. Acomodada, ela começou:
- Estou ficando louca, doutor.
- Normal, senão não teria me procurado. - respondeu ele friamente.
- Mania de perseguição, doutor. É todo dia assim. Quando saio de casa sinto aquela sensação estranha de que alguém está me seguindo.
- Continua. - disse o doutor, interessado no caso.
- Mas nunca descubro nada, doutor.
- O doutor ouviu a paciente pacientemente. Conversou mais um pouco e marcou uma nova consulta.
Durante uma semana, Alcelina visitou o psicanalista.
- Nada, doutor. Ainda sinto aquela estranha sensação.
O doutor acendeu um cigarro e falou:
- Seu caso é grave. Faremos novas sessões.
E assim foi durante um mês, sem o doutor conseguir resolver o problema.
A cada dia que passava, Alcelina se sentia mais deprimida, com a nítida certeza de estar sendo perseguida. Ao marido, nada falava. Não queria importuná lo. Mal sabia ele que todas as tardes Alcelina tinha hora marcada com o psicanalista.
No final do mês, o relatório estava pronto. O detetive particular telefonou para o marido da Alcelina.
- É isso mesmo, doutor. - fosse o detetive com convicção de caso bem solucionado.
- O que você está me dizendo?! - espantou se o marido.
- Sua mulher tem um caso com um psicanalista, doutor!
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CRÔNICAS PARA LER E RELER
HumorNesse livro todos os dias haverá uma crônica nova, divertida, engraçada, imprevisível, doida e muito legal de ler e reler.