A CARTA

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Logo que Hanna chegou em casa notou que estava sozinha, o que lhe permitia cuidar do ferimento sem questionamentos de seus pais, dirigiu-se até a dispensa e alcançou a caixinha de primeiros socorros que estava sobre o armário de portas metálicas, e faz um breve curativo com uma faixa imobilizando o ferimento. Os olhos de Hanna pesavam muito, seus últimos dias foram resumidos em lágrimas, tudo era sem cor e sem vida. Hanna dirigiu-se ao seu quarto e ao depositar seu celular sobre o criado mudo percebeu que ali estava uma carta, cuja não havia antes. Analisou o pequeno envelope preto e reconheceu o perfume que dele se exalava, aquele perfume que sempre ficava impregnado em suas roupas após os abraços de Taylor. Seus dedos tremiam, sua cabeça dava voltas, novamente seus olhos marejaram de lágrimas. Hanna sentou-se sobre sua cama e abriu o envelope.

"É minha linda, se você recebeu é porque certamente meu coração parou em algumas dessas curvas surpresas. Eu não voltarei nessa noite, não voltarei amanhã e nem nunca mais, você não verá mais eu te chamando de idiota em mensagens, muito menos pessoalmente, mas lembre-se que toda vez que assistir Alice No País das Maravilhas ou ouvir Raul Seixas eu vou estar por perto e você sentirá minha presença. esse seu duende sempre cuidará de ti, meu anjo.

Talvez chegue o dia em que você não lembrará mais de mim assim como todos pois ninguém é imortal. Acredite o ocorrido não foi um acidente, este meu coração não aguenta mais sofrer, as torturas no dia a dia me machucam cada vez mais profundamente.

Somos amigos de infância e tu sabes tudo que passamos juntos, sabes também que és a irmã que nunca tive. Tu és uma menina tão doce, transmite tanta esperança, mas esconde tanto sofrimento no olhar.

Desejo-te tudo de bom, embora nunca mais verás minha letra e não ouvirá mais minha voz não desista e creia que um dia nos encontraremos.

Um grande abraço, de seu eterno duende.

Taylor Mazeiro."

Hanna chorava desesperadamente, desejava aquele abraço, e sabia que o culpado de tudo era Steven, era ele quem lhe fez perder a inocência da infância, ele lhe causava medo, mas jamais ódio, Hanna acreditava que Steven a machucava apenas por estar machuca, pois era comum do ser humano ferir ao próximo quando se estava ferido.

O pouco que sabia de Steven era que sua filha fora terrivelmente assassinada e esquartejada aos 8 anos após um ato de abuso sexual e desde então jurou vingança pela sua filha.


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