Quando tudo começou

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2006

Era uma tarde de sábado, a família de Hanna estava montando o acampamento com alguns amigos próximos. No radio a pilha que alguém tinha levado a voz dizia que aquele era o segundo sábado mais quente do ano. Mas para ela tudo que importava era que estava fazendo calor o bastante para ficar o dia todo brincando no lago com seu melhor amigo. Tinha sido uma enorme sorte eles terem conseguido convencer a mãe do Taylor que era uma boa ideia acampar nele fim de semana. Imagina se ele tivesse perdido de estar com ela num dia tão perfeito para brincar e nadar a vontade. As outras crianças estavam brincando de subir nas pedras e se jogar na água, no entanto eles estavam apenas nadando, pois Hanna tinha medo daquela brincadeira, de se afogar, então Taylor resolveu não brincar também, jamais ele deixaria a melhor amiga sozinha. E todos sabiam que se ele quisesse ganharia a competição de salto mais alto, mesmo que estivesse com as mãos amarradas nas costas, sendo assim ele não tinha que provar nada a ninguém.  

Quatro famílias estão acampando ali naquele dia, todos eram amigos da família Albuquerque, e também estava um dos melhores amigos do seu pai, Steven, embora ele não fosse casado, nem tivesse formado família, ele sempre mostrou-se um homem bom, adorava crianças e sempre mimava muito Hanna, pois era muito próximo a garotinha. O pai dela sempre a ensinou a tratar o homem  como um tio, já que ele mesmo o considerava um irmão.

Hanna, como filha única  dos Albuquerque, sempre fora mimada pelos pais, mas isso nunca a impediu de ser uma criança muito independente, gostava de aventuras, de desbravar coisas com o melhor amigo. Alguns vizinhos  mais fofoqueiros diziam a sua mãe que ela não deveria deixar a garota andar pra cima e pra baixo com um garoto dois anos mais velho, pois ela estava crescendo, e ninguém sabe quais ideias e curiosidades podem surgir na mente de um garoto. Mas os pais de Hanna sempre tiveram Taylor como um filho, cuidavam dele quando a mãe o ignorava para fazer suas coisas, e eles sabiam que ele tinha a garotinha deles como uma irmã menor, e tudo que fazia era protege-la a todo instante. Naquele fim de semana Hanna pediu aos pais para deixar que ela dormisse sozinha com o Taylor em sua barraca, os pais permitiram sem problemas, mas a mãe do garoto disse que ele tinha insistido muito para que ela fosse para aquele lugar, então ele teria que ficar com ela na barraca. Diante disso os pais da garota quiseram voltar atrás, mas ela insistiu que queria mesmo assim dormir em sua barraca, tinha sido um presente da madrinha, e ela queria usar. Os pais acabaram cedendo, e ela ficou imensamente feliz. A barraca foi montada mais próximo ao lago, um pouco afastado da barraca dos pais de Hanna, porque todos lugares próximos estavam ocupados pelas outras barracas, e ela gostou porque assim poderia ouvir o barulho da água batendo nas rochas, ela adorava esse barulho.

Quando o relógio marcou vinte e três horas todos já tinham se recolhido as suas barracas, pois no cair da noite o vento começou a ficar mais gelado e forte, e eles cansados do dia de diversão. O lugar oferecia o mínimo conforto, como todos acampamentos podem oferecer. Não demorou muito e todos já estavam dormindo em suas respectivas barracas, com exceção de Steven que não sentia nenhum resquício de sono enquanto repassava mentalmente o plano que vinha bolando desde que o amigo tinha o convidado para o acampamento. É bem verdade que a garota facilitou muito para ele, mesmo sem querer,  quando decidiu dormir afastado dos outros. Inicialmente ele tinha pensado em leva-la fazer uma trilha apenas com ele, e lá ele colocaria o plano em ação. Mas agora ele só teria que tomar cuidado para não fazer barulho, isso ele poderia fazer. De dentro de sua barraca ele podia ouvir os roncos e ressonar dos outros nas barracas próximas. Então levantou-se  calmamente, espiou o lado de fora, não havia ninguém por ali. Saiu devagar da barraca, tudo estava bem silencioso, se vozes, apenas barulhos de animais noturnos, e roncos de homens. Ele foi com todo cuidado se aproximando da barraca de Hanna, seu coração estava acelerado, palpitante, a  adrenalina fazia com que ficasse atento a tudo a sua volta, sentiu alegria quando chegou e viu que uma grande arvore escondia a barraca do restante do acampamento, era perfeito. Espiou  dentro e viu que ela dormia feito um anjo, fez um pouco de barulho quando entrou, e logo Hanna despertou-se:

-Tio Steven, tu está com medo dos grilos?- perguntou a inocente garotinha que sete anos. Steven rio baixou.

-Como podes ser tão ingênua menina?- sussurrou Steven.

-O que é ingênua?- Perguntou Hanna curiosa.

-Tu gosta de mim, Hanna?- perguntou Steven e Hanna apenas concordou balançando a cabeça. Enquanto ele ouviu um barulho do lado de fora.

- Tem medo do barulho da água nas pedras também?

- Não, não tenho…

- Assustou com ele.

- Você diz que gosta de mim… Então fique quieta!- Ordenou Steven, tirando o shorts lilás que a menina vestia, Hanna tentou evitar, mas ele era mais forte que ela.

- Tio Steven, porque está fazendo isso. Mamãe disse que não posso deixar.

- Você também não pode evitar. Não ouviu o que eu disse? - Ele pôs o dedo indicador direito sobre os lábios - Fique quieta!

- Tio, não faça isso, por favor -  Mesmo sem entender o porque do homem estar tirando sua calcinha, ela pressentia que nada bom aconteceria ali - Por favor, eu só quero dormir.

- Não seja boba, sei que quer isso tanto quanto eu, ou pensa que não percebi todas as vezes que se insinuava para mim quando eu ia em sua casa, e hoje mesmo com aquele biquininho minusculo.

- Tio, por favor, eu estou com sono, posso dormir. - Ela começou a sentir seu desespero se transformar em lagrimas que escorriam pelo seu rosto.

- Você fala demais… Está com sono? Espera ai! - Steven pressionou contra o pequeno nariz chato da menina um pano com clorofórmio, o que causou um desmaio repentino na garotinha.

No dia seguinte após voltar do acampamento Hanna estava muito quieta e não desgrudava de seu ursinho de pelúcia, evitava as pessoas, não quis se alimentar durante o dia todo. Era como se o colorido do mundo tivesse se perdido, as conversas animadas e cheia de alegria não lhe chamavam atenção. Toda aquele felicidade a sua volta, e ela sentia que nada daquilo tinha sido feita para ela. Ela se sentia estranha e muito suja, não sabia ao certo o que tinha acontecido, mas sentia que uma parte dela tinha sido tirada pela pessoa que tinha aprendido a amar como sua família.

Depois de chegar em casa, ela confidenciou para Taylor, que era a pessoa que mais confiava na vida depois de seus pais, e que para quem contava tudo. De alguma forma ela sentia que não poderia contar aos seus pais, era como se eles não fossem mais gostar dela, se contasse. Mas Taylor ouviu, entendia melhor o que tinha acontecido, explicou para ela, e chorando prometeu acabar com aquele homem. O garoto começou a pensar em um modo de se vingar, mas era apenas uma criança de nove anos, e de alguma maneira Steven soube que Hanna havia contado tudo para Taylor, e percebeu que precisava tomar providencias pois logo as crianças acabariam contando para algum adulto. Foi quando ele decidiu começar a perseguir Taylor e Hanna. Ele os maltratava e os torturava psicologicamente ameaçando as famílias. E assim os anos passaram eles acuados por um mostro em pele de bom moço.

Os pais de Hanna jamais desconfiaram de algo,  então sempre Steven chegava e dizia que precisava da garota para ajuda-lo com alguma compra, ou que precisava que ela fosse arrumar o computador dele, já que não entendia nada disso, eles mandavam ela ajudar o tio Steven. Mas Taylor estava sempre atento, sabendo que esses passeios era apenas um meio de ele assustar os dois, e mostrar que poderia fazer o que quisesse, inclusive permanecer abusando da garota. Algumas vezes ele fazia machucava os dois em lugares que ninguém veria, outro artificio para controla-los. E eles continuavam acuados diante de ameaças contra eles, e suas familias.

Steven sempre permaneceu como amigo da família de Hanna, e nunca deixou de frequentar a casa dela.
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Capitulo editado

@rodrigox5504

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