Capítulo I

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-Kevin acorda!- gritava a minha mãe, abrindo as cortinas e eu sentindo uma grande coluna calorosa.
-Já vou!- dizia eu pondo a almofada na cabeça, protestando.
-Daqui a uns minutos o teu pai, vai te levar para a estação, se não te despachares, vais perder o comboio.

De repente sinto a agressiva mão da minha mãe dando um estalo na perna.

-Levanta-te seu preguiçoso...

Levantei-me e fechei-me na casa de banho a fazer a minha higiene pessoal. Bem vocês não sabem que criatura sou eu portanto vou apresentar-me....
Sou o Kevin, tenho 17 anos vivo em Coimbra e hoje vou ao Porto, ver a minha casa onde vou morar. Os meus pais com muita dificuldade estão a comprar aquela casa, pois somos uma família muito pobre. O único salário que há na casa é o da minha mãe. O meu pai não trabalha, ajuda pouco em casa, quando tem vontade faz sexo com a minha mãe, e passa o dia a beber cerveja. A minha mãe tem 52 anos e trabalha numa fábrica têxtil. Ela já não aguenta tantas bocas pra alimentar pois em casa somos 8 pessoas. A mãe e o pai da minha mãe, a mãe do meu pai, os meus pais, eu e os meus irmãos. Peter de 24 anos e a Mariana de 16 anos. Os meus pais foram emigrantes em Inglaterra, foi lá onde eu e o Peter nascemos. A minha mãe sofre de uma depressão, na minha casa há muitos episódios de violência, como baterem nela, o meu pai e o meu avô. Eu detesto isso, com o tempo a minha mãe também começou a ficar agressiva por isso é que o meu irmão saiu de casa e foi viver com a sua namorada que atualmente está grávida. Ele só fala comigo e com a minha irmã, ele diz que nós é que somos a sua única família, incluindo a sua mulher e o filho que vem a caminho.

Depois de me despedir da minha irmã que eu adoro, fui ter com o meu pai que me esperava no carro, super velho que eu até tinha vergonha de lá entrar com medo que os outros gozassem... Depois, chegámos à estação e estavam muitos jovens lá, porque iam fazer as suas candidaturas para ver se conseguiam ou não entrar na Universidade. Sai do carro e uma rapariga que estava com um grupo, que na minha escola eram os "superiores", dirigiram-se a mim...

-Nunca vi uma pessoa tão nojenta, como tu!- dizia ela com repugnância.
-O que é que tu queres?
-Sabes Kevin, só a tua existência já me irrita...

Continuei o meu caminho porque queria ignorá-la e estava quase a perder o comboio. Um dos seus amigos pôs-se à minha frente.

-Lá porque tu és gay, dá-te liberdade para fazeres o que quiseres?- disse o rapaz ligeiramente irritado com a minha atitude.
-Mas, vocês não têm mais que fazer do que me andarem a chatear? Deixei-me em paz!- empurrei o rapaz que se tinha metido à minha frente e corri, com medo que ele viesse atrás de mim.
O comboio com destino ao Porto, estava cheio de população jovem. Sentei num local onde não tivesse que enfrentar nenhum destes indivíduos, pois conhecia a maior parte deles e chamavam-me de "princesa" coisa que eu detestava. Principalmente os rapazes adoravam provocar-me. Não sei porquê, mas via sempre a cara deles com prazer ao me chamar disso. O comboio estava tão cheio que haviam poucos lugares vazios, então um rapaz que devia ser um bocadinho mais velho que eu, sentou-se ao meu lado. Não disse nada, calmamente comecei a olhar pra ele e a analisar todos os seus traços. Não dava pra analisar bem o seu corpo pois ele estava com muita roupa, por isso discretamente continuei a minha análise. Ele tinha um cabelo claro, cara redonda muito perfeitinha, olhos castanhos. Sinceramente não houve nada nele que me chamasse muito à atenção. Não é que ele fosse feio, era normal, um rapaz como outro qualquer, não teve nada que me impressionasse.
Quando cheguei ao Porto eram 14h, calmamente fui andando até ao endereço que o meu pai me deu. A casa ficava numa rua de calçada, não parecia ser muito moderna, vista por fora. Toquei à campainha e de lá respondeu um senhor...

-Quem é?
-É o Kevin Sampaio... Os meus pais devem ter falado de mim...
-Sim, sim estava à tua espera. Entra!- disse o senhor com simpatia e abriu a porta.

O elevador estava avariado e o apartamento ficava no 8° andar. Quem é que merece isto? Arranjei coragem e subi aquelas escadas todas até chegar à casa que ficava no último andar. Um senhor velho devia ter os seus 70 e tais anos abriu a porta...

-Olá Kevin, entra, entra!- acolheu-me o senhor.
-Obrigado!- agradeci.
-Fizeste boa viagem?
-Sim, sim!

Ficamos ali um tempo sem nos falarmos e eu não estava a perceber pq é q o senhor não me estava a mostrar a casa...

-Olhe, desculpe?- o senhor vira-se na minha direção- Estamos à espera do quê?
-Do teu colega...
-What the fuck, que colega?- pensei- Colega?- disse.
-Sim, os teus pais não disseram que vais dividir o apartamento?

Olá gentinha, este é o meucapítulo! Em breve viram muitos mais! Espero que tenham gostado se quiserem comentem, votem por favor e obrigado por estarem a perder o vosso precioso tempo no Algemados.
Desculpem se encontrarem algum erro.

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