Capítulo IV

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Fui buscar uma esfregona e um balde e limpei aquele quarto de ponta a ponta. Fui para a sala onde o David continuava todo espalhado nos novos sofás de t-shirt, boxers e o cabelo todo desarrumado. Cada vez que via o David daquela maneira excitava-me. Ele era bué à vontade, muito estúpido, muito autoritário, muito tudo. Mas pronto a partir de hoje vou ter de viver com ele.
Depois de pôr tudo em ordem, sentei-me no sofá a 50 000 000 km de distância do David. Estaria tudo perfeito se ele não cá estivesse. Comecei a ver que a hora de almoço já se aproximava...

-O que é que vamos almoçar?
-O que é que TU vais almoçar. Eu já tratei do meu almoço.
-Pronto, já percebi que nesta casa é cada um por si.
-Afinal és mais inteligente do que eu pensava.

Dirigi-me à cozinha e como também não sou um mestre na cozinha, fiz qualquer coisa que me pusesse satisfeito. Fui ao armário, tirei massa, no frigorífico tirei fiambre, queijo, bacon. Abri a panela, e depositei água. Vi uma lata de cogumelos por acaso e juntei juntamente com os outros ingredientes à massa. De lá saiu para o prato massa com fiambre, queijo, bacon e cogumelos, só faltava experimentar.
Estava agradável, não é nada digno de um óscar, mas está comestível. Abri uma garrafa de Somersby que se encontrava no frigorífico e comia o meu prato na cozinha sozinho. Tocam à campainha...

-Eu vou!- gritou o David da sala.

Vejo depois ele a passar com uma pizza na mão. Se eu fosse suficientemente esperto, também encomendava uma pizza. Voltei para o meu quarto, fechei a porta sempre o com o aviso dizendo "NÃO INCOMODAR!" e depois em letras pequeninas. "só se a casa estiver a arder :D". Lá dentro estive a refletir, agora como vivo por minha conta, tenho que arranjar dinheiro em algum lado. Sim, estava a pensar em arranjar emprego para estas férias, até entrar na Universidade. Não sou uma pessoa nada social, não tenho amigos, todos os da minha antiga escola me desprezavam, por eu ser gay. Os meus únicos amigos eram os meus irmãos pois como já contei o meu pai batia-me e a mãe também, mas com menos frequência. Os meus avós, também não querem saber de mim pra nada, nem sequer no Natal, dizem que eu me porto mal, que eu tenho que mudar de atitude (ou seja eles querem q eu deixe de ser quem sou).
Sentei-me na minha secretária onde tinha um computador já velho, que já nem funcionava muito bem. Mas, eu sou pobre, não tenho dinheiro para comprar outro, quem sabe outra altura. Passei lá horas à procura de trabalhos que me aceitassem com 17 anos (quase 18), mas os poucos que eu encontrei diziam ou que a vaga já tinha sido ocupada ou que já não precisavam. Pensei em ligar para a minha antiga gerente de loja do MacDonalds em Coimbra...

-Rita Correia, boa tarde!
-Olá Rita!- disse com entusiasmo.
-Com quem estou a falar?- respondeu ela não me reconhecendo.
-Kevin Sampaio.- disse com a mesma seriedade que ela falava.
-Ahhh! Kevin, que saudades! Como estás?- respondeu ela finalmente me reconhecendo.
-Estou ótimo, e tu?
-Muito bem também, desculpa estar a falar daquela maneira, mas como ligaste para o meu telemóvel de empresa, pensei q fosse um telefonema importante.
-O meu telefonema não é importante?- disse fingindo que estava triste.
-Oh! Claro que foi, tu percebeste!
-Bem, então é assim, eu liguei-te pois estou à procura de emprego e como já trabalhei aí queria saber, se precisam de pessoas.
-Aqui em Coimbra, não precisamos de ninguém, cá a cadeia está toda cheia. Há vagas, mas ficam muito longe.
-Eu já não vivo em Coimbra, vivo no Porto. Há cá disponibilidade?
-Deixa-me ver...

Fiquei uns minutos à espera..

-Temos uma vaga!
-A sério?- perguntei surpreendido.
-Sim, queres que fale com o gerente?
-Quero, por favor!
-Ok, se ele concordar ligo-te a dizer o dia em que começas.
-Obrigado, Rita!- agradeci.
-Sempre às ordens!

Depois de falar com a Rita comecei a saltar na cama gritando " yes, yes, yes!". Enquanto saltava, virei-me para a porta e estava David a olhar pra mim a tentar não se rir.

-Não viste o aviso na porta?
-Eu bati à porta mas como não respondias, tive que entrar. Posso saber o motivo? A princesa arranjou um príncipe?
-Primeiro, não me voltas a chamar isso, segundo, não tenho que te dar satisfações sobre a minha vida e terceiro, qual é a razão por teres entrado no meu quarto?
-Tens ali uma gaja toda boa, que quer falar contigo.

Quem será?

-Kevin!- vem a irmã correndo para os meus braços.
-Mariana, como estás?
-Estou, bem tirando o facto de estar exausta por ter subido tantas escadas.
-Ya, é um bocado mau, ainda por cima estamos sem elevador.
-Então vais apresentar-me o teu amigo? Vocês são...- ela nem acabou a frase porque eu não deixei.
-Não, Mariana Sampaio, não digas mais nada. Somos apenas colegas de casa. Mas eu apresento-te... Mariana é o David, David é a Mariana. Estão apresentados!
-David Barbosa ao seu dispor!
-Menos, muito menos.- disse eu.
-Como é que tu aguentas?- perguntou o David à minha irmã.- Só vivo com ele desde de manhã e estou farto dele.
-Também estou farto de ti, não te preocupes.
-Ele é fixe.- disse a Mariana.
-Ui!!- respondeu ele.
-Vamos acabar com esta conversa desnecessária. Vou-te mostar a casa.

Mostrei a casa à Mariana e ela ficou espantada, com tudo....

Mais um capítulo, espero que estejam a gostar. Continuem a ler votem e comentem sobre o que estão achar, mas que sejam comentários menos positivos.
Obrigado!
Bjs a todos!

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