Capítulo II

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-Não, desconhecia essa parte.

Tocam à campainha.

-Parece que ele chegou!- disse o proprietário da casa contente.

Esperava que a casa fosse só pra mim, não percebo porque é q os meus pais não me avisaram. Mas, pronto fiquei ansioso, queria saber quem é que iria ser o meu colega de casa. Passado cerca de um minuto aparece o rapaz do comboio que estava ao meu lado.

-Kevin...- disse o senhor- Este é o David!

Com alguma timidez dei-lhe um aperto de mão. Ele estava com um ar um bocadinho arrogante e autoritário. Por fim o senhor começou por nos apresentar a sala, era uma sala relativamente grande, já estavam com sofás, um móvel para colocar a televisão, uma carpete velha que eu pretendia pôr no lixo. A sala era muito bem iluminada, pra mim isso já era um avanço. Depois fomos para a cozinha que também já estava toda equipada, já com o frigorífico, a placa, o forno, o microondas essas coisas todas. A casa tinha 3 quartos, mas um foi destruído para fazer uma casa de banho privativa. O quartos estavam vazios, mesmo sem nada. Por último fomos ver a casa de banho que também era relativamente grande com banheira hidromassagem, deviam caber umas 5 pessoas lá dentro. Como o apartamento ficava no último andar tínhamos um terraço, que tinha um chapéu para proteger do sol, relva artificial, três espreguiçadeiras e uma piscina que naquele momento estava coberta.
Voltámos para o hall de entrada e o senhor despediu-se de nós. A partir do momento em q o homem saiu de casa não se ouvia nem sequer uma mosca.

-Ficas tu com o quarto sem casa de banho- disse ele.
-Porquê?
-Pq quero e pq posso.
-Ouve lá...
-Puto, não percebeste? Eu no quarto grande, tu no quarto pequeno.

Mas quem é que ele pensa q é? Tive vontade de lhe esmurrar todo naquele momento, mas controlei-me.

-E não penses q vamos ser amigos, princesa.- disse ele com um riso maléfico no final.- Isso está muito longe de acontecer!- reforçou.
-Olha, antes q aconteça merda eu vou-me embora.- disse-lhe, batendo com a porta na sua cara.

Comecei a caminhar para apanhar de novo o comboio para Coimbra. De certeza que o David só viria para a nova casa quando começasse a Universidade, ou não, nem sei que idade é que ele tem, nada vou morar com um desconhecido em casa. Se tudo correr como espero amanhã mudo-me para a casa nova. Assim estou uma temporada sozinho, bem que preciso. Pôr as minhas ideias no lugar, preparar-me psicologicamente para conhecer novas pessoas, talvez arranjar namorado. Acho que já devem ter reparado, com certeza, até por causa da minha análise do David no comboio. Pronto eu descobri não foi há muito tempo. Foi à cerca de um ano, as pessoas perguntavam-me porque é que eu não tinha namoradas, tinha uma vida pouca ativa na emocional. A única vez em que eu tive uma namorada foi no infantário tinha uns 5 anos, mas nessa idades são brincadeiras nada de mais, ninguém namora a sério ao 5 anos. Depois criei um Facebook falso, pq não queria me expor, estava com medo que alguém descobrisse, para confirmar as minhas dúvidas, pq pelo o facto de eu não gostar muito de raparigas,  sentia-me pouco atraído por elas, ao contrário dos rapazes que os giraços da minha escola que passavam ao meu lado eu derretia-me nos pensamentos com eles. Mas não me aceitava como homossexual na verdade. Criei como disse um Facebook falso e comecei a entrar em grupos gays do Facebook e a falar com rapazes. Estava gostar imenso da sensação que aí comecei a perceber que era mesmo o que "gostava". Depois nessas conversas encontrei um rapaz que na altura pareceu-me ser giro e era muito amoroso comigo. Pedi-lhe em namoro ele aceitou e sem nos conhecermos sem nunca nos termos visto namorámos e trocávamos de mensagens a toda a hora. A minha mãe começou a achar muito estranho e um dia pegou no meu telemóvel e leu a mensagens todas. Ela descobriu, e durante algum tempo não falávamos muito não hesitou em contar ao meu pai, que quase me partia a boca toda. O Peter é que o impediu. Na altura eu tinha dois números um com mensagens grátis que era descartável e o meu n° que toda a gente tinha, amigos, família etc... Depois a minha mãe fingiu que era eu e começou a mandar-lhe mensagem amorosas para ele pensar que era eu. Mais tarde a minha mãe mandou aquele telemóvel para o lixo e nós tivemos que acabar. A partir daí nunca mais tive um namorado, ainda com 17 anos sou virgem. Não consigo gostar mais de ninguém desde aí.
Depois de ter chegado a Coimbra, calmamente vim para casa, sem vontade nenhuma. Estou farto da merda família que tenho, a minha única família são os meus irmãos, que me protegeram, sempre das porradas que levava do meu pai. O Peter já ameaçou uma vez a minha mãe que lhe retirava a guarda se o meu pai não parasse com estas agressões. O meu pai no último ano tem parado com isso.
Entrei em casa, cumprimentei a minha irmã com um beijo, os outros de passagem. Fui para o quarto e comecei a fazer as malas. Durante as férias de Verão do ano passado estava a trabalhar no McDonalds e consegui um dinheiro que tinha guardado para a Universidade, mas tive que usar alguma parte para pagar o Camião das Mudanças, que nem isso os meus pais tinham dinheiro para fazer.

Eram cerca de 5h da manhã, quando o meu iPhone começou a tocar...

-Estou?- disse ensonado.
-Estou, fala o Kevin?- respondeu o senhor do outro lado.
-O próprio, de que é q precisa?
-Estamos aqui à porta da sua casa, para começar as mudanças.

Quando ouvi as palavras "começar as mudanças", saltei logo cama e vesti umas roupas que pra ali estavam e fui a correr para a porta. Eu esqueci-me de pôr o despertador, queria sair daquela casa bem cedo.

Parece que o nosso amigo Kevin está de saída da sua casa, quer dizer da casa da sua família.
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