Universo 1
- 2052 -
Todo o mundo apenas falava de um assunto.
O desaparecimento de Aiden.
Ou como os jornais e outras mídias de informação preferem: "O fracasso temporal". Ross se mostrava inquieto. Andava de um lado para o outro com passos pesados e mexendo em seu cabelo, que antes era posto para trás sem nenhuma mecha fora do lugar, feito em gel com um cheiro esquisito de álcool e aromatizante de carro. Os fios, agora desordenados, passeavam entre seus dedos trêmulos. Seu cabelo bagunçado completava sua aparência preocupada. O homem nervoso sentou na poltrona vermelha reclinável em frente a sua mesa de madeira. Se jogou e deitou como se a poltrona fosse o abraçar e o acolher com braços de enchimento fofos e quentes.
A porta do escritório que já havia sido concertada 3 vezes só naquela semana, precisava mais uma vez de alguns apertos nos parafusos, pois caiu ao chão fácil após o Sr. Collins entrar com toda sua arrogância e brutalidade. Para Ross a porta deitada em cima do piso branco passou despercebida - apesar do barulho estrondoso - aquilo era a última coisa que iria dar importância.
- É verdade o que todos aqueles vermes estão dizendo?! - falou ao se aproximar da mesa. Ross se encolheu de medo na poltrona, engoliu o seco que desceu rasgando pela sua garganta e passou os olhos por todo o grande homem à sua frente. - Me responda! Já!
- É-é sim, sen-senhor. - sua voz saiu falha e as cordas vocais tremeram. Um pingo de suor deixou seu rastro molhado enquanto descia na lateral de seu rosto.
- Como isso pôde acontecer?! Me responda Ross! Como?! - o homem de terno com um charuto não aceso na boca, andou até Ross e o puxou pela gravata já um pouco folgada. Collins o jogou no chão e sentou na poltrona, fazendo movimentos para trás. Não tinha gostado daquela coisa velha que rangia, mas mesmo assim permaneceu sentado.
Ross se levantou com um pouco de dificuldade e as pernas bambas. Andou para frente da mesa e tirou seu palitó o jogando em algum canto da sala.
- Ele foi imprudente, Sr. Collins. - começou a falar tirando a gravata do pescoço e a jogando acompanhado com o olhar sua trajetória até o chão - Mas não foi culpa dele. Muita pressão em seus ombros. Todos acharam impossível, ele só queria provar que estava certo. O senhor conhece o garoto, ele sempre foi assim.
- Aquele pestinha... Quando ele voltar...
- Se ele voltar - a expressão do grande homem mudou. Dúvidas encheram sua cabeça e a ideia de ter pedido o filho mais jovem não saia de seus pensamentos, mas a raiva continuava ali.
- Se? - repetiu o homem.
- Até onde sabemos Aiden era pra ter voltado uns 3 ou 5 minutos depois dele ter viajado 20 anos no futuro. O tempo é complicado, mas o menino entendia da coisa e podia voltar até segundos depois. Já fazem 16 horas. - disse Ross num tom triste. Fechou os olhos e por um momento imaginou Aiden, ali do seu lado. Uma alegria instantânea e uma boa sensação de tranquilidade o invadiu. Então, abriu os olhos novamente.
- Mas então por que não voltou?
- É isso que queremos descobrir. Estamos trabalhando para achar o porquê e a solução. - Ross puxou uma cadeira branca barata e não tão confortável quanto a poltrona, na verdade, a cadeira se quer chegava a ser confortável.
- Aquele projeto de humano! Eu vou mata-lo quando ele chegar aqui... - disse Collins puxando um isqueiro prateado do bolso da calça e acendendo o charuto suíço marrom - Traga-o de volta apenas pra leva-lo ao passado e o trancar lá! Imprestável. - tragou o charuto e soltou a fumaça um tempo depois - Sabe quantos milhões investi nesse Instituto? Nessa pesquisa... estúpida! O menino merece o nome que estão dando a ele... fracasso temporal, estou certo?
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Paradoxo
Science FictionTudo começa em 2052. Foi aberta uma coletiva de imprensa para anunciar a criação da primeira máquina do tempo. Uma coisa que antes todos achavam praticamente impossível. Em um ato involuntário, Aiden Jay Collins, criador da máquina, planeja viajar...