08 • O Futuro

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Especial - Universo 2

- 2066 -

As vezes Ross se pergunta: se eu fizesse tudo diferente, acabaria pior ou melhor do que eu estou agora?

É uma pergunta velha. Acho que quase todos já tiveram essa pergunta rodando nos pensamentos mais loucos. É claro, se não estiveram em um tempo bom. Se por acaso estiver feliz, não desejaria outra coisa, pois já está satisfeito, acredita ele. Uma conclusão lógica. Se estiver em uma fase ruim, onde tudo o que domina sob seu corpo é a plena dor, então faz a pergunta: se eu pudesse escrever tudo diferente, onde eu estaria agora?

Quando se faz a pergunta automaticamente vem as possibilidades de outros futuros. É claro, as possibilidades se formam baseadas ao estado atual, tentando sempre melhora-lo.

Nesse momento Ross se pergunta: se por acaso não aceitasse Aiden no Instituto?

Ele poderia sobrepor o pai, fazer o que queria, e não a máquina do tempo que destruiu, bem, o próprio tempo. Era no que Ross mais pensava. Impossível não pensar, aquilo era um caos!

Ross não se culpa. Ele apenas trás com sigo a dúvida: e se?

O holograma da televisão de tela plana pula do pequeno aparelho refletor até a visão de Ross, que depois de 10 anos não é a mesma. Ajeitou os óculos e esperou que o cara de terno do programa anunciasse a mais genial das ideias. Aquilo pra ele era familiar. Riu com semelhança entre os tempos. Pensou se naquela entrevista de porte muito maior do que à dele em 2052, pudesse também dar errado. Seria extremamente gratificante e um salve para o tempo, porém isso não é possível. Se fosse, The Beatles não lançaria centenas de álbuns em 2056.

Uma mulher alta e magra entrou no palco como uma "cobaia". Era de pele branca e de aparência asiática; com cabelos um pouco acima do queixo, lisos e negros; olhos redondos, pequenos e puxados, cor de chocolate. Era bonita. Por um momento Ross teve pena por ela ser o primeiro teste em humanos.

Isso é crueldade com um ser tão gracioso - pensou.

Esse pensamento logo escapou ao ouvir os passos de Eddi pelo chão de madeira do apartamento de Lia, o qual ele tomou posse depois que ela foi para 2072 e nunca mais voltou. Eles prometeram ver o teste da máquina juntos. Ross não lembra quando a pequena menina cresceu tanto, 18 anos agora, e linda como a mãe. Desde do falecimento de Anely, os dois cada vez estavam mais próximos. O pai prometeu cuidar dela quando o câncer tomou a vida da querida esposa. Eddi tinha 11 anos. Ainda era inocente e não entendia da vida. Foi difícil. Triste. E completamente vazio. Como se a vida apenas fosse um eco distante de uma melodia que um dia, à muito tempo, foi harmoniosa.

- Quer pipoca pai? - a voz de Eddi era assustadoramente igual à da mãe, fina e baixa. A música preferida do Ross. Bom, era.

- Não, estou bem. - aquela frase tinha vários sentidos, e na maior parte deles, o que dizia era mentira.

Eddi o olhou em consolo, sabia que não tinha superado a morte da esposa, e também sabia o que Ross disse não era verdade, mas preferiu não tocar no assunto, apenas sentou no grande sofá branco ao lado do pai e o abraçou forte.

- Vai começar! - anunciou Eddi tentando chamar a atenção do pai para "o plano físico". Ross só balançou a cabeça. Não estava ansioso com aquilo, sempre soube que era um erro. Mas ele tinha Aiden, Tayler, Mika e a filha que nunca retornou, Lia, e eles vão concertar o tempo.

A mulher coreana tinha ao seu lado o suposto criador da máquina do tempo, Taishan Mioko. Ele sorria abertamente e isso fazia com que seus olhos se fechassem completamente. O bracelete prateado era exatamente igual ao projeto de Aiden. O mesmo formato e o mesmo botão, mesmos funcionamentos. Assim é fácil, tinha em mãos todos os cálculos e projetos de anos de trabalho que pertencia à outra pessoa.

A mulher depois de muitas perguntas respondidas sobre sua coragem imensa, foi surpreendida com uma dúvida de alguém que a câmera não deu a devida importância: "para que época vai viajar?"

A coreana - titulada como Nash -, sorriu abertamente como se esperasse aquela pergunta toda a entrevista/teste. Ela, com toda graça e sua voz linear livre de qualquer rastro de nervosismo respondeu:

- Vou salvar os Beatles.

Uma música da "atualidade" produzida pela nova versão dos Beatles começa a tocar pelos alto falantes do auditório. Taishan entrou no microfone sem a menor educação e com um sorriso respondeu mais explicitamente:

- De acordo com meus cálculos, The Beatles não iria existir hoje se minha querida esposa...

Ele vai "sacrificar" a própria esposa - pensou Ross indignado.

- ... não voltar e mudar o curso da história!

Todos aplaudem e gritam em comemoração.

Ele sabia. Sabia que em 2056 não existia os Beatles antes de alguém voltar e os salvar. E por isso sabe que tem que renovar o curso da história recriada.

Será que alguém tem um mínimo de inteligência e falar que aquilo é errado? Cadê os físicos de verdade nessa entrevista!? - os pensamentos de Ross gritavam mas ele se mantinha inerte no sofá.

Nash, então, aperta o botão e sussurra algo que nem o microfone da entrevista/teste consegue captar. Antes do branco a engolir por completo, grita algo mas sua voz sai como um eco distante:

- Se eu conseguir, essa música ainda vai continuar tocando...

3 minutos depois ela volta. E
Beatles ainda está tocando.

- A máquina já está à venda! - gritou Taishan abrindo uma garrafa borbulhante em completo ânimo.

E foi assim que o tempo começou à se despedaçar.

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Oi

Motivo do meu atraso: Carnaval.

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Mas então, apesar da demora, aqui o capítulo 8, primeiro "especial". Ocorre 10 anos depois de 2056. Taishan, o cientista na época não quis que Ross trabalhasse com ele e meio que "despediu", é claro, não sem deixar uma chantagem - se Ross abrir a boca, ele mata Eddi -. Mais dúvidas, comentem e eu respondo o mais rápido que puder.

Até o próximo Amoras!

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