Especial - Universo 1
- 2045 -
Tudo ocorreu rápido demais.
A grande casa que fora deixada para o bom consumo de um Aiden de 16 anos foi fechada por ele ao sair pela porta. O garoto segurando uma caixa de papelão e uma mochila pesada nas costas, respira o ar frio de Londres ao entrar em contato com a atmosfera pesada de pessoas cinzas e infelizes.
Ele pisa seus tênis brancos e desamarrados na calçada recém molhada pela chuva fina que caíra mais cedo e começa a caminhar até o Instituto que seu pai o inscreveu. Andava o mais lento que podia, não queria chegar lá, mesmo que tenha acordado essa manhã pra isso. A verdade era que no meio de uma família de cientistas, queria lecionar literatura, mas o menino não nasceu com o livre arbítrio que a maioria das pessoas tem. Pelo menos a liberdade de escolher o que vai fazer o resto da vida.
Pensava em maneiras diferentes de falar para o pai que não queria aquilo.
Esse é o problema: Collins já sabia disso.
Há anos, quando o menino leu seu primeiro conto, seu primeiro romance e se viu de cara com o "ser ou não ser". Mas pra Collins não tinha a questão. Era "ser o que eu quiser ou ser o que eu quiser".
Regime bruto de uma anarquia reformulada aos tempos modernos.
Só tinha o tempo de caminhada de 5 quadras para escapar. Escapar da vida que até agora não parecia ser sua.
Agora 4.
E mais um pouco 3.
Tudo ocorreu rápido demais. Tudo ainda está ocorrendo rápido demais.
E logo se viu em frente à porta marrom.
Aiden respirou fundo e se aproximou da campainha.
- Er... Aiden? - o garoto ouve uma voz atrás de si e se vira bruscamente.
Observa o rapaz e a garota se aproximarem devagar e hesitantes. Aiden apenas esperava em pé, sem mover um músculo. O que quer que seja, o homem sabia seu nome.
Eles eram jovens, mas não como um adolescente igual Aiden. Ambos pareciam cansados. Olheiras profundas e escuras, a pele pálida e os olhos caídos. A menina estava atordoada, mas mesmo assim não perdia sua beleza. O garoto, bem mais alto que a menina, mantinha a mão entrelaçada a dela a trazendo junto pra si enquanto subia os degraus da pequena escada.
- Sou o novo assistente do seu pai - a voz do homem falhava entre os suspiros que dava, talvez tenha corrido até aqui - Ele me mandou te entregar isso.
O rapaz se aproxima o bastante e estica o braço até Aiden. Em sua mão um caderno de capa dura branca repousa, e o garoto o segura forte como se a qualquer momento outra pessoa fosse o roubar. Aiden observa o caderno em dúvida se poderia aceitar. Notou uma pulseira prateada no pulso do rapaz e um corte na palma da mão que escorria o sangue grosso e vermelho.
- Por que? - Aiden perguntou pegando o caderno e o rapaz relaxou os músculos. A garota dos grandes olhos castanhos os fechou suspirando e sorriu. Um lindo e encantador sorriso.
- Sr. Collins disse que tinha esquecido depois que se mudou. É importante.
Aiden assentiu e se virou folheando o caderno completamente vazio. Pensou em questionar o rapaz por que seu pai teve o interesse de lhe entregar um caderno sem nada escrito. Mas o casal não estava mais ali. Aiden descartou essa dúvida junto com os jovens misteriosos, não queria mais perguntas rodando sua cabeça.
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Paradoxo
Science FictionTudo começa em 2052. Foi aberta uma coletiva de imprensa para anunciar a criação da primeira máquina do tempo. Uma coisa que antes todos achavam praticamente impossível. Em um ato involuntário, Aiden Jay Collins, criador da máquina, planeja viajar...