Prólogo

21.2K 1.8K 1.1K
                                    

Louis escutava os gemidos agudos e femininos no quarto ao lado com uma carranca enorme no rosto. Esta não era a primeira vez que Harry trazia alguém em um cio para casa, mesmo que suas mães quase o matassem quando ele fazia isso. Em outras vezes até conseguia ignorar, no entanto essa garota era extremamente escandalosa.

Soltou um bufo aumentando o volume de seus fones de ouvido, tentando prestar atenção no livro em suas mãos. Estava até conseguindo ler algumas páginas quando um grito invadiu seus ouvidos, deixando-o totalmente furioso com aquilo. Mas logo um gemido rouco pôde ser ouvido, deixando-o arrepiado. Harry, mesmo sendo um idiota, tinha esse poder sobre Louis e em uma hora dessas ele desejava poder ser um ômega para pelo menos uma vez despertar o desejo dele.

Mas Louis era um beta.

Suspirou. Não havia problema algum em ser um beta. Na verdade, mesmo que algumas pessoas não achassem isso muito legal, Louis adorava. Achava maravilhoso o fato de não ser submisso a ninguém e muito menos passar por dores horríveis todo mês, desejando um pau dentro de si.

No entanto, a única coisa que o deixava triste era que nunca iria passar de um irmão beta pra Harry. Já não bastava estar apaixonado pelo seu irmão, ainda tinha essa de nunca poder ser dele.

Harry e Louis não eram irmãos de sangue, foram adotados pelas suas mães Anne, alfa, e Jay, ômega. Elas sempre foram muito abertas quanto a isso de adoção e eles nunca se importaram muito com isso, porque elas eram suas mães, as verdadeiras, foram elas que deram a eles uma casa e uma família.

Louis e Harry sempre tiveram um jeito protetor um com o outro. Harry sempre o tratou com carinho e preocupação e foi meio inevitável Louis se apaixonar.

Quando escutou apenas o silêncio no quarto ao lado, suspirou de alívio ao saber que teria pelo menos alguns minutos de paz. Se levantou de sua cama, arrumando seu suéter branco e colocando suas pantufas de coelhinho nos pés, logo descendo até a cozinha para procurar algo comestível. Era uma sexta feira e suas mamães não estavam em casa. Anne tinha uma empresa de móveis e trabalhava até tarde e Jay uma floricultura, onde trabalhava até as sete e ainda era um pouco mais de cinco.

Louis já tinha terminado seus estudos, apesar de ainda ter dezessete. Tinha pulado uma série por causa de suas notas boas. Por ainda ter dúvidas de qual faculdade cursar, preferiu por enquanto trabalhar com sua mãe Jay em sua floricultura porque amava as plantinhas. No entanto, trabalhava somente de segunda a quinta. Já Harry, que já tinha dezoito, também já havia terminado os estudos. Ele trabalhava meio período, de segunda a sexta, em uma padaria, mas queria mesmo começar faculdade de música no próximo ano.

Em sua cozinha, Louis pegou um copo com leite e alguns biscoitos em um pote que estava no alto de um armário. Quando se virou deu de cara com Harry descendo as escadas, apenas com uma cueca boxer preta, jogando seus cachos para trás.

— Hey — falou quando passou por Louis, pegando um pouco de leite também.

Louis pôde sentir seu cheiro forte e ficou parado em seu lugar, sem lhe dar alguma resposta. Mas enquanto via ele beber de seu copo, com marcas de arranhões em seu corpo, imediatamente se lembrou da garota que estava em seu quarto.

— Mamães já falaram pra você não trazer mais gente aqui em casa, Harry.

Ele pôs o copo vazio de lado enquanto se aproximava do outro com um suspiro.

— Eu sei, Lou, mas ela entrou no cio e me pediu ajuda. Achei chato falar não — explicou, passando seus braços ao redor do pequeno corpo de Louis, lhe causando arrepios.

Louis e Harry sempre foram muito próximos, sempre com carinhos, e ninguém achava estranho porque sempre foram assim. Mas o que ninguém sabia é que o coração do menor se acelerava sempre que o alfa o tocava.

— Mas é desagradável. — Louis continuou, virando seu corpo de frente para o outro, sentindo o cheiro forte de alfa que ele passava.

— Eu sei, amor, me desculpe. Prometo que é a última vez. — Harry se inclinou e deixou um beijo na testa do outro menino. Com um sorriso, finalizou: — Mas você sabe que é você que eu amo, Lou, não sabe?

Louis sabia, mas também sabia que era apenas como irmãos. Porém não podia evitar que suas bochechas corassem e que seu coração se acelerasse ainda mais.

Assentiu e Harry lhe deu um beijo na bochecha, logo subindo os degraus de volta para seu quarto e para uma ômega no cio enquanto Louis ficava ali, se sentindo um idiota por estar apaixonado pelo seu irmão que nunca o corresponderia por ser um beta.

delicateOnde histórias criam vida. Descubra agora