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   Hanks e Anthony se entreolharam com cara de espanto e depois ficaram calados. Hanks rapidamente pediu para que Kendra servisse o almoço para eles.

— Que camisa polo bonita meu pai.

— Obrigado!! Gosto muito de vermelho. — Disse com um sorriso meio sem graça.

  Dark não tinha a intenção de magoar o pai, mas estava tão desconexo da realidade que acabou falando sobre discórdia em Águas Claras. Ele estava certo, mas imprimiu a opinião que tinha sobre tudo que havia observado ao longo da vida. Por um lado, estava com medo, porque Anthony estava perto de Megan, mas por outro, ali nasceu a visão sobre a nova relação entre eles.

  Dark alegou a si mesmo que ficou sem graça ao ser encarado pelos homens mais próximos, a quem atribuía uma certa admiração. Talvez por serem da mesma família ou por terem contato desde muito cedo. O fato é que Anthony era o seu pai e ele sentia que precisava observá-lo mais, porque não queria continuar bloqueando uma convivência melhor, sem se abrir para novas expectativas, guardando as confabulações diretamente ligadas ao pensamento retrógrado sobre ele, com base nos momentos de irracionalidade, onde deixou a desejar quando estava sobre efeito de álcool.

  Tantas coisas caberiam ser ditas naquele momento oportuno, mas infelizmente por um momento de abandono da racionalidade ele acabou falando o que era de fato certo, mas que era desnecessário para a ocasião. "Será que foi culpa minha ter falado isso ou teria que ter falado mesmo, já que era a minha visão sobre a total e radical mudança de vida?" — Pensou antes de ter pedido licença e se retirado da mesa para tirar uma dúvida com a mãe.

   Ao chegar na cozinha, Dark pediu licença na conversa entre Kendra e a mãe. Ele hesitou:

— Deu tudo certo minha mãe?

— Sim!! Graças a Deus meu filho!! Amanhã mesmo nós sairemos à procura de uma casa para alugar.

— Você vai mesmo alugar uma casa Megan ao invés de comprar? Só tenha cuidado para não gastar todo dinheiro de aluguel e acabar sem casa. Eu não quero ver os meus filhos na rua.

  Megan engoliu a seco e pensou um pouco antes de respondê-lo. Ela educadamente hesitou:

— Eu sei exatamente o que estou fazendo. Pode ficar despreocupado que se depender de mim eles nunca ficarão na rua.

  Anthony se calou, depois continuou a prosa com Hanks na mesa. Dark ficou paralisado observando a conversa dos pais, analisando que o tempo fez com que eles se respeitassem e não se comunicassem se ofendendo como antes. Isso foi um divisor de águas na mente dele e fez com que se libertasse de uma vez da memória de um pai que colocava em risco a vida da mãe.

  A questão ficou resolvida na cabeça dele e, de repente acabou sorrindo de leve olhando para Kendra. De certa forma não houve ofensa, então era necessário considerar e concluir que Anthony estava se policiando para se tornar uma pessoa melhor. Com certeza isso lhe trouxe mais tranquilidade e consequentemente fará com que pares de pensar bobagens, afinal ele era o seu pai e o seu desejo de ter um pai melhor falava mais alto que as velhas lembranças do passado.

  Dark conseguiu excretar o pensamento ruim e até se diverti com a presença dos pais. Ele já pensava em sair, conhecer novas pessoas e se divertir com a nova vida que o esperava. A vida dele tinha dado muitas voltas, e que voltas não? A questão era se adaptar a nova vida e tentar encará-la de forma consciente. Nada na vida é por acaso, pois se Deus escreveu assim, então, que assim seja.

  Hanks e Anthony terminaram de almoçar. Dark estava na sala brincando com Kevin, quando escutou barulhos de vozes vindo da cozinha. Ele rapidamente pegou Kevin e caminhou até lá, logo se deparou com Anthony, Kendra, Megan e Hanks sentados envolta da mesa, conversando pacificamente com cara de satisfação e pareciam se divertir com o assunto. Bastou Dark ter escutado a palavra "divisão" pra entender que se tratava do dinheiro da venda do imóvel. Ele ficou ali na porta entre à sala e a cozinha, escutando atenciosamente Megan dizer que a maior parte do dinheiro ficaria sobre seu poder. Quando ela olhou para trás e percebeu a presença do filho, rapidamente parou de falar e ficou encarando ele. Ela não precisou dizer nada, o filho rapidamente voltou para à sala, porque ambos já haviam conversado sobre ele não se intrometer ou escutar conversa de adultos.

  Depois disso Megan continuou falando, todos na mesa estavam com os olhos voltados para ela. A conversa não parecia ser muito séria, mas Dark estava completamente curioso, acompanhando o desdobramento daquela história.

  Não demorou muito para que todos levantassem no mesmo instante da mesa, se dirigindo imediatamente para à sala, onde já estava Tommy, Kurt, Dark e Kevin, todos comendo chocolate, espalhados pelos sofás e paralisados observando toda movimentação. Os meninos estavam observando os adultos se reunirem no quarto.

  Anthony foi o primeiro a entrar, seguido de Kendra e posteriormente Megan e por último Hanks com um bolo de dinheiro na mão em diversos tipos de cédulas. A porta do quarto foi trancada e eles continuaram conversando lá dentro. A voz grossa de Hanks começou a ser ouvida claramente, como se estivessem abrindo uma reunião.

  Dark caminhou com Kurt alegremente para laje, onde não parou um minuto se quer de pensar no quão a sua vida aos poucos estava dando certo. A maior felicidade dele estava sendo ver os pais conversarem pacificamente no mesmo ambiente, sem ameaças, ofensas ou ressentimentos. Só faltava a presença de Joe para que tudo ficasse completo.

  Kurt Campbell estava na parte da frente da laje, onde ficava justamente a parte do quarto dos pais. Ele estava pintando de verde um quadro de uma bicicleta velha, que já estava lixado, apenas esperando uma nova roupagem. Ele ficou olhando o primo pintar e quando escutou o barulho da buzina do trem, apenas sorriu e continuou ali pensando no quanto estava alegre, leve, vivendo novas experiências e gostando daquelas mudanças repentinas. Automaticamente rememorou a frase que Hanks havia dito numa conversa, afirmando que a vida era mesmo uma caixinha de surpresa.

  O céu desaguou em chuva forte. Era o início da primavera e a chuva se recusava ir embora completamente. Talvez, porque a primavera só estivesse começando ou porque Deus simplesmente quis daquela forma. Ainda não havia aquela admirável vista da diversidade de flores e cores espalhadas por todo canto.

  Dark Costello estava ansioso para sentir o perfume das flores e escutar o canto dos belos pássaros. Sentia falta das borboletas, dos beija-flores e da diversidade de flores que costumava ver em Águas Claras. Ele deixou escapar um sorriso, rapidamente lembrou da avó, dos momentos que estiveram juntos e como a vida era interessante, principalmente quando os momentos marcavam as nossas trajetórias, com direito até a trilha sonora.

  Ele se despediu do primo e caminhou em direção a escada, pois estava fazendo muito frio e ele precisava pegar um casaco e também precisava verificar se a assembleia já havia acabado. Ao descer se dirigiu até à cozinha, onde avistou a porta do quarto ainda fechada, pelo que se escutava tudo estava correndo bem, porque ouvia-se risadas de Kendra. Depois disso entrou no quarto de Tommy, se dirigiu até à caixa de papelão onde estava armazenando as suas roupas, em cima de uma pequena bancada de madeira envernizada. Ele vestiu o casaco vinho e foi para sala, onde sentou no sofá para se distrair com a televisão.

  Não demorou muito para a porta se abrir. Dark automaticamente voltou os olhos na direção da porta, avistou Kendra e Hanks deixando o quarto. Era possível ver Anthony colocando uma borracha amarela envolta das cédulas, em seguida guardá-las na mochila. Megan estava sentada na cama, de frente a ele, perguntando se já tinha algum lugar em vista e se ele iria optar por comprar uma casa ou um terreno. Dark ficou no sofá, olhando disfarçadamente para a televisão, não hesitando em de vez em quando dá uma olhada no quarto.

  Megan e Anthony deixaram o quarto conversando, estavam com o semblante iluminados de felicidade, como se estivessem presenciados um milagre. Ele seguiu para à cozinha, enquanto ela caminhou na direção do filho.

— Filho? Fique de olho, porque assim que essa chuva passar, nós sairemos para procurar uma casa ainda hoje. Tudo bem pra você?

— Por mim tudo bem!! Mas, nós precisaremos de guarda-chuvas porque pelo que estou vendo essa chuva não vai passar tão cedo.

— Nós iremos procurar de carro. O que você acha Megan? — Disse Hanks chegando na sala.

— Você faria isso por nós? — Falou sorridente.

— É claro minha irmã! Eu vou agora mesmo pôr um casaco. Me esperem na garagem. — Disse entrando novamente no quarto.

— Deixa eu ir com vocês tia? — Tommy.

— Vamos!! Se o seu pai não se importar.

— Obrigado!! Vou pedir a ele. Mas, acho que ele não se importará.

  Todos foram alegremente para a garagem, onde esperavam Hanks ansiosamente.    

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