Céu de Inverno

5K 85 4
                                    

                                                                        Quarta- feira, 8:00 AM.

  Dark Costello estava ao lado de Henry copiando o texto no quadro. Um silêncio tomava conta da sala e Dark desconfiou do comportamento tímido do amigo. Areny lhe chamou a atenção dizendo que era pra chegar no mesmo horário amanhã, porque o ônibus sairá às 13:00 PM. Pediu aos alunos que se comportassem na presença da professora Suelly Hanson, que a substituiria no dia seguinte.

  A sirene tocou, todos já haviam acabado de copiar e só estavam esperando o sinal pra deixarem a sala. Henry arrumou a mochila depressa e disparou na frente do amigo, mas Dark conseguiu acompanhá-lo e juntos desceram as escadas da escola conversando sobre o dia anterior.

  Dark ficou abismado quando soube que Henry havia tomado uma surra do pai porque havia desviado o caminhou de casa. Quando chegaram no portão, Henry entregou a mochila ao amigo e pediu para ele esperar enquanto ia ao banheiro.

— Não sai daí amigo!! Quando eu voltar quero falar uma coisa séria com você. — Disse cabisbaixo, confuso, com um olhar triste e cheio de mistério.

  Dark ficou estarrecido, como era bastante curioso, poderia chover pedras ali e todos os animais do Brasil saíssem das matas correndo por cada rua e parte do país que ele não sairia. Até mesmo uma tenebrosa diarreia infecciosa pronta para estragar a vida de qualquer ser que se encaixasse na definição de animal, ele não tiraria os pés dali nem sob tortura.

  Henry estava voltando, quando apontou na porta do refeitório, percebeu que o ele estava aflito pra saber a tal novidade. Henry rapidamente se aproximou e após ter agradecido, pegou a mochila de volta e juntos saíram da escola, mas a primeira frase que Dark falou foi: ''Conta logo Henry.''

  Henry hesitou:

— Olha só Dark, saiba que não quero de forma alguma te magoar, mas eu preciso falar isso pra você mesmo que isso signifique a perda da sua amizade. O meu pai brigou comigo ontem porque nós fomos parar na estação da Lapa, e disse que vai me mandar de volta para o Rio de Janeiro. Mas, não se preocupe amigo, pois voltarei em breve pra te ver e a gente conversar mais sobre a vida e aqueles jogos que estamos acostumados a conversar na sala de aula.

— Você não pode estar falando sério, está? Por favor, diz que não Henry. Você é o meu melhor e único amigo.

— Infelizmente estou falando sério. Talvez mais sério que nunca. Eu quero que você saiba que estou sofrendo desde já com tudo isso que está acontecendo na minha vida. Nunca vou esquecer dos nossos melhores momentos juntos na sala e na rua.

  Dark ficou triste e cabisbaixo. Caminhou lentamente entre os paralelepípedos da rua Orlando José Ribeiro. As lágrimas apontavam nos seus olhos e ambos demonstravam profundas tristezas na troca de olhares.

  Na frente da ladeira da rua do Boiadeiro, Dark deu um abraço bem forte no amigo, depois atravessou correndo para o outro lado da pista sem dizer mais uma palavra. Ele quase foi atropelado por uma moto que passou em alta velocidade ao seu lado, mas quando estava subindo a entrada da Av. Boiadeiro, olhou para trás e viu Henry no mesmo lugar, sorrindo e acenando um tchau.

  Dark finalmente deu um leve sorriso, repetiu o mesmo gesto do amigo e ficou ali do outro lado da pista observando ele descer a ladeira da rua do Boiadeiro de volta para casa. Henry sumiu de vista e Dark ainda estava se sentindo mal por dentro, uma agonia tomava conta do seu peito e só de pensar que iria ficar no dia seguinte sem ver o amigo já lhe faltava o ar, imagine ficar por meses ou até mesmo anos? Que garantia eles tinham de se encontrar novamente? Henry disse que logo voltaria, mas e se Dark fosse embora de Águas Claras? Será que essa amizade estava ameaçada de nunca mais ser cultivada? Se realmente acontecesse, o que seria deles? — Pensava com uma imensa tristeza no coração, caminhando pela rua Santa Tereza de volta para casa.

 (Gostaram do Capítulo? Então... Votem e comentem!):D  































O CÓDIGO DA SABEDORIAOnde histórias criam vida. Descubra agora