Céu de Inverno

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— Ainda vai para a laje de Clay?

— Não minha mãe!

— Hã? Não estou ouvindo!

— Não vou nunca mais!

— Ah, bom! Não falo grego!

  Megan passou a empurrar a porta do banheiro.

— Abra já essa porta Joe. Vou enchê-lo de vassourada. Como mais velho tinha que dá exemplo e você se junta a ele?

— Anda Joe! Se entrega! Minha mãe não vai te bater mais.

— Cala a sua boca! Vá para a sala e fique quieto. Engula o choro! Não quero ouvir barulho.

  Dark se dirigiu até a sala, todo estropiado, enquanto Joe mantinha silêncio por trás daquela porta. Mas Megan cansou, pôs a vassoura ao lado e voltou para a sala.

  Dona Snow estava sentada ao lado do neto triste por ter apanhado e porque Joe não teve a surra que merecia. Megan se aproximou e pediu sua bolsa embaixo das pernas dele e se dirigiu até o quarto. Ao ver a mãe entrar e fechar a porta ele levantou rapidamente e decidiu tentar convencê-lo a se entregar. Mas escutou ela o chamando e voltou imediatamente.

  No quarto se surpreendeu ao ver o celular que ela havia comprado, naquela época celular era muito difícil de ter.

  Dark aproveitou a oportunidade e saiu bem devagar para não deixar suspeitas enquanto a avó e a mãe ficavam fascinadas pelo celular.

  Na cozinha ele começou a bater na porta e chamá-lo. Joe rapidamente respondeu com rispidez.

— O que você quer?

— Pode sair menino! Minha mãe não vai mais bater em você. Venha ver o celular que ela comprou. É lindo! Você precisa sair daí pra ver.

— Não estou interessado! Saia daqui e volte para o seu castigo que é o seu lugar.

  Dark se calou, pois sabia que não iria se render tão fácil assim. De repente Megan apareceu de surpresa para beber água e encontrou ele insistindo.

— O que está fazendo aqui? Não lhe disse que estava de castigo?

— Sim, mãe! Mas, Joe não quer sair desse banheiro.

— E o que isso tem a ver com o seu castigo?

— Eu não quero ficar sozinho.

  Megan deu um sorriso sarcástico, direcionou o olhar para a porta e hesitou:

— Já pode sair Joe! Não vou lhe bater desta vez, mas não se preocupe que vou anotar para te cobrar tudo na próxima vez.

— Ué! Como assim ele não vai apanhar?

— Cale a boca! Eu não estou falando com você.

  De repente surgiu um barulho dentro do banheiro. Dark esbugalhou os olhos e fixou-os na porta, mas Megan ficou de pé, na frente do fogão. Quando finalmente escutaram o barulho do ferrolho abrindo, Joe apareceu cabisbaixo, atônito, com os olhos caídos e com um andar lento. Megan cruzou os braços e tentou olhar para o rosto dele, mas Joe se aproximava com muito cuidado, quando de repente...

— Toma a vassoura minha mãe!! Vai, bate, bate nele. Agora você vai ver Joe o quanto sofri naquela hora. Hahaha

  Dark pegou a vassoura no ímpeto e entregou nas mãos da mãe, mas ficou boquiaberto, pois ela não esboçou nenhuma reação, apenas continuou de braços cruzados e deixou Joe passar correndo. Ele ficou encarando ela. Os seus olhos logo voltaram a encher de lágrimas. Megan levantou a vassoura na sua direção e hesitou:

— Saia daqui antes que eu lhe bata de novo. Calado! Se eu escutar um choro se quer, eu mesma vou até lá lhe dá 553 vassouradas.

  Dark nem se quer olhou para a mãe novamente, passou ao seu lado cabisbaixo, confuso, não acreditando naquilo.

  Megan foi tomar banho para ir à igreja. Dark estava na janela refletindo sobre à sua vida. Joe sentado no sofá com a avó não parava de lhe encarar, ansiando sua olhada pra rir. Dark segurava os nervos, sabia que se fizesse algo irracional apanharia de novo.

  Joe Costello levantou e se aproximou do irmão, mas desta vez não era pra gozar da sua cara, apenas para lhe dizer que Anthony havia convidado para jantar às 19:00 PM no restaurante naquela noite. Ele não tinha tempo para cozinhar, então às vezes tomava café, almoçava e jantava lá com os filhos. Dark fez uma cara de paisagem e ficou pensativo, precisava planejar tudo, pois nada poderia sair errado.

  Joe foi para à cozinha para avisar a mãe, enquanto Dark foi até o quarto calçar a sandália pensando como iria encará-lo.

— Você está pronto?

— Estou sim!

— Então vamos!

— Eu acho que não vou poder ir. Minha mãe não permitirá.

— Já pedi a ela seu idiota!

— E ela deixou?

— Claro!

— Vou perguntar. Não confio em você.

  Dona Snow conversava com a filha quando ele se aproximou.

— Mamãe? A senhora deixou eu ir para o restaurante?

— Deixei! Aproveite antes que me arrependa.

— Obrigado!

— Hum, que lindo! Vai jantar no restaurante com pai. — Disse sorridente.

  Dark sorriu para a avó e voltou para a sala. Joe olhou para o relógio, era 18:30 PM. Eles partiram numa noite fria, pois o céu estava nublado e repleto de nuvens carregadas.

  No pequeno restaurante haviam 20 mesas. 10 para à esquerda e o restante para à direita. Eles avistaram Anthony sentado na terceira mesa à direita. Então sentaram perante ao pai, após ter pedido a bênção, Dark mergulhou o rosto no cardápio a princípio, pois precisava ganhar tempo.

  Todos jantavam tranquilamente quando Anthony indagou:

— Você está magoado comigo filho?

— Eu? Imagina!! Não tenho motivo algum.

— Hoje você fingiu que não me viu na rua Alexandre Teixeira. Na volta fez questão de passar pela frente dos prédios.

— Eu estava com pressa. E quando fui inventar de correr, acabei caindo na frente de todo mundo na quadra. Foi horrível!! O maior mico da minha vida.

  Dark mostrou o ferimento no braço. Mas Anthony engoliu à seco, não queria ser impertinente e insistir no assunto. Joe jantava em silêncio e não hesitou.

  Logo começou a chover e o barulho da chuva fez todos os clientes olharem para a saída. Na Estrada do Matadouro dava pra ver o aguaceiro que caía lá fora. Anthony olhou para Dark sorrindo e então disse:

— É meu filho, o inverno chegou com força total!!

— Pensei a mesma coisa!!

  Felizes, pai e filhos continuaram jantando e conversando sobre a vida. Mas aquele momento de felicidade estava com os minutos contados, pois Anthony estava prestes a fazer uma revelação bombástica.

  O que será que Anthony vai aprontar desta vez?            

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O CÓDIGO DA SABEDORIAOnde histórias criam vida. Descubra agora