Capítulo VI

6.5K 104 12
                                    

   Após contar tudo, levantou-se e foi para o quarto, tirou a farda, a calça, sapatos e foi diretamente para o banheiro. Dona Snow ainda sentada, pegou o controle, ligou a televisão e começou a assistir e costurar.

Dark Costello tomava banho e refletia sobre o acontecido. Na sua cabeça passava um filme daqueles que não saía fácil da memória. As cenas das crianças chorando e se jogando no chão era a que mais vinha à tona. O barulho dos tiros disparados aleatoriamente com muita frequência ainda estava ali, ecoando dentro da sua cabeça. As pessoas correndo apavoradas com medo de serem atingidas por balas perdidas e perderem as suas vidas como se elas não fossem tão importantes. Ele sacudiu a cabeça, afim de esquecer tudo que havia visto. Mas prometeu a si mesmo não ficar remoendo o assunto e colocou um ponto final no acontecido, pois por outro lado estava entusiasmado com o campeonato onde não via a hora de participar.

No chuveiro ele sorriu, passou as mãos pela cabeça, acariciou o rosto e o pescoço, viajando para um mundo distante em pensamentos, imaginando qual seria o tema e o grande prêmio.

Após o banho, desligou o chuveiro, enrolou a tolha vermelha envolta do corpo e seguiu para o quarto. Dark vestiu uma camiseta laranja e um short preto, mas em seguida, deu um beijo na avó e saiu para à rua, pois queria ser o primeiro a espalhar a notícia do campeonato para os amigos.

Parado no último degrau ele observava o movimento da ladeira com os braços cruzados e olhos bem atentos. Mas apenas avistava pessoas e carros subindo e descendo. À sua esquerda, a visão no sentindo final da rua Januário, à direita o início da Alexandre Teixeira e na frente o fundo da panificadora Águas Claras.

Ele decidiu ir para à direita sentido vídeo game. No fliperama, muito contente, saiu contando aos amigos, mas percebeu que não gostaram da notícia, pois lançaram um olhar de reprovação. Um olhar tão estranho que o fez não comentar mais sobre o assunto. Os garotos rapidamente dispararam em gargalhadas, como se estivessem dizendo: ''Isso é coisa de fruta.'' Ele ficou decepcionado, então cabisbaixo, envergonhado, deu meia volta e saiu pensativo do fliperama, com a sensação que só ele se interessava por literatura.

Dark Costello voltou pelo final da rua Dr. Jorge Costa Andrade. Mas já havia anoitecido, era por voltas das 18:30 PM e a rua estava movimentada pelo grande fluxo de pessoas e veículos, por causa do famoso horário de pico. Mas descalço caminhou em direção à papelaria Palery.

Após ter passado a Alexandre Teixeira ele chegou na papelaria. Boquiaberto olhava a diversidade de brinquedos disponíveis na vitrine. Mas quando pensava na sua situação financeira, seu rosto decaía em tristezas, pois não tinha a mínima condição de comprá-los. Então, deu meia volta e seguiu até a rotatória do bairro, dentre a rua Dr. Jorge Costa Andrade, dividindo a rua Lourival Costa da Estrada do Matadouro.

De frente a rotatória parou no ponto de ônibus próximo ao supermercado The Buy. Haviam várias pessoas esperando o coletivo. Dark ficou entre as pessoas observando os outros dois pontos mais movimentados do bairro. À sua esquerda, lá do outro lado da pista era onde Anthony e Megan pegavam. À sua direita, a entrada da rua Lourival Costa.

Dark estava distraído quando sentiu uma mão grossa pegando no seu ombro. Ele tomou um susto e quando virou se deparou com o pai.

— O que está fazendo aqui? Não cansa de ficar na rua? Enquanto eu e a sua mãe damos duro no trabalho você fica procurando prejuízo? Ainda descalço? Nem para calçar a sua sandália você presta menino? — Disse muito exaltado.

Dark envergonhado, começou a tremer, abaixou a cabeça e respondeu:

— Ela quebrou!!
— Aquela sandália azul quebrou? Me parecia nova ontem no bar de Jim.
— Foi justamente quando sair do bar com Joe. Voltamos correndo e quando estávamos subindo a escadaria em alta velocidade, ela não resistiu.
— E por que não estava descalço hoje de manhã? Aquela sandália vermelha era de quem? Está mentindo para mim?

Dark suspirou fundo. Com as duas mãos sobre atesta respondeu:

— Não meu pai! Aff! Aquela sandália é da minha avó. Ela é daltônica e acha que não usaria porque ver rosa. Entendeu?
— Venha comigo!

Anthony e Dark entraram no mercado The Buy. Mas após 30 minutos ele saiu com uma sandália verde e ficou esperando o pai sair. Anthony saiu com umas sacolas, havia aproveitado para comprar ingredientes para fazer feijão.

Eles atravessaram a pista, desceram uma pequena escada em frente, entre os blocos (D & E) e seguiram pela quadra até a rua Alexandre Teixeira. Mas em frente a serralheria de Tim Woodtruf, Dark hesitou:

— Não vou descer até sua casa. Vou ter que ir embora!
— Não vai jantar comigo?
— Sim! Mas preciso passar em casa antes, pois está quase na hora da minha mãe chegar.
— Tudo bem!! Aproveita e chama seu irmão. Eu vou deixar o portão aberto.
— Tudo bem!!

Anthony virou as costas e desceu as escadas ao lado da serralheria, era um atalho para chegar mais rápido pelo caminho XXX.

Dark deu meia volta. No final da Alexandre Teixeira, olhou para à direita e deu de cara com a mãe descendo a rua Januário. Megan vestia uma blusa amarela, saia preta e sapatos executivos pretos, bico fino.

Ele rapidamente correu e hesitou:

— Mamãe?
— Oi! Onde você estava? Quem lhe deu essa sandália verde?
— Foi o meu pai!!
— O que aconteceu com a azul?
— Em casa eu te explico tudo!! — Disse rindo sem graça.
— Tudo bem!!

Joe Costello estava no sofá pequeno, com o instrumento na mão e uma revista de instrução apoiada no braço do sofá. Estudava atenciosamente para se tornar um músico, pois esse tornou-se seu maior sonho.

Dona Snow tomava banho, enquanto a água do café não fervia. Megan deu um beijo em Joe e foi colocar a bolsa no quarto, enquanto Dark procurava a sandália azul para esconder. Megan saiu do quarto e foi para à cozinha.

Dark achou atrás da porta da sala, em seguida foi até o quarto e colocou bem escondida embaixo do guarda-roupa, pois não queria que Joe visse e contasse para o pai. Logo correu desesperadamente para à cozinha, pois Megan o chamava aos gritos. 

          (Gostaram do Capítulo? Então... Votem e comentem!):D 

O CÓDIGO DA SABEDORIAOnde histórias criam vida. Descubra agora