Capítulo 34- Aeroporto

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Olhei novamente para o teste e chorei. O que eu iria fazer agora?
-Ju, está tudo bem?- Ouvi mamãe perguntar e saí do banheiro

-Eu realmente não sei o que fazer- falei mostrando o teste para ela.

Já havia se passado uma semana desde que tinha me separando de Arthur e amanhã eu estaria viajando para a casa dos meus avós.

Ele me ligava de uma em uma hora e eu nem sequer atendia. Ouvir sua voz me magoava muito, tudo doía demais.

- Grávida?- perguntou horrorizada olhando para os dois pauzinhos do teste de gravidez

-Sim, de novo- falei me sentando na cama

-Vai falar para Arthur?

-Não! Ele não vai saber dessa criança. Ele não pensou nisso antes de me trair- falei

- É injusto com ele e com a criança- Disse

- Eu vou criar ela sozinha, vou ser pai e mãe dessa criança- acariciei minha barriga

(...)

Chegamos no aeroporto e enquanto meu voo não era chamado, fiquei me despedindo deles.

- Eu quero que vocês me visitem sempre. Eu quero que meu bebê cresça conhecendo os avós mais lindos do mundo- falei emocionada

- Eu realmente não queria que você fosse, princesa- Papai disse me abraçando

- É necessário- sussurrei e ele me deu um beijo na testa

- Eu te amo, Julinha- Minha mãe disse e fez o sinal da cruz em minha testa- Vai com Deus!

-Eu também te amo- falei segurando as lágrimas

Ouvi meu voo sendo chamado e dei mais um beijo nos dois. Caminhei 6 passos e ouvi uma voz doce me chamar:

- Mamãe- me virei e vi Rachel em pé perto dos meus pais. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e em suas costas tinha uma mochila.

- Ray- Falei fraca e ela correu em meu encontro, me abraçando com força - O que faz aqui, meu amor?

- Eu vou com você, mamãe- disse e a olhei

- Como assim? Cadê seu pai?- perguntei confusa

- Meu pai ficou em casa, eu sai escondido. Eu já perdi uma mamãe, não quero perder outra- disse e me emocionei

Ela me amava!

Ouvi meu voo ser anunciado de novo e suspirei.

-Rachel, eu preciso ir. Eu juro que te ligo todas as semanas e...

- Não vai mamãe, por favor- me interrompeu chorando.

Olhei para meus pais e eles pareciam tão confusos quanto eu.

-Eu prometo ser mais boazinha, fazer a minha lição bem caprichada e vou pedir um presente bem barato para o papai noel- disse desesperada e fiquei com o coração na mão.

Eu não era a única que estava sofrendo, meus pais estavam arrasados, Rachel fugiu de casa com apenas 4 anos e tudo por causa da traição de Arthur.

-Eu vou te levar para casa- Olhei para meus pais e os dois sorriam

Saímos do aeroporto, coloquei minhas malas novamente no carro dos meus pais e minha mãe me questionou:

-Desistiu da viagem? - Me olhou confusa

- Não sei- sinceramente eu não sabia mesmo. Ficar e encarar de frente Arthur ainda parecia algo difícil.

-Seu coração vai saber o que fazer. Pensa em seu filho- olhou para Rachel que está conversando com meu pai- ou melhor, seus filhos!

-Eu vou pensar. Agora eu preciso levar a Thompson para casa- falei dando um beijo em seu rosto

- Ligue para Arthur e avise que ela está contigo, ele deve estar desesperado- assenti com a cabeça.

- Vamos Ray- peguei em sua mão e me despedi dos meus pais.

Entrei no primeiro táxi que vi e Rachel se sentou so meu lado. Ela aparentava estar muito feliz.
Peguei meu celular e o encarei por longos segundos até ter coragem de discar o número de Arthur.

-Alô- disse visivelmente apavorado. Minha voz não saia, eu estava estática- Alô!
- A-Arthur, sou eu- falei falhado e baixo
- Júlia- disse um pouco mais calmo- Tem como você me ligar depois, aconteceu algo aqui e...
- Ela está comigo- o interrompi
-O que? - perguntou
- Rachel está comigo- ouvi um suspiro aliviado do outro lado da linha
-Graças a Deus- sussurrou
- Eu estou levando ela. Daqui a pouco estamos aí- falei
- Ok. Eu te amo- disse e desliguei rápido

Quem ama não trai, quem ama não machuca, quem ama não decepciona. Sinto muito Arthur, mas você não me ama.

Assim que o motorista parou ma frente da casa de Arthur, senti um frio enorme na espinha. Como seria o ver novamente depois de uma semana?

O caminho do táxi até a porta estava me matando, eu estava muito nervosa.

-Rachel- ele gritou assim que abri a porta

Thompson envolveu a filha em um abraço apertado e aliviado. Ele estava um pouco diferente, sua barba estava maior, seu corpo mais magro e suas olheiras estavam levemente mais escuras.

- Porque fez isso? Porque fugiu? Eu quase enlouqueci, filha- disse acariciando seu rosto

-Você disse que a mamãe viajaria e eu quis ir com ela. Eu não queria perder essa mamãe, ela é minha mamãe favorita- disse Rachel e Arthur pressionou os olhos com força

-Ray, você tem que entender que a Júlia tem a vida dela agora, ela vai morar com o vovô e a vovó dela- Arthur disse com os olhos tristes e molhados

-Mas ela é minha mamãe. Eu amo ela- Ela disse e uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto

- Ray- Valentina disse entrando na sala correndo e abraçando a garotinha de olhos azuis-Você quase nos mata de preocupação.

Arthur me olhava e eu começei a tremer.

- Preciso conversar com você - disse e assenti- Valentina, leve Ray para comer algo, ela deve estar com fome.

Assim que Val e Rachel saiu da sala, Arthur respirou fundo.

- Me desculpe por isso. Ela te encontrou aonde? - perguntou

-Um pouco antes do meu embarque- falei baixo ainda tremendo igual louca

- Você perdeu o voo? - perguntou e assenti -Me desculpe- disse e nos olhamos

-Eu preciso ir- falei me virando e indo em direção à porta

-Me perdoa, por favor - pediu e me virei para ele

- Não tem problema. Rachel foi sozinha- falei mesmo tendo a ciência de que não era disso que ele estava falando

-Não falei disso. Eu estou pedindo para me perdoar por tudo- disse e se aproximou-Eu te amo Júlia

-O que você fez foi horrível Arthur, eu passei aquela noite inteira chorando, enquanto você estava com outra. O pior de tudo é que você me omitiu tudo isso, e provavelmente continuaria omitindo se Nina não tivesse se intrometido nisso- desabafei

- Eu juro que se eu pudesse voltar no tempo eu mudaria tudo- disse
- Mas não se pode voltar no tempo- falei e me virei para sair.

Quando segurei na maçaneta da porta, meu útero contraiu e deixei um grito escapar de minha garganta.

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E aí leitores, o que acham que vai acontecer? Júlia vai perder mais um bebê?

De repente...AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora