Cap. 28-- Fantasia

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-- Olha, vamos só naquela loja ali e se não tiver nada que agrade você nós vamos embora, está bem?-- Emica falou apontando para uma loja bem a nossa frente.

-- Emica, é o 7° lugar que a gente vai hoje só para tentar achar uma boa fantasia, vamos deixar isso para amanhã-- resmunguei.

-- Se você não achar alguma coisa para vestir, como vai ao baile? Só faltam três dias!-- ela estacionou o carro e se virou para mim. -- A última, o.k.?

-- O.k.-- assenti sabendo que ela não desistiria fácil.

Continuamos andando alguns metros até chegarmos em frente ao estabelecimento que era especializado em vender fantasias. Empurrei a porta com apenas uma das mãos e adentrei o lugar meio movimentado, Emica logo correu para a sessão de super-heróis, deixando-me plantada perto da porta.

-- Posso ajuda-la?-- uma vendedora nova chegou ao meu lado com um sorriso aberto no rosto.

-- Hum... claro-- sorri olhando em volta.

-- Alguma preferência em personagens ou filmes?-- chamou-me com as mãos em direção as fileiras de filmes famosos.

-- Na verdade não. Eu queria algo mais inusitado, algo diferente do que todos usam-- revelei em alto tom, por causa do pequeno barulho que estava presente ali.

-- Temos algumas que são de filmes muito conhecidos, mas que poucas pessoas usam: a princesa Fantasma, de Hora de Aventura, rainha de Copas, de Alice no País das Maravilhas, Mulher Gato, Viúva Negra, dos Vingadores, essas e outras. Pode dar uma olhada se quiser, há muitas opções-- ela deu um espaço para mim poder olhar direito nos inúmeros cabides pendurados na parede.

-- Claro.

Fui olhando os nomes que estavamos nas etiquetas e decidindo se gostava ou não. Mas o que eu realmente queria era usar algo que ninguém tivesse ao menos cogitado a ideia de procurar, uma coisa inédita ou perto disso. Entretanto, em todas as lojas que passamos, eram sempre as mesmas coisas: vestidos de princesas, roupas de super-heroínas, máscaras de zumbis, espadas e coisas do tipo, ou seja, tudo muito manjado. Em 7 lojas especialmente de fantasias, deve ter pelo menos uma que seja única.

Quando já estava quase desistindo, para ir atrás de Emica, meus olhos passaram por um conjunto coberto por um plástico e meio escondido entre os outros. No papel estava escrito o nome do meu filme preferido e o da personagem principal, era um filme que parte dos adolescentes diziam ser infantis, mas que eu amava de coração.

-- Art, olha essa roupa de Mulher Marav...-- virei com a peça em mãos para encontrar Emica olhando-a. -- Caraca, onde achou?

-- Aqui.

-- É perfeita!-- ela riu, dando pequenos pulinhos. Pessoa doente. -- Vai vestir, agora!

-- Coisa chata-- resmunguei enquanto andava para o provador.

Entrei no mini-espaço do local de cor branca, com apenas um espelho em uma das paredes, dois cabides e um puf preto. Pequeno, mas fofo. Nossa. Eu acho um provador fofo, um provador! O namoro continua a afetar meu cérebro. Não posso julgar, se realmente for isso, porque tudo o que aconteceu nessas últimas semanas era extremamente maravilhoso; saímos algumas vezes para ir a algum parque ou no cinema, às vezes ele ligava-me de noite para conversar ou apenas perdermos tempo em rir com coisas idiotas. Resumindo, aconteceu tudo o que eu menos queria: viramos a porra de um casal clichê para caralho, mas, merda, eu amava isso.

Amar.

Céus.

Desde que havia admitido para mim mesma que estava amando verdadeiramente Oscar, as coisas tinham mudado. Mudado de uma forma que eu ainda não sei se é boa ou ruim, porque eu sempre deixava-me levar por ele, por o que ele dizia, qualquer pedido seu era aceito imediatamente por mim, faria tudo por o castanho, mas não sabia se ele também faria. Isso me afetava? Fazer tudo o que ele pedia? Não. Ao contrário, as coisas que ele pedia sempre eram boas, sempre para me ajudar ou me fazer bem, e isso me deixava putamente irritada, porque só me deixava mais apaixonada. Legal, agora eu também estou xingando!

Senhor EmboabaOnde histórias criam vida. Descubra agora