Já era quinta-feira, e nesse dia havia a bendita educação física que era resumida, praticamente, em: meninos olhando os shorts de malha das meninas, e tentando impressiona-las quase se matando na hora de jogar.
Eu já estava vestida com minha leggin e a camiseta de educação física da escola, Emica usava um short azul e, também, a blusa da escola, e maior parte das outras meninas usavam saias shorts menores que minhas calcinhas boxers. O professor nunca reclamou, mas já vi olhares feios do diretor quando raramente passava perto da quadra.
A quadra de esportes era como um campo de futsal, só que menor e com cestas de basquete e rede de voleibol-- que maior parte do tempo ficava enrolada em um dos lados. Graças a Deus era coberta e com um pequena arquibancada em uma das laterais.
Quando todos estavam sentados na lateral da quadra, o professor começou a explicar algumas coisas.
-- Como estamos estudando Voleibol, hoje jogaremos...-- deixou a frase no ar e esperou que os alunos respondessem. -- Vôlei, gente. Vamos nós animar, pelo amor de Deus-- ele suspirou fundo. -- O.k., o.k., vocês são 30 alunos então quero cinco pessoas para escolherem o time.
Emica me empurrou e aos tropeços correu para o lado do professor. Aos poucos mais quatro meninos foram e começaram a escolher quem ficaria com quem nos times, e eu acabei por ficar com Dante-- o irmão de um popularzinho. Eu jogaria com o time que ganhasse a primeira partida que estava acontecendo.
-- Professor?-- cheguei ao seu lado, ele estava com os olhos fixos no jogo. -- Posso ir ao banheiro?
-- Vai, vai, Islya-- que? Ele está muito concentrado mesmo...
Corri para sair da quadra e fui em direção ao sanitário mais próximo. Em frente ao espelho, arrumei meus cabelos ruivos em um rabo de cavalo e amarrei-os. Verifiquei se estavam realmente firmes antes de sair e me esbarrar em alguém.
-- Opa! Calma, senhorita-- segurei em seus braços com discretos músculos. -- Já está quase sendo um costume lhe salvar de quedas, hum?-- sorriu abertamente e eu me perdi em seus olhos. -- Está na educação física?
-- S-sim, estava amarrando meus cabelos e já ia para a quadra-- puz-me de pé e entrelacei meus dedos atrás de meu corpo, deixando-os descansar em minha bunda.
-- E o que estão a jogar?
-- Vôlei-- fiz uma leve careta e ele riu.
-- Não gosta de esportes?-- arqueou a sobrancelha rindo.
-- Gosto, mas digamos que eu não vou muito com a cara do Vôlei, prefiro futebol-- falei envergonhada.
-- Um milagre-- franzi o cenho. -- Digo, um milagre uma garota gostar de futebol. Não pense que eu quis lhe ofender, ao contrário: eu quero te elogiar por gostar!
-- O-obrigada-- senti minhas bochechas queimarem. Ouvi o apito agudo do professor soar.-- Desculpe-me mas tenho que voltar para o jogo, é minha vez de jogar-- sorri.
-- Claro, claro-- sai com rápidos passos em direção a porta de acesso a quadra. -- Ei-- virei-me para ele-- bom jogo, Artémis-- assenti e desapareci de seu campo de vista.
Corri para perto do meu time, que por acaso já estavam se levantando e indo em direção a quadra. Cheguei perto de Dante e ele apontou para um canto da quadra, demarcado com o número 5 e disse que era para mim ficar ali, apenas obedeci. O professor apitou anunciando o início do jogo e a bola foi sacada por um jogador do outro time, que acabou por vir bem na minha direção. Levantei-a e Dante atirou com força para o outro lado. Ponto.
Os outros times deveriam estar bebendo água e o por isso o único barulho ouvido na quadra era o dos tapas na bola e os gritos. Eu sinceramente amei minha posição no jogo já que eu praticamente apenas levantava a bola para os outros jogadores. Quando o outro time fez um ponto, tivemos que fazer o rodízio e, infelizmente, eu tive de ficar na frente para bloquear ou atacar-- duas coisas que eu não sei fazer.
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Senhor Emboaba
De TodoAos meus 17 anos minha paixão pelo professor Emboaba cresceu excessivamente quando ele finalmente passou a notar-me de uma forma boa, e eu não poderia estar mais feliz com isso. Eu tinha medo de me iludir de mais por estar falando todos os dias com...