Capítulo 23

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"Como sempre você acorda, olha para o lado e vê meu bilhete. Você não sabe, mas os bilhetes que deixo para você na cama, escrevo todos te olhando. Esse bilhete é diferente dos outros que te escrevo, está mais para uma carta. Você se lembra do primeiro bilhete que te mandei? Passei alguns minutos pensando se eu deveria te mandar ou não, estava nervoso! Pode até não acreditar, mas fiquei assim no primeiro momento que você saiu do banheiro. Foi um grande "primeiro encontro". Só tinha eu e você e naquele momento eu já queria te beijar, queria saber seu nome, te levar para casa, entrar na sua vida e aquilo me assustou. O que eu senti era algo novo para mim, eu não sabia se ia te encontrar novamente, se iria ter uma outra oportunidade de falar com você e não ser idiota. Mas te encontrei... E nesse meio tempo fui idiota, estúpido e ignorante até que me dei conta que eu tinha que parar de correr desse sentimento que eu sentia, resolvi que eu precisava enfrentar, e eu enfrentei. Você me ajudou. Fiz eternidade dos instantes que passei com você. Estar nos seus braços, ouvir sua risada, te ver com ciúmes ou zangada, fazer amor com você, são momentos que eu jamais esquecerei. Ontem... Meu mundo desabou. Eu não sabia o que fazer, como agir, o que falar. Pensei em várias maneiras de te falar o que estava acontecendo e aí, com o tempo... Enquanto você dormia em meus braços, percebi que a melhor maneira era te escrevendo. Eu estou doente Jane... Tenho um tumor no cérebro e eu posso morrer durante a cirurgia. Não tive coragem de te dizer, eu estava com medo de te dar alguma esperança de que eu pudesse sair bem dessa, porém os "e se" existem. E se eu não saísse bem da cirurgia? Eu não quero que você me veja em uma cama de hospital, da mesma forma que eu vi minha mãe. Eu não poderia suportar isso. Te amo de verdade, e nunca na minha vida me senti tão feliz e realizado com os momentos que tivemos. Queria poder fazer diferente e acordar todas as manhãs do seu lado. Nunca esqueça que o amor que eu tenho, e que eu pude desfrutar, não foi por alguns meses e não vai durar por alguns anos... Ele vai ser para sempre.

Sempre seu amor Alexander Turner."

As lagrimas começaram a rolar sem parar. Ali mesmo na cama chorei pelo que parecia ter sido meu destino. Amar alguém tão intensamente e de forma cruel perdê-la. Alex tinha um tumor no cérebro... Aquilo não estava acontecendo, não podia ser verdade, tinha que ser mentira. Agora fazia sentido ele agir da forma que agiu ontem. Os papeis que ele não queria eu visse, o medo que ele sentia... Medo de morrer.

Eu tinha que estar com ele nesse momento, falar que ele não vai morrer, que tudo iria ocorrer bem naquela cirurgia. Ele não pode morrer, não pode me deixar. Eu o amo! Não posso perdê-lo. Respirei fundo, tinha que manter um controle. Levantei da cama e peguei meu celular.

- Alô?

- Julie?

- Jane? Esta chorando?

- Julie... - eu não conseguia falar.

- Calma... Respira fundo. Se acalma. - fiz o que ela disse. E alguns segundos depois me acalmei um pouco. - Pronto?

- Sim...

- Agora me conta devagar, o que aconteceu.

- O Alex, ele me escreveu uma carta de despedida, dizendo que tem um tumor no cérebro, e que a cirurgia é muito delicada. Eu não sei onde ele está, me ajuda, por favor... - choro de novo.

- Nossa! Não pode ser verdade. - ouvi sua voz assustada.

- Mas é. Alex não brincaria com uma coisa dessas. A mãe dele morreu por causa disso. - falo em soluços.

- Mas que... Tá, calma. - ela ficou calada. - Olha só, eu vou ligar para o Matt e....

- Isso! E-Ele deve saber de alguma coisa e levar a gente até ele. - interrompi Julie.

Com Amor, Alex - Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora