Capítulo 10

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- Me dá só um motivo para ficar.

- Me apaixonei por você. - ele sussurra.

- O que? - falo tão baixo que acho que ele nem escutou, a surpresa toma conta do meu rosto e as lágrimas cessam. Vejo Alex sentar-se no chão, encostando suas costas no guarda-roupa com um olhar perdido. Apoia os braços nos joelhos e junta às mãos, abaixando a cabeça. O silêncio é total, mas minha mente grita para que eu fale alguma coisa. Mas o que? Estou confusa. Alex me disse coisas que me feriram e agora diz que está apaixonado?

- Minha mãe foi a única mulher que realmente me amou. - diz depois de minutos. Sua voz está embargada e paraliso no lugar ouvindo suas palavras. - Um ano depois que meu pai morreu, ela adoeceu. Foram feitos vários exames para saber o que ela tinha, e quando descobrimos, meu mundo desabou.

Alex parece destruído enquanto me conta sua história. Eu queria estar feliz por finalmente saber sobre ele, sobre sua vida, seu passado... Mas vê-lo assim tão frágil com a voz falha, sinto meu peito apertar. Sento-me à sua frente e ele continua falando com a cabeça ainda abaixada.

- Ela tinha um tumor no cérebro e não dava para fazer nada, porque o quadro já estava avançado. Cuidei dela dia e noite... – ele respira fundo. - E quanto mais os dias se passavam, pior ela ia ficando. Rezei todas as noites para Deus não levá-la. Quando tudo aconteceu, eu estava em meu escritório, era uma noite chuvosa e ela me chamou. Eu estava com medo de ir, não queria me despedir dela, não queria que ela me deixasse. Quando cheguei no quarto, ela estava tão fraca e fria... Ainda me lembro do que ela me disse.

- O que ela disse? - pergunto suave e seus olhos me encontram com um brilho diferente, acompanhando com um sorriso discreto

- Me disse para encontrar alguém que me amasse de verdade, para que eu não ficasse sozinho. Me disse que a mulher que eu encontrasse, eu deveria cuidar da mesma forma que cuidei dela. Com amor.

- Alex... - digo emocionada. – Porque não me falou disso antes?

- Nunca falei disso para ninguém.

- Me desculpe Alex... Fui tão grossa com você, te falei coisas terríveis. - digo e ele balança a cabeça com um sorriso triste.

- Você só me disse a verdade. 

Suspiro ainda me sentindo mal.

- Tem mais? - pergunto depois de alguns minutos e ele balança a cabeça afirmando. - Não precisa continuar...

- Não, preciso contar agora. - imponhe e seguro sua mão entre as minhas e ele aperta de forma carinhosa. - Quando ela morreu, um ódio tomou conta de mim. Eu estava sozinho no mundo, não tinha parentes, nem amigos que pudessem me ajudar. Eu amava minha mãe e ela se foi. Prometi a mim mesmo não amar mais ninguém, eu não acreditava mais no amor e nem queria mais acreditar. De quê adiantaria amar uma pessoa, se de uma hora para outra ela poderia ir embora? - vejo a raiva em seus olhos e lembro-me da forma como as mulheres da boate estavam apaixonadas por ele assim como eu. Ele queria que elas sofrerem...

- Então você é quem ia embora. – Concluo.

- Eu queria que alguém pudesse sentir o que eu senti. Durante esses anos que fiquei sozinho, conheci muitas mulheres, nenhuma que eu me interessasse de verdade. Por isso eu fazia elas se apaixonarem por mim e depois as deixava. Eu só estava interessado numa transa qualquer. E aí... De repente... Eu vi você. - diz com certa alegria ao olhar para mim. Meu coração acelera e um sorriso se forma em meu rosto.

Alex solta minha mão para tocar meu rosto de forma carinhosa antes de continuar.

- Você estava toda atrapalhada tentando se explicar por que estava no banheiro masculino. - ele sorrir e sinto minhas bochechas esquentarem de vergonha. - Eu senti algo que não havia sentindo antes. Era algo novo para mim, que eu não sabia como controlar. Depois como se fosse força do destino eu te encontrei de novo.

Com Amor, Alex - Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora