Eu despertei de madrugada,
em frente ao espelho.
Procurando os vestígios que o tempo levou de mim
Procurando mais do que um olhar indiferente
Um sorriso indecente
Ou esse medo de dormir.Eu arredei os móveis,
Tentando me mudar por dentro
Ainda é tempo?
Eu não sei.
Meu relógio foi lançado pela janelaCaiu no jardim, entre as pedras e flores
Retratos rasgados, e cacos de vidro
Cartas de desamores, um verso esquecido
Cicatrizes que o tempo se encarregou de fecharQuero abri-las todas
E deixar sangrar meu coração
Quero sentir-me vivo e indeciso
Mais enganos do que planos...
Talvez até viver pra sempre.Meu quarto está cheio de garrafas vazias
E paredes cheias de histórias
Memórias adocicadas pelo rum
Destiladas uma a uma, em desespero
Procurando por um exagero.
Um pedaço maior de mim.Eu ando como um cego,
Tropeçando em seus cadarços,
Desamarrados por desleixo.
Eu ando acariciando o ego,
Guardando dentro do peito
Uma caixa de Pandora.
Que a cada hora, clama por explodir.Eu me lembro de mim quando não era eu.
Mas talvez preferisse 'eu', quando era, 'mim'.
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Versos Marginais
ŞiirE então ele foi embora... Caminhou até encontrar um pedaço de Mar. Um pedaço de Mundo que fosse só seu. Ali havia só o Silencio. E na escuridão ele começou a desenhar suas dores na Areia. Em versos. Rabiscos Inversos. Segredos que as ondas apaga...