• Capítulo Doze - Não graças a você

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• ARIANA GRANDE •

No fundo, eu sabia que estava sendo muito grossa com ele. Mas, eu também sabia que nenhuma parte de mim queria mudar isso, afinal, ele partiu o meu coração, mentiu para mim, me usou, nunca quis um filho nosso e agora, depois de anos, depois de tudo, ele quer dar uma de pai preocupado.

— O quê você quer de mim, Ariana? — Ele me olha nos olhos. — Quer que eu assuma que fui um babaca?

Minha resposta é um silêncio.

— Tudo bem, eu fui um babaca com você. — Ele assume. — Está feliz agora?

— Por quê eu estaria feliz? — Eu retruco. — Isso é o mínimo que você pode fazer, pelo menos assumir que foi um babaca comigo.

— Tem como pelo menos termos uma boa relação por eles? — Ele segura o meu braço.

Sei que o intuito não era me machucar, mas as palavras fortes que eu transferi contra ele fizeram efeito, ele me segurou com brutalidade e eu quis chorar, não por estar doendo, mas pela situação toda em que estou.

— Você está me machucando. — Minha voz soou mais tremida do que eu esperava.

— Solta! Solta! Solta! — A voz chorosa de Austin preencheu nossos ouvidos e Justin me soltou na hora, quase como se tivesse sido liberado de um transe.

— Me desculpa. — Justin pediu, visivelmente envergonhado.

Meu braço estava um pouco vermelho e eu me sentia estranha, apesar de não haver dor. Seu pedido de desculpas não mudava nada, porque Justin ainda era um maldito gangster bruto e hostil.

— Está tudo bem, meu amor. — Eu tento sorrir para o meu pequeno. — Não se preocupe, ok?

— Ariana. — Justin tenta chamar a minha atenção. — Eu te pedi desculpas.

— E eu ouvi. — Sou séria. — Mas isso não muda o fato de que é muito fácil ferir as pessoas e achar que um pedido de desculpas vai mudar tudo.


Justin apenas abaixou a cabeça sem saber o que me dizer e o silêncio se instalou na sala. Mas, ele não durou muito, porque logo Caitlin entrou na sala.

— Vamos jantar. — Ela chamou.

Respirei fundo ao ver que Anelie correu prontamente para segurar a mão do Justin e eu apenas segurei a mão estendida do Austin para mim. Caminhamos até a enorme mesa, em que Justin sentou a nossa filha ao seu lado, fazendo questão de deixar mais dois lugares vagos próximos a si, um para Austin e um para mim.

— Você não quer sentar aqui? — Justin tentou falar com nosso filho.

Austin não lhe deu ouvidos e se sentou longe, comigo e com a minha melhor amiga.

O jantar foi servido e todo mundo comeu em silêncio.

Tudo para mim era estranho, em pensar no quanto eu já me senti em casa aqui e agora, eu não passo de uma garota deslocada em um lugar que não queria estar.

— Vocês gostam de chocolate? — Ryan perguntou abruptamente as crianças enquanto trazia um delicioso mousse.

— Sim! — Austin e Anelie disseram juntos, visivelmente animados.

Justin me olhava de um jeito estranho, mas depois de todos esses anos, eu ainda o conhecia o suficiente para saber que ele estava se perguntando se Austin odiava todos nessa casa ou apenas ele.

Ryan serviu uma grande quantidade de mousse para os meus filhos e eles não perderam tempo em começar a comer.

— Vocês gostam bastante disso. — Justin sorriu, tentando puxar assunto.

Sim. — Anelie deu os ombros, sem tirar atenção da comida. — Mas a gente só come quando a mamãe tem dinheiro para comprar os ingredientes.


— Ingredientes? — Justin franziu a testa.

— Sim, papai. — Anelie sorriu, com a boca toda suja de chocolate. — Precisa de ingredientes para fazer mousse.

Austin apenas revirou os olhos.

— Você deixou meus filhos passando algum tipo de necessidade? — Os olhos de Justin encararam os meus, cheios de críticas.

Qualquer autocontrole que eu pensei ter foi embora nesse exato momento, então eu senti meu sangue pulsar dentro das minhas veias.

— Eles nunca passaram necessidade!

— Não foi o que eu acabei de ouvir deles, Ariana! — Ele esbravejou.


— Eu quem não tenho obrigação de ouvir nenhuma crítica ou acusação vinda de você, Justin, porque você está os conhecendo agora, com as bochechas coradas e roupas para vestir! — Meu tom de voz é alto. — Eu suportei uma gravidez sozinha na sarjeta, num lugar novo, sem dinheiro o suficiente e tudo isso por sua causa.

Ele não abriu a boca, apenas me deixou continuar.

— Tinha dias em que ficava rezando por um emprego que aceitasse uma garota grávida sem experiência, porque eu tinha duas vidas vivendo dentro de mim e eu não tinha ninguém. — Meus olhos se enchem de lágrimas. — Eu criei os dois por anos sem bater na sua porta, sem precisar do seu dinheiro sujo, apenas com o poder do meu suor e agora, depois de tanto tempo e você está novamente na minha frente, eu não aceito que faça insinuações, eles nunca passaram necessidade e olha a novidade, não foi graças a você.

Para mim, já chega, disso tudo.

The Benefactor [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora