As mãos suavam, as pernas tremiam e o coração saltava no peito. Dexter estava extasiado de ansiedade. Sua mulher estava de volta, enfim, sua Anne. Os médicos alertaram-no que ela teria algumas sequelas, que algumas memórias curtas foram perdidas, junto com alguns conhecimentos que ela havia adquirido ao longo da vida. No mais grave, poderia ter uma crise e talvez um lapso de memória. Suas emoções ficariam instáveis, com oscilações. Mas ainda era a Anne, e ele a amava e a amaria para sempre.
Ele estava no corredor do hospital, com um buquê de tulipas em sua mão, indo em direção ao quarto em que Anne ficou em observação depois de sair do coma. Era o dia de sua alta, Dex pediu para que os médicos não a avisassem, seria uma surpresa.
Ele parou em frente a porta, olhou para o buquê em sua mão, deu um longo suspiro seguido de um sorriso e bateu na porta, restou o silêncio, então girou a maçaneta e entrou. O quarto estava vazio.
Anne não estava no quarto, nem no refeitório, e em nenhuma parte do hospital. Ninguém a viu saindo. O desespero tomou conta de Dex. Ele estava discando o número da polícia quando Ronnie ligava.
- Ronnie?!
- Oi, Dex, você já está no hospital?
- A Anne sumiu! Ela não está no hospital, Ronnie. Estou com medo de ter acontecido algo.
- Dexter, você tem que ir para casa.
- Por quê? A Anne está lá? – houve uma pausa – Ronnie! Você sabe onde a Anne está?
- Dex, por favor, confie em mim.
***
Dexter não sabia o que pensar. Mas Ronnie havia falado para manter a calma e ir para casa. Então ele estava fazendo isso, confiava o suficiente em Ronnie para colocar a mão no fogo por ela. Quando estacionou o carro, pode ver a claridade atravessar as cortinas. Anne está em casa, pensou. O que havia acontecido? Por que sua amiga estava fazendo esse mistério todo?
Com passos longos e rápidos se aproximou das escadas da varanda, estava mais nervoso do que quando estivera no hospital, da porta pode sentir um cheiro de sua comida favorita, não, não podia ser. Quando estava perto de virar a maçaneta, uma voz familiar surgir lá de dentro.
- Pode entrar, Dex. – Anne disse em um tom de diversão. Mas por dentro estava surtando de ansiedade. Havia subornado os médicos para enganarem seu marido, na verdade, foi Ronnie, sua fiel amiga. Tudo ocorreu bem, agora dependia só dela e de sua comida.
- Oi, mô. – Ele entrou e a observou. Ela estava em pé perto da porta da cozinha, usava um vestido florido e sapatilhas. Estava linda, as lágrimas insistiam em marejar seus olhos. "Obrigado, Deus" pensou quando já não aguentava mais conter as lágrimas – Está tudo bem? Fiquei preocupado.
- Desculpe, só queria fazer uma surpresa. – sua voz era macia e ela se aproximava enquanto falava – Você já fez tantas para mim. – ela sorriu e suas bochechas coraram.
Dexter deu alguns passos para encurtar ainda mais a distância entre eles, ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha de sua esposa e beijou sua testa. Ficou um tempo ali, com seus lábios roçando levemente a testa de Anne, e quando afastou disse – Você ter acordado já é uma surpresa e tanto, não acha?!
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Mil Tulipas
RomanceUma história marcante sobre uma mulher que não sabe demonstrar seus sentimentos. Um amor mal correspondido, Deus e "mil tulipas". Anne não entendia que tudo acontece no tempo de Deus, Dexter luta para manter as esperanças. Até onde Deus age para cum...