Era domingo de manhã. Anne acordou bem disposta, se levantou e cambaleou até o banheiro. Após escovar os dentes, abaixou-se para lavar o rosto, puxou a toalha ao lado e se secou. Ficou um momento se olhando no espelho, pela primeira vez em muito tempo, ela admirou o que via. Se sentiu bem consigo mesma, seu rosto estava liso e corado. Seus cabelos ruivos estavam brilhosos, dando um destaque maior em sua pele clara. Ela sempre agradeceu por ter herdado a aparência da mãe.
Ouviu a campainha quando estava penteando seus cabelos, largou a escova na pia e foi andando enquanto aquele som se repetia freneticamente. É a Ronnie, sorriu ao pensar na amiga.Ela mal abriu a porta e a amiga já foi a empurrando para entrar.
- Por que demorou tanto? Sabe que eu preciso conversar né? - Ronnie estava tão radiante que não conseguia se conter. Seu sorriso estava de orelha a orelha. Anne reparou que até o cabelo loiro dela estava mais bonito.
- Bom dia para você também amiga! Desculpe por não sair correndo para te atender,senhorita Ronnie Prince – Anne deu um riso irônico - Já tomou café?
- Ainda não. Pensei que poderia tomar aqui. - Ronnie sorriu.
- Vamos para a cozinha, podemos conversar enquanto preparo alguma coisa.Enquanto Anne preparava a massa das panquecas, Ronnie esquentava a água para o café e descrevia como foi o encontro. - Ele é super gentil, amiga! Conversamos muito. E ainda combinamos de almoçar juntos amanhã, já que ele trabalha na escola, fica pertinho do Snack – os pais de Ronnie tinham uma lanchonete, e ela trabalhava lá desde que se entendia por gente. Com o tempo, os pais dela a deixaram encarregada de todas as responsabilidades da lanchonete.
- Vai me deixar almoçar sozinha? – Anne deu um pequeno sorriso enquanto colocava a massa na frigideira para assar a panqueca.
- Você vai sobreviver – elas riram, e, Ronnie ficou pensativa por alguns instantes, ela percebeu que ainda não havia agradecido a sua amiga pelo encontro que teve. Na noite anterior, ela havia feito Anne jurar que não sentia nada pelo Nick. Mesmo assim, ela sentia que a atitude de Anne foi muito louvável. – Amiga?
- Sim?
- Obrigada. - Ronnie alargou o sorriso - Foi um dos melhores jantares que tive – Anne se lembrou dos outros encontros de sua amiga. Foram poucos, ela só teve um relacionamento sério, com o Jev.
Jev era uma boa pessoa, mas tinha crises de ciúmes, era muito mandão e Anne não gostava muito dele. Durante o namoro, Anne não falava isso para sua amiga, porque tinha medo de magoá-la. Ela via o quanto Ronnie gostava do Jev e ela ainda se lembra do dia em que eles terminaram, Ronnie ficou muito mal, ela até passou alguns dias na casa da Anne para não preocupar os pais, dizia que nunca mais encontraria alguém para ela. E agora estava ali, toda feliz por causa do Nick. Anne sorriu ao pensar. Sua amiga merecia isso.
Anne viu que a massa já estava quase passando do ponto e a colocou no prato de Ronnie.
- Você precisava disso, amiga. Pode pegar a geléia na geladeira? Tem de amora e acho que ainda tem um restinho daquela de pêssego que você gosta. – Antes mesmo que Anne terminasse a frase, Ronnie já estava enfiada na geladeira procurando as geléias. – Encontrou, Ronnie? Ah, tenho que te falar uma coisa.
- Encontrei – disse ela colocando os dois potes de vidro sobre a mesa – Pode falar. - Anne colocou outra panqueca pronta no prato e continuou:
- Ontem, logo depois que vocês saíram. Alguém deixou um buquê de tulipas na porta. Tinha um cartão com mais um versículo. Parece que essa pessoa sabe sobre a minha vida. Aquele cartão mexeu muito comigo. Não sei quem está mandando, mas que essa pessoa está me ajudando, ela está. Senti uma coisa tão boa ontem. Você nem imagina.
- Nossa, amiga. Isso é ótimo. Mas precisamos descobrir quem é, e porque de fato essa pesso... – Ronnie foi interrompida pelo toque do celular de Anne, ela estava mais próxima do celular da amiga e viu o rosto sorridente de Dexter no visor – É o Dexter, pode atender, eu termino de assar o resto.
Anne lavou as mãos rapidamente, correu, desviando de Ronnie para pegar o pano que ficava pendurado ao lado do fogão, secou as mãos e pegou o celular.
- Oi Dex!
- Oi Anne. Precisamos conversar.
Nota da autora:
Você não precisa agradar os outros para se sentir bem. Não deixe de escutar a música, vale a pena.
Beijo e tulipas :*
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Mil Tulipas
RomanceUma história marcante sobre uma mulher que não sabe demonstrar seus sentimentos. Um amor mal correspondido, Deus e "mil tulipas". Anne não entendia que tudo acontece no tempo de Deus, Dexter luta para manter as esperanças. Até onde Deus age para cum...