Capítulo 21 - 999 tulipas

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Parado, vendo o pequeno beija-flor se afastar, Dexter não percebeu a presença de Ronnie até que ela o tocasse nos ombros. Virando-se ele viu a amiga com o rosto vermelho e inchado de chorar, não sabia o que fazer, ficou parado diante daquele rosto triste sem reagir, somente sentindo as lágrimas escorrerem cada vez mais facilmente pelo seu rosto. Ronnie se aproximou mais dele e o abraçou.

Sem nenhuma palavra eles se entenderam. Dexter não aguentava mais ouvir as pessoas dizendo que tudo ficaria bem, quando nem elas mesmas acreditavam nisso. Estava cansado de palavras bonitas. Ele precisava disso, de gestos, de choro. Aquilo não aliviava o aperto em seu coração, porém era sincero. A sensação era como se ele estivesse amarrado fortemente em um arame farpado, e cada vez que se mexia a dor se intensificava. A dúvida o asfixiava, a incerteza de que Anne sairia ou não dessa situação era dolorosa demais.

Ronnie queria parecer forte, queria dar apoio ao seu amigo. Mas como dar apoio a alguém, se nem ela mesma conseguia se sustentar? Nicholas estava preocupado, ela podia ler em seus olhos a aflição dele toda vez que ela rejeitava comida, ou quando abria a porta de casa com o rosto inchado e um falso sorriso no rosto. O seu "estou bem" já não o convencia mais. Ele estava cada vez mais perto dela, e ela acreditava que ele era um anjo, uma maneira que Deus encontrou para ajudá-la. Mas e Dex? Ele estava sozinho, seus pais o ajudavam, mas ela temia em não ser o suficiente. Ele estava muito magro, com grandes olheiras e aparentava estar cada vez mais fraco.

Nick e Ronnie entraram em um propósito de oração de madrugada, chamando todos os amigos próximos para fazer o mesmo e orar por Anne, e também por Dex. Mas a cada instante, Ronnie pedia para Deus ajudar sua amiga, para tirá-la dessa situação. E, ali, abraçando Dex, viu o quanto ele precisava da sua ajuda.

***

Depois de muito tempo conversando com Ronnie, Dexter estava no quarto de sua esposa, a observando e pedindo novamente para que ela acordasse. Alguns minutos mais tarde alguém batia na porta, era um entregador com mais um buquê de tulipas. Dessa vez, junto com as tulipas ele entregou um grande envelope com as flores.

- O que é isso?

- Não sei, amigo, eu só faço as entregas. Você pode ligar para a floricultura para mais informações. – disse o entregador, que lhe deu um cartão.

- Ok, obrigado. – Dexter disse ignorando o cartão que lhe era familiar e já abrindo o envelope. Sabia que não adiantaria ligar para a floricultura, já tentara isso diversas vezes e não obtera nenhum tipo de informação que pudesse ajudar com a identidade do misterioso "admirador". 

Era um envelope feito de papel pardo e nele continham folhas A4 com tabelas, ele as tirou de dentro do envelope e começou a ler.

Logo percebeu que era um documento da floricultura, como se fosse um demonstrativo das compras.
Tinha a quantidade de flores, os respectivos dias em que foram entregues e os horários. No final, relatava que o total de flores entregue para a Anne foi de 999, contando com as que chegaram há minutos. 

Atrás daquelas folhas havia um documento em formato de carta, Dexter bateu o olho e leu o título:
"Querido, Dexter".


Nota da autora:

Geeeente!Está quase no fim! Estou orgulhosa de mim nesses últimos tempos kkk
Por favor, deixem sugestões e críticas..

Beijos e Tulipas!


Mil TulipasOnde histórias criam vida. Descubra agora