Mais uma manhã, mais um dia para fingir que está tudo bem. Mais um dia de trabalho com a cabeça nas nuvens e em um alguém chamado Dexter.
Nessa semana, Anne estava errando coisas simples do dia-a-dia no serviço o que era erro grave pondo em vista que trabalha em uma contabilidade. Coisas com que ela fazia normalmente sem problemas, agora estavam se tornando uma dificuldade.
Sua cabeça só focava em Dexter e em seus últimos momentos juntos. Não aguentava mais as lembranças que sempre voltavam para atormentar, aquelas felizes porém que só a fazia recordar que esse tempo jamais voltaria.
Preciso mudar isso, pensou. Queria fazer o que nunca teve coragem antes, fazer o que sua vida de crente tradicional não deixava.
- Eaí Anne? – estava tão envolvida em seus pensamentos que não viu seu colega se aproximar. Eduardo era alto, tinha lindos olhos azuis e nunca disfarçou sua leve queda por Anne.
- Oi Edu, tudo bem? – ela girou a cadeira para vê-lo melhor. No momento ele estava com uma camiseta gola v e passava a mão em seus cabelos negros.
- Tudo ótimo! Na verdade gostaria de fazer um convite para você! Vai ter uma super festa naquele salão da zona norte, estou com dois ingressos, com bebida a vontade. Quer ir comigo? – falou com bastante entusiasmo.
Anne se imaginou na festa e pensou em Dex, ele odiava esse tipo de local, na verdade ela também não gostava. Ela mal conhecia o Eduardo, e esses "eventos" são perigosos e estranhos.
- Não vai dar Edu, eu tenho um aniversário pra ir hoje à noite– a mentira saiu tão natural, que ela ficou impressionada – deixa para a próxima.
- Que pena Anne, vou ter que chamar outra pessoa então – quando Anne o viu dar as costas pensou “ O que estou fazendo? Não era exatamente isso que eu queria?”.
- Hey Edu! – o chamou. Não iria deixar que o Dexter te atrapalhasse mais. Iria na festa sim, ia se divertir e tirar aquele idiota da cabeça.
- Mudou de ideia? – nesse momento, Eduardo já estava com um olhar malicioso e um belo sorriso torto nos lábios.
- O aniversário não é muito importante, que horas você me pega em casa?
- Às 21h, pode ser?
- Claro, obrigada.
***Em casa, Anne escolhia o que vestir. Nunca tinha ido numa festa dessas, mas sabia como era. Garotas seminuas, todo mundo chapado, música alta, pouca luz e muito sexo. Não podia vestir uma de suas saias de “crente”. Estava já há muito tempo em frente do seu guarda-roupa e não tinha idéia do que usar. Teve vontade de ligar para Ronnie, mas ela nunca aprovaria sua ida na zona norte com o Edu. Olhou então, para uma saia antiga que guardava, era jeans, daquelas que iam até o joelho. A pegou e foi correndo pegar uma tesoura. Terminado o trabalho, vestiu a saia e foi se olhar no espelho, tinha colocado com a saia, uma blusa de cetim soltinha presa dentro da saia e para completar, um salto. Se olhou no espelho, a saia que agora estava bem pequena deixava suas coxas de fora. Estava pensando em desistir de ir.
Ring Ring….. Ring Ring
O telefone a assustou, deve ser o Eduardo, tomara que ele esteja ligando para desmarcar.
- Alô!
- Anne? - não, não podia ser. Aquela voz era tão familiar, que poderia reconhecer para sempre. - Anne? Você está aí?
- Oi Dexter, por que ligou?
- Queria saber como você está, não te vi na igreja ontem à noite. Fiquei preocupado.
- Obrigada por se preocupar, mas eu estou bem. – nesse instante ouviu uma buzina, é o Eduardo, pensou – e se não se importa, estou de saída.
- Não sei se tenho o direito, mas, para onde vai? - Dex ficou mais preocupado.
- Não, não é seu direito. Deixou de sê-lo quando me deixou. – e desligou.Anne correu e colocou uma calça justa, uma blusa e um salto antes de se encontrar com o Edu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mil Tulipas
RomanceUma história marcante sobre uma mulher que não sabe demonstrar seus sentimentos. Um amor mal correspondido, Deus e "mil tulipas". Anne não entendia que tudo acontece no tempo de Deus, Dexter luta para manter as esperanças. Até onde Deus age para cum...