Capítulo 14 - Abraço

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Anne pôde sentir um tipo de aflição na voz de Dex. Ela sabia que ele não estava bem, mesmo ele tendo sido grosso e dizendo para ela que estava tudo bem, no fundo ela sabia que tinha algo errado, mas não sabia porque ele estava escondendo isso dela. Ele havia falado para serem amigos, mas suas atitudes não demonstravam isso.

- Antes que comece, gostaria de te dizer umas coisas. Eu gosto muito de você e me preocupo contigo, Dexter. Não sei o que está acontecendo, também não sei por que você se fechou e não quis compartilhar seus problemas comigo. Quero que saiba quero o seu bem, oro por você e estou aqui para o que precisar. – Ao ouvir isso o coração de Dex se apertou e já não conseguia mais conter as lágrimas.

- Eu sei que tenho sido um idiota para você. – Enquanto Dex falava com a voz notavelmente embargada, Anne viu Ronnie saindo com um prato cheio de panquecas, ela deu um aceno para a amiga que retribuiu, a porta da frente bateu logo em seguida.  – Eu achei que seria egoísta se quisesse conversar sobre isso com você.

- Eu não penso assim, acho que apesar de tudo continuamos amigos, não era esse o trato? Temos que nos ajudar, como eu disse antes, eu me preocupo com você, – Anne foi interrompida pela campainha – Só um instante, vou atender a campainha – Anne deu passos longos e rápidos, ao abrir a porta, teve um misto de susto com surpresa.

 - Oi - Dexter disse ainda ao telefone.

Ele parecia tão frágil, tão triste, que a primeira reação dela foi abraçá-lo.

- Senti falta do seu abraço – ele disse.

- Senti falta de você, Dex.

***

Eles estavam na varanda, o sol já estava no ápice, mas as nuvens estavam impedindo que o calor aumentasse. Ali debaixo naquela pequena parte coberta de telhado, Dex olhou para Anne que estava contra a claridade, o vento balançava seus cabelos, ela estava olhando para o horizonte e parecia imersa em pensamentos.

- O que aconteceu ? – ela quebrou o silêncio de repente.

- Como percebeu, não estou bem. Ultimamente as brigas têm sido mais freqüentes dentro de casa. Penso cada vez mais que ter me formado em direito foi um erro. Não quero isso para mim, Anne. Fiz de tudo para tentar agradar meus pais, me formei no que eles queriam que me formasse, mas eles não parecem satisfeitos com nada que faço.

- Dex, olha pra mim – ele levantou a cabeça e a encarou – Você tem que se deixar ser guiado por Deus. Nunca fui muito boa para dar conselhos, mas creio que esse é o momento certo de você orar e pedir a direção. E fazer a vontade d'Ele por mais difícil que seja. Você é especial, Deus te deu um dom tão maravilhoso. Você não está no ministério de louvor por acaso. E se essa for realmente a vontade do Senhor, Ele vai fazer com que seus pais deixem. Lembra quando você me falava que eu devia confiar mais?

- Sim.

- Então, faça o mesmo.  – Eles se encararam por alguns instantes, e Anne sentiu uma coisa, logo teve uma ideia – A gente podia fazer um propósito, que tal orar de madrugada?

***

Enquanto Dex caminhava de volta pra casa, sentia uma sensação de alívio. Fazia muito tempo que não conversava assim com alguém. Anne fazia com que ele se sentisse mais forte, e o melhor, ela fazia com que ele se aproximasse mais de Deus. Eles combinaram de orar todo dia às 3h da manhã. Algo que seria difícil, mas valeria a pena. Dexter preferiu não aceitar o convite de Anne para almoçar lá, queria muito, mas sabia que Débora estava o esperando para terem uma conversa. Desde o término do namoro ela vinha ligando para ele, pedindo para voltarem, mas ele não queria isso agora. Sentia que precisava ajeitar as coisas, não só com a sua família, mas também com Deus. Então, pediu para conversarem pessoalmente para colocar um ponto final. Pelo menos até se resolver.

E apesar de tudo que havia acontecido, ele olhou para alto, e sentiu uma ponta de felicidade e, novamente agradeceu a Deus...por tudo.

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