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2 de julho de 2015

Niall Horan, como sempre, estava atrasado para o almoço que tinha marcado de comparecer na casa deles. Louis não se importava muito, afinal seriam apenas eles três sentados em volta da mesa no jardim, conversando e se servindo da comida maravilhosa de Harry.

Horan trabalhava para eles no sítio, ajudando a cuidar da plantação de morangos orgânicos, mas vivia em Fortrose, a cidade mais próxima, com os pais, o irmão, a cunhada e o sobrinho; todos tendo imigrado do interior da Irlanda alguns anos antes.

Se estirando numa dos bancos de madeira espalhados pela grama, Louis tentou relaxar. Ele se sentia estranhamente tenso, provavelmente em consequência dos sonhos confusos que tivera na noite anterior. Ele se lembrava apenas de luzes e barulhos altos e estridentes, mas a sensação de tensão — medo? — que o perseguia na inconsciência permanecera depois de acordado.

— Você acha que aconteceu alguma coisa? — A voz de Harry o assustou, e Louis se virou, sobressaltado, o coração martelando enquanto tentava acalmar a respiração, para encontrar o marido olhando para ele, perdido. — Você 'tá bem?

— Desculpa. Sonhando acordado, só isso.

— Então, você acha que aconteceu alguma coisa? Quer dizer, choveu muito esses dias, e as estradas...

— E pensar que um dia eu acreditei que seu medo de acidentes só vinha a tona quando um de nós dois está dentro do carro...

— Lou...

— Hazz, todo mundo anda de carro milhões de vezes na vida, não é porque a gente sofreu um acidente qu-

— Eu pensei que ia perder você, Louis!

— Mas não perdeu! Eu 'tô aqui! Então por favor não entra em pânico toda vez que um dos nós-

— Você acha que eu faço isso por querer?

Harry parecia prestes a cair no choro, fazendo Louis correr até ele e o abraçar com força, enfiando os dedos entre os cachos do marido e o obrigando a descansar a testa em seu ombro.

— Meu amor me desculpa, eu esqueço que você consegue se lembrar de como foi...

— V- você não t- tem ideia, não tem a menor ideia, Lou, de como tem sorte. — ele soluçou. — Às vezes eu... eu fecho os olhos e só consigo ver o carro deslizando na pista, v- você voando pelo parabrisa e eu s- sem conseguir fazer nada. Eu fiquei tão assustado, L- lou, eu achei que ia te perder pra s- sempre naquele dia. Você n- não tem ideia de como tem sorte de não poder lembrar, porque se pudesse teria f- ficado ridículo que nem e- eu.

— Shhhh, não é ridículo, não é, 'tá me ouvindo? — sentiu o marido assentir contra seu pescoço, e fechou os olhos, ainda acariciando os cabelos macios dele — Mas tenta ficar calmo, se alguma coisa tivesse acontecido alguém já teria ligado pra-.

Naquele momento o telefone fixo tocou, fazendo Harry se afastar do abraço e correr para atender. Suspirando, Louis tirou o gancho da mão do marido, que ainda ostentava um nariz vermelho e lágrimas nos olhos, e atendeu no lugar dele.

— Alô.

"Lou, cara, Theo não foi pra escola hoje porque 'tá gripado, Denise pediu pra eu ficar com ele, mas eu marquei com vocês, o que eu faço?", disse a voz de Niall do outro lado, anormalmente apressada, fazendo o sotaque irlandês ficar mais carregado.

— Fique aí com ele, seu idiota, dã! Vou dizer ao Hazz pra guardar a comida, amanhã a gente leva pra plantação e come. Dê abraços na família por mim, e diga a Baby T que ele logo, logo está melhor.

Poison, Beauty and Rage ♠ L.S. AUOnde histórias criam vida. Descubra agora