2.4 Presente

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L

1º de setembro de 2015

O dia amanheceu e encontrou Louis sentado no quintal no mais absoluto silêncio, a umidade do orvalho se juntando à chuva retida em suas roupas e pele. Foi onde Harry o encontrou ao acordar, e se sentou ao seu lado.

— Não conseguiu dormir? — perguntou.

Louis se arrepiou ao ouvir a voz dele, mas pôde disfarçar por estar encharcado.

— Acordei com a tempestade, não consegui lembrar se os morangos 'tavam cobertos, aí saí. Depois fiquei aqui. — mentiu.

— Você precisa de um banho quente ou vai ficar doente, vem. — Harry se levantou e estendeu a mão, esperando que o marido a pegasse.

— Eu 'tô bem. — rebateu simplesmente, cruzando as mãos no colo e voltando a encarar o horizonte. Podia praticamente sentir a carranca do outro às suas costas.

— Louis...

— Vai fazer o café, Harry...

Um suspiro impaciente foi tudo o que conseguiu como resposta, mas logo as dobradiças a porta rangeram e ele estava sozinho de novo.

♠♠♠

Minutos depois, quando podia ouvir o barulho das panelas e da chaleira elétrica na cozinha, se levantou da grama molhada e entrou em casa, indo em linha reta para o banheiro, onde trancou a porta atrás de si e se despiu, colocando a água do chuveiro o mais quente possível.

Só então, com a pele avermelhada e ainda morna, foi que voltou para a cozinha, evitando olhar para o lugar onde tinha derramado suas lágrimas com medo de que elas retornassem, e se sentou numa das banquetas do balcão. Quando Harry depositou o prato de torradas e bacon à sua frente, esperou que ele se sentasse para comer também, ou fosse fazer outra coisa em outro cômodo, mas ao invés disso sentiu os braços fortes dele em volta da própria cintura e uma trilha de beijos ser depositada em seu pescoço.

A garganta de Louis se apertou, primeiro por medo, e então por horror à reação do próprio corpo aos toques de Harry, seu melhor amigo desde a infância, que tinha se aproveitado da perda de memória para criar uma ficção onde os dois estavam apaixonados e se casavam, e de alguma forma tinha programado o corpo de Louis para reagir como se essas mentiras fossem verdade.

Se virou bruscamente quando uma mão tocou o fecho de seus jeans.

— Harry, eu estou tentando comer.

Harry apenas escondeu o rosto na curva do pescoço do outro, raspando os lábios contra a pele dele ao falar.

— Eu sei que minha comida é gostosa, mas eu acho que sou melhor que ela, sabe?

Louis olhou para baixo, encarando a semi ereção entre suas pernas, uma mistura de medo e desejo inundando suas entranhas feito água, enchendo seus ouvidos de um ruído incessante. Fechou os olhos, e foi quando sentiu os lábios de Harry nos seus, o coagindo a beijar de volta automaticamente, como se os corpos dos dois fossem um só.

Harry se posicionou entre suas pernas, desfazendo o botão e o zíper da calça de Louis, que gemeu instintivamente, ainda que um pouco engasgado.

— Te amo, Lou. — sussurrou, e aquilo tirou Louis do torpor.

Ele levantou os olhos, encarando as íris verde à sua frente.

— Você me ama?

— Amo.

— Só você me ama? — perguntou, lembrando da frase que assombrava seus pesadelos há meses.

— Sim. — respondeu Harry, apertando os dedos que enrolara nos quadris do marido. — Porra, Louis. Sim.

Deslizando para fora da banqueta, Louis deixou o café da manhã intocado para trás e puxou o outro até o quarto, onde fez um pequeno show ao tirar a própria roupa.

O medo e o desejo de antes tinham se fundido numa coisa maior, mais poderosa, que fazia seus olhos brilharem e sua respiração ficar entrecortada ao que assistia Harry se despir e se aproximar dele mais uma vez.

Fúria.

Ondas fulminantes, quentes e fluidas como o magma que corria nas profundezas da Terra de fúria o banhavam, transformando seu coração em carvão, pulmões em fumaça e olhos em brasas, enquanto ele se lembrava de cada segundo que antecedera a inconsciência do coma e devolvia aqueles sentimentos envenenados para os lábios de Harry.

Caíram na cama, Louis rapidamente se posicionando entre as pernas do outro e alcançando o frasco de lubrificante, que atirou no peitoral pálido dele.

Reservou um momento para apreciar a ironia da cena, uma repetição da "noite de núpcias", a primeira vez que fizeram sexo, e se surpreendeu com o próprio apego a uma relação inteiramente baseada em mentiras, o que renovou a raiva dentro de si.

Não perdeu tempo em se cobrir de lubrificante e afastar os dedos de Harry, o penetrando lentamente, enquanto ele o recebia com pequenos suspiros encantados, repetindo "Louis" incontáveis vezes, como um mantra. Parou de se movimentar quando tinha entrado completamente, e seus olhos correram pela pessoa embaixo de si, dos cabelos presos em um coque agora desfeito, até as coxas magras mas firmes que emolduravam seu quadril com força.

Nunca tinha se interessado por homens na vida, e o que vivera com Isabelle não era fruto de negação.

O acidente não o matara, fisicamente, mas agora sentia como se uma parte de si tivesse sido deixada sangrando até a morte entre os destroços do carro, dando lugar a um outro Louis que ele mesmo não tinha certeza de conhecer; uma mente, um coração e um corpo que pareciam interligados aos de Harry, que também já não era o Harry Styles de três anos antes.

Estocou, o restante do corpo imóvel, se concentrando no movimento de dentro-fora-dentro-fora guiado pelo instinto, enquanto as mãos de Harry percorriam sua pele, os dedos se emaranhando em seus cabelos enquanto ele recitava xingamentos e juras de amor.

— Meu Louis. — ele gemeu, perto do ápice.

Louis fechou os olhos com força, e apertou os lábios, os gemidos do outro se misturando com a correnteza de sangue e fogo que corria em seus ouvidos enquanto gozava, trincando os dentes para se impedir de despejar para fora tudo o que sentia, junto com a porra que saía de si.


Nota: Última parte da atualização TRIPLA de hoje!

Gostaram? Precisam de um chá de camomila? Água com açúcar? Se preparem porque agora é que a história fica divertida ;D

Agradecimentos à beta colourrying que passou de infartar algumas vezes lendo isso.

Até logo!

xxx Lua

Poison, Beauty and Rage ♠ L.S. AUOnde histórias criam vida. Descubra agora