Crazy Friendship

Luiza

No caminho de volta para casa não falo nada, o Paulo também não.

Não consegui compreender ainda muito bem as notícias que acabei de receber, na verdade, eu entendi muito bem, mas não consigo acreditar que isso possa estar acontecendo comigo. Estou com câncer.

Minha mãe morreu de câncer no útero. Desde então tenho trauma da doença. Apesar de o câncer da minha mãe e o meu não serem os mesmos, e o médico ter afirmado que posso ser tratada, ainda assim tenho certo receio. E tem outra coisa, não poder amamentar minha própria filha...

Eu sonho em ter um filho meu, acho que desde sempre, e agora que eu finalmente consegui isso, não poder amamentá-la, isso é terrível, é como se eu não pudesse cuidar dela direito, como se tivesse uma doença contagiosa e não pudesse chegar perto dela, bom, é mais ou menos isso que está acontecendo, mas é do meu leite que ela não pode se aproximar.

Quase nem percebo quando estamos entrando na garagem.

Paulo para o carro e fica ali parado, olhando para o nada. Ele parece estar cansado, eu também estou.

Ele finalmente olha pra mim, segura minha mão e aperta, como se dissesse que ele estaria ali me protegendo e que daria tudo certo.

Eu abro um sorriso cansado para ele, e aperto sua mão de volta. Tentando passar a mesma segurança.

Saímos do carro.

Ao entrarmos em casa, e logo vejo que tem algo errado.

Escuto gritos vindos do quintal dos fundos. Identifico a voz do Josh e do Gabriel, mas ainda tem uma terceira voz. Fico parada, escutando, tentando saber de quem é aquela voz. E de repente um barulho e um grito de dor. Oh não, aquela voz é do Jônatas.

Paulo e eu começamos a correr em direção ao som.

Ao atravessarmos a porta do quintal, vejo uma cena horrível. Jônatas está jogado no chão, com uma das pernas sangrando, sua cabeça também tem um ferimento, e então viro para o Josh e vejo que ele segura uma arma.