Eu e a Agatha estávamos planejando as coisas quando escutamos um barulho alto, e ensurdecedor, vindo de uma das casas vizinhas. Ficamos preocupadas, mas como mais nada aconteceu nos tranquilizamos.
Se passaram uns vinte minutos, e então ouvimos a sirene de uma ambulância se aproximando, estava chegando cada vez mais perto, até o barulho parecer estar bem em frente a casa. Fomos à janela ver, e a verdade era que a ambulância realmente estava em frente a casa, mas do outro lado da rua.
Dois paramédicos saíram de dentro dela com uma maca, cinco minutos depois voltaram para a ambulância e em cima da maca tinha uma pessoa. Ficamos tentando identificar quem era, mas um dos paramédicos estava bem na frente, quando ele virou para colocar a maca dentro da ambulância vimos quem era, e ai eu consegui entender tudo o que tinha acontecido. Quer dizer, mais ou menos. Peguei a Camila no colo e fui correndo atrás da Agatha para a minha casa.
O Gabriel estava saindo de lá. Acho que ele não nos viu direito quando passou por nós, pois estava com uma cara meio abalada e não olhou pra gente.
Entramos na minha casa. O Josh estava sentado no sofá de cabeça baixa, e meu pai estava em frente a ele, segurando um revólver. Isso mesmo, um revólver! Uma arma! Uma coisa perigosa, muito perigosa! E então eu vi a Agatha se desesperando, e vi eu mesma entrando em desespero. O que meu irmão tinha feito?!
A Luiza apareceu atrás da gente, tinha acabado de sair do quarto.
- Preciso conversar com vocês, Agatha você vai dormir aqui hoje.
- O que?! O que aconteceu com meu irmão? O que o Josh fez? Eu não vou ficar aqui de jeito nenhum se o assassino do meu irmão está sob o mesmo teto!
- Agatha, calma, o Jônatas levou um tiro de raspão na perna, está tudo bem.
- E porque a cabeça dele estava sangrando?
- É que ele bateu a testa em uma pedrinha quando caiu, não foi nada demais, só vai levar alguns pontos. Venham vocês duas, eu vou contar tudo o que houve.
E então ela contou. Contou como chegou e viu o Jônatas no chão, o Josh com a arma, o meu pai puxando o Josh, o Josh apontando a arma pro meu pai.
Como meu irmão poderia ter feito tudo aquilo?
Eu sabia que ele era um idiota, mas não pensava que ele chegaria a tanto. Quem é esse cara morando na mesma casa que eu? Que diz ser meu irmão?
Então minha mãe começou a falar tudo o que o Josh tinha falado.
Quando terminou de contar toda a história, ela nos mandou subir pro quarto e ficar lá até as coisas se acalmarem.
Entrei no quarto atrás da Agatha e fechei a porta. Ela se sentou no meu pufe e eu me joguei na cama.
- Desculpa pelo o que meu irmão fez. Ele é um idiota! Eu não acredito que ele fez tudo isso. Como ele pode?! Quem é esse monstro morando comigo? – então eu comecei a chorar.
- Calma Anne, não foi tão ruim assim, tá tudo bem...
- Não foi ruim?! Ele machucou seu irmão, quase o matou! E quase matou meu pai também! – ao dizer isso me sentei, agora eu estava com raiva. Como ela poderia dizer que estava tudo bem em uma situação dessas?
- Eu sei, mas é só que poderia ser pior. Podia ter acontecido outras coisas – a voz dela era calma.
- Como você pode estar tão calma numa hora dessas?! – agora eu estava em pé, muito irritada.
Ela se levanta e fica na minha frente de braços cruzados.
- Olha só Anne, se você vai ficar me tratando desse jeito eu vou voltar para a minha casa. É meu irmão que está nesse momento numa maca de hospital! Eu sei que você acha que seu irmão é um idiota por ter feito tudo isso e tals, eu também achei. Mas agora até que entendo o lado dele.
- Como assim você entende o lado dele? Não tem como entender o lado dele! Ele é um maníaco que precisa ir pra um hospício!
- Anne, para com isso! Ele é seu irmão, você devia estar o protegendo nesse momento, não o afundando mais.
- Ó desculpa senhorita certinha. Mas se você não percebeu, o meu lar não é como o seu unido, meu irmão não como o seu bonzinho. Será que dá pra você entender isso ou tá difícil?! – falo isso levantando meus braços para cima e logo depois abaixando.
- Eu sei disso Anne Schervad! E é exatamente por isso que eu quero que você pare de acabar com o seu irmão e tente ajudá-lo pelo menos uma vez na vida! Ele está passando por problemas Anne! Você não ouviu o que sua mãe disse?! Não ouviu o que ele falou pro seu pai?! Ele precisa de amor e atenção, não de uma família que julgue ele!
- É, mas isso não justifica o que ele fez!
- Ok! Eu sei que não justifica. Mas e daí, ele é seu irmão!
- Porque você o está protegendo tanto? – agora eu é que estou cruzando os braços.
- Eu estou tentando fazer o que você não faz! Estou tentando mostrar pra você que você ainda pode ter paz com seu irmão, que isso não é um monstro de sete cabeças.
Eu rio, em um tão sarcástico.
E então ela sai do meu quarto. Simples assim. Vejo pela minha janela ela chegando na casa dela.
Deito de volta na minha cama. Acabo adormecendo.
a5b
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crazy Friendship
Fiksi RemajaDuas amigas adolescentes comuns querendo aproveitar a vida, mas parece que a vida está brincando com elas. Decepções, amores, amizade, implicância e muita confusão. Apesar das controversas, essas duas são felizes do jeito que são e fazem da vida uma...