Aquela foi a melhor madrugada da minha vida!
Nunca pensei que diria isso.
E ela realmente têm razão. Sou tão solitário no meu mundinho que me fecho pra nele; e lá dentro eu só consigo ver o mundo de forma em que todos são só "um monte de nada" ambulantes sem propósito na vida, mas admitir isso não me faz querer mudar meu jeito. Realmente gosto e estou acostumado a só observar as coisas e as pessoas, pode parecer chato, mas é assim que minha vida ficou depois do que aconteceu.
Agora, por causa dela, acho, estou diferente. Minha opinião não mudou totalmente, mas pelo menos com ela eu me deixo transparecer.
Hoje ela me disse que gostava muito de mim.
Será que ela realmente só quer me afastar? O que foi que eu fiz/faço pra ela querer isso?
Depois que disse aquilo - e eu obviamente não dei corda -, nós brigamos e conversamos, foi até agradável. Ela é mais fácil de lidar do que parece.
Quando resolvi ir embora dizendo que estava com sono ela me obrigou a descer e passar pela porta. Não disse nada sobre eu repetir aquilo - coisa que eu vou fazer -, e agora que estou aqui deitado não consigo dormir, não consigo parar de pensar nela falando que gosta de mim e estou me segurando pra não voltar pra casa dela.
Na hora pensei mesmo que fosse só mais um tentativa de me afastar, mas e se não for?
Mais uma aula de dupla...
Parece que os professores esquecem o quanto isso é cansativo.
Como estamos no fim do trimestre eles não param de mandar trabalho a jato só pra darem os pontos que restam, e com isso fico nessa coisa entediante, e ainda por cima vou ter que aguentar a Ino.
"Ninguém merece..."
Pelo menos o trabalho é rápido, apenas resumo sobre algum guerreiro importante do passado, blá-blá-blá. Pensei que seria, mas a Ino se mostrou menos inteligente que uma tábua e sinceramente? SOCORRO!
Por dentro eu estava explodindo de tédio e por fora era pura indiferença. Pensei em acabar logo com aquilo, mas eu não estava esperando pelo que viria.
Ino "caiu" no meu colo e fez um escândalo chamando atenção da sala inteira, falando alto um pedido de desculpas, depois começou a se insinuar pra mim e deu um jeito de cair de novo em cima de mim. Ela fez tudo isso pra chamar a minha atenção e eu por dentro estava morrendo de rir, só conseguia pensar em como ela é idiota, olhei de relance na direção da Hiru e a vi me fuzilando por cima do ombro e trincando o maxilar, ela parecia especialmente com raiva e parecia querer matar a Ino.
Aquele olhar me parecia familiar, além da vontade de matar alguém que claramente demonstrava. Ela estava com ciúmes?
Não consegui deter o sorriso por pensar nessa possibilidade. Ao me ver sorrir ela pareceu ficar ainda mais furiosa, eu estava começando a ficar com vontade de rir, por isso voltei minha atenção ao trabalho já quase no fim.
Na ida pro intervalo ela me deu um esbarrão na porta tão forte que senti o osso do meu braço quase partir, quis pará-la pra falar com ela, mas seria muito fora do normal e tinha muita gente por perto. Enquanto eu andava pela escola como sempre procurando algum lugar pra tentar ficar sozinho, eles passaram por mim.
Ela estava com uma expressão de arrependimento, pensei que fosse pelo que fez comigo na porta, mas então ouvi eles falando sobre aniversário dela e ela estava tremendamente arrependida por ter deixado escapar aquilo. Ela implorava pra eles pararem de falar sobre aquilo, pra esquecerem de preferência. Pelo visto ela detestava aniversários tanto quanto eu.
Depois do intervalo o tempo pareceu voar, logo já era hora de ir embora e a tarde também se foi num piscar de olhos. Então resolvi dar uma passadinha no terraço de novo.
Dessa vez ela não se assustou quando me viu lá, ela estava emburrada, de braços cruzados e séria ao mesmo tempo.
- Oi?
- Oi.
- Por que você tá assim?
- Não sei. Pergunta pra Ino. - "Ah, meu Deus!" Um sorriso de surpresa enorme surgiu nos meus lábios.
- Não acredito! Você está com ciúmes! - Ela me olhou como se eu fosse louco antes de começar a falar.
- É claro que não! Afinal, por que eu teria ciúmes de você?
- Porque você gosta de mim? - Sugeri.
- Agora você acredita, né?
Quase rindo cheguei bem perto dela e enfiei os braços no meio dos braços cruzados dela fazendo nós dois ficarmos grudados um no outro já que ela não afrouxou o aperto e nem desfez os braços. Uni as mãos nas costas dela deixando presa ali.
- Está mesmo brava com isso desde de manhã?
- Não estou brava. - Ela disse com o corpo todo tenso e com a voz dura. Bufei pela negativa.
- Certo, então. Por que fez aquilo comigo na porta antes do intervalo?
- Foi sem querer. - Ri da forma quase fofa como falou, ela tinha se arrependido, mas sem querer não foi.
- Se continuar assim vai me quebrar todo.
- Desculpa. - Agora ela pareceu realmente arrependida.
- E eu não estava me divertindo com aquela garota caindo e gritando em cima de mim pra você ter ficado daquele jeito.
- E aquele sorrisinho?
- Sorrisinho? A única hora que eu sorri foi quando te vi quase me matando com o olhar! - A cara que ela estava fazendo tava me matando de vontade de rir, acho que ela percebeu que deu mancada e que ainda por cima me bateu sem razão.
- Aff. - Foi tudo o que ela disse antes de deixar os braços moles no meio da gente e desistir.
- Bem melhor. - Digo antes de agarrar ela de verdade e calar a boca dela de vez com a minha. Ela recuou até chegar à parede onde fica a porta pro segundo andar e ficamos por lá mesmo nos beijando até ela dizer chega porque os lábios dela estavam realmente muito dormentes - os meus também - e ela não estava mais aguentando ficar de pé. Então nos sentamos um pouco e conversamos um pouco sobre tudo e nada.
Algum tempo depois quando cheguei em casa só consegui pensar nela - pra variar - e acabei chegando a conclusão que gosto dela, talvez bem mais do que uma pessoa que a gente só beija de vez em quando - no caso, de vez em sempre quando pode - como ela mesmo disse, ou não.
Aquele momento em que ela disse que gostava de mim me veio outra vez, ele estava grudado na minha mente e eu não conseguia expulsá-lo de lá de jeito nenhum. Acho que quem estava viciado no outro, era eu, e eu fiquei seriamente na dúvida do que estava acontecendo.
Talvez as coisas realmente estejam mais sérias do que eu esperava, ou planejava...
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Uchiha
FanfictionO que você faria se perdesse seus pais? E se descobrisse que eles foram assassinados por causa de uma coisa que sequer podiam controlar? Muita pessoas têm a resposta na ponta da língua: Vingança. Mas vingar-se não seria fazer o mesmo com a desculpa...