39. Sasuke - Sala de Aula

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Quando acordei e olhei pro lado, sorri. Ela estava dormindo, toda calminha agarrada a mim. Sem fazer muitos movimentos bruscos eu tirei seus braços de torno de mim e bem devagar saí da cama. Nesse exato momento ela se remexeu um pouco, até pensei que fosse abrir os olhos em seguida, mas eles continuaram fechados.

Então eu peguei o bilhete na minha mochila que já tinha escrito antes de ir até a casa dela e deixei lá na cômoda dela junto com um pacotinho de balas.

Saí da casa dela e fui pra minha, ainda faltava alguns minutos pro despertador dela tocar. Nesse meio tempo eu pensei seriamente em voltar lá e ficar com ela, simplesmente dizer "fodas!" aos outros e aparecer na festa de uma vez, mas algo me fazia voltar a trás toda vez, como um alarme em dizendo que ainda não era a hora certa. Mas se essa não é a hora certa, quando será?

Me joguei na cama e resolvi que, se não ia poder ficar com ela no aniversário dela, eu também não iria na escola. Por isso eu apenas me deixei adormecer, quando acordasse, se já fosse de tarde, eu iria procurar algo pra dar a ela.


Já são 18h e nada! Não achei absolutamente nada! Bem... Pelo menos não para dar a ela. A única coisa que me atraiu quando vi foram esse anéis... Suspirei sem querer ao pensar neles e me repreendi por isso. Onde já se viu? Eu ficar suspirando por aí. Buft!

Desisti e resolvi ir pra casa. Naruto me disse sobre a festa mas nem lembro mais que horas que ele disse que iria ser, muito provavelmente já deve ter começado. Posso até imaginar a reação dela. Ela deve estar muito surpresa agora, nós demos um jeitinho de ir enrolando ela e a distraindo, acho que ela nem se lembra que hoje é seu aniversário, pelo menos a surpresa assim fica mais emocionante. Tenho certeza que ela deve estar muito feliz agora... e todos estão lá com ela, comemorando. Todos, menos eu.

...

Nossa, essa noite...

Eu não esperava que aquilo tudo fosse acontecer. Eu queria, é claro que queria, mas não imaginei que ela fosse me dar "carta branca" tão cedo. Também não estou reclamando, é claro que não estou. Só estou surpreso. E feliz.

Por fora posso estar parecendo calmo, mas por dentro estou em ebulição. Meus pensamentos estão se atropelando, todos saem embolados até pra mim e às vezes eu mal os entendo de tão rápido que eles estão indo e vindo. Palavras grudadas, às vezes sem conexo e muitas vezes aleatórias, mas principalmente, imagens e sons.

Ela fui muito bem pra uma primeira vez. Eu não sei bem como eu fui porque eu... Ah! Esquece! Deixa isso pra lá. Não importa mesmo. O que importa é que ela gostou, e primeiras vezes são muito complicadas... Não sou expert nisso, longe disso, só... sei lá. Esquece, estou muito mexido pra conseguir ir na reta de algum pensamento e conseguir desenvolver algo disso que não seja uma merda.

Mas! De uma coisa eu me orgulho.

De ter dado aquele anel a ela de manhã. Ela está tão feliz. Eu não esperava muita coisa quando o comprei - na verdade eu nem sei porque o comprei, só deu vontade na hora e quando vi eu já estava com ele na mochila. -, mas valeu muito a pena porque o sorriso que ela deu e aquele abraço... E, meu Deus, ela chorou! Eu até me assustei na hora, mas fiquei feliz quando ela me mostrou o porque das lágrimas.

Eu estou me sentindo tão diferente hoje, gostaria de entender o que é. Não é só felicidade ou alegria, é algo a mais. Algo que eu não estou conseguindo colocar em palavras, só sei dizer que é forte, muito forte.

...

Passamos o fim de semana juntos, mal nos desgrudamos, a não ser na escola segunda-feira. E isso está me irritando, e muito.

Pela segunda eu pude suportar, mas hoje - especialmente hoje - não estou suportando a proximidade de ninguém. 

Ela está risonha e sorridente e todos ficam perto dela quando querem, tocam nela e cada vez que alguém faz isso eu tenho uma vontade louca de socar essa pessoa porque lembro que eu não posso fazer isso e muito mais, sendo que sou o namorado dela. A única coisa que fazemos é nos olhar discretamente ou olhar um ao outro descaradamente quando o outro está fingindo que não está vendo. E por incrível que pareça ninguém parece perceber esses momentos, ou pelo menos nunca dizem nada.

O sinal toca anunciando o fim do intervalo, enrolo um pouco pela escola e quando resolvo ir sou um dos últimos a entrar na sala, e o professor ainda assim não chegou. 

Em vez de ir silenciosamente até a minha carteira como sempre faço, eu coloco meu anel também - que estava no meu bolso, como sempre. Já que vou fazer mesmo o que estou pensando, não preciso mais tirar e colocar o nosso anel o tempo inteiro, e eu já até a peguei triste em um momento de distração, só por causa disso. 

Enquanto sigo o caminho até lá já começo a sentir alguns olhares, parece até que esse povo tem um radar. Paro ao lado de Hirunna - que está de pé conversando com o Lee -, e imediatamente ela para de falar com ele, como se sentisse que eu estou ali. Já com as sobrancelhas franzidas ela se vira pra mim e me fita, mais uma vez apenas me questionando com o olhar.

"O que está fazendo aqui?" Parece me perguntar.

"Acabando com isso" É o que penso em resposta, mas não é como se ela fosse me entender, não é mesmo?

Então sem dizer nada mesmo eu a pego em meus braços e a beijo no meio da sala e logo sinto o olhar de todos sobre nós. Como se de repente aparecesse uma placa em neon pisca pisca com uma seta escrita: "Olhem aqui!!!"

 Acho que ela ficou em choque porque demorou um pouco a me corresponder, mas quando se acalmou, ela me correspondeu passando os braços pelos meus ombros e me beijando como sempre fazemos. Pra falar a verdade foi até rápido, mas como estou acostumado a ter a resposta dela de imediato foi como se tivessem passado minutos ao invés de apenas alguns segundos. E durante o beijo, por um instante, eu me desliguei totalmente da atmosfera ao nosso redor, só que o barulho das pessoas ali logo me fez voltar à realidade, apesar de não me fazer quebrar o beijo.

Quanto mais tempo passava, mais pessoas viam e então comecei a ouvir mais e mais o pessoas falando e provavelmente apontando pra nós, até que, a sala inteira de murmúreos, passar a falar da gente abertamente, ouvi vozes de gente que nem da minha sala era e muitos chiliques e sons que me pareciam ser de surpresa.

Nos afastamos no exato momento em que o professor chegou na sala e como todos olhavam pra nós - alguns boquiabertos -, ele olhou pra nós também e ficou sem entender o que estava acontecendo já que já tínhamos nos separados.

"O que tinha demais em duas pessoas na frente uma da outra pra sala inteira estar nos olhando?" Imagino que é o que ele deve ter pensando.

- Bom dia turma. - Poucas pessoas responderam, então ele repetiu mais alto, com mais respostas. - Não sei o que está acontecendo, mas todo mundo, pro seu lugar - e sala -, já!

Quem não era da sala saiu e o pessoal começou a se sentar, todos nos olhavam e não paravam de falar, tanto que eu nem consegui entender o que tanto comentavam, era muita coisa ao mesmo tempo. 

Quando olhei pra ela, ela estava com um sorriso tímido no rosto e me questionava com o olhar, eu apenas dei de ombros dei um último beijo rápido roubado nela - que se o professor tiver visto, com certeza deve ter entendido o porquê daquele fuzuê -, e me sentei no meu lugar satisfeito por finalmente ter a minha namorada pra mim em público.

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