42. Sasuke - Parque

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Hoje de manhã Hirunna estava animada, tanto que pôs na cabeça que queria sair. Então eu só tinha a manhã pra ficar em casa com ela e à tarde nós fomos almoçar fora e dali por diante só ela sabia onde íamos.

Depois de almoçarmos no restaurante que sempre vamos ela me levou até uma sorveteria e à pracinha. Ficamos por lá até terminarmos os sorvetes e nos cansarmos de ficar sentados naquele banco e então de repente ela deu um pulo e sorriu de uma forma meio exagerada.

- Já sei onde podemos passar a tarde!

- Ah, é?

- Sim!!! - Meu Deus! Como ela estava animada! - Mas... - Seu sorriso morreu por um instante e ela sentou de volta no banco. - Talvez você não vá gostar.

- Por quê? - Questionei intrigado.

- Porque... é no parque. - Entendo completamente porque seu sorriso morrei. Ela sabe que eu não sou muito fã de lugares cheios. Ainda mais parques! Mas... diante daquela carinha triste de agora e a lembrança da euforia de antes, eu não conseguia pensar em deixar ela assim. Então contra os meus instintos eu disse com um sorriso quase verdadeiro:

- Tudo bem. Vamos.

- N-não! Você não gosta de lugares assim. Esquece! A gente pode ir ao...

- Hirunna! - A interrompi. - Calma, amor. Está tudo bem. Eu quero ir.

- Quer? - Ela parecia uma criancinha pedindo algo ao pai, estava até com aquela carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudanças. Não consegui não achá-la fofa.

- Claro! Vamos? - Me levantei e estendi a mão a ela. Ela sorriu de lado e me deu a mão. Por um segundo pensei ter visto seus olhos se encherem de lágrimas, mas quando olhei bem pro seu rosto não havia lágrima alguma. Talvez eu tenha visto errado.


No parque ela não parava de rir e sorrir o tempo inteiro, se bem que ultimamente é assim que mais a vejo. Gosto disso, vê-la feliz me deixa feliz. Agora o motivo é por estarmos no parque, mas isso não muda nada. Ou talvez mude. Tem alguma coisa em mim diferente. Um sentimento, algo com amplitude e força, que vai além da alegria, da felicidade. Algo que me faz querer estar perto dela 24 horas por dia e ainda mais se fosse possível. Algo como... Não sei dizer ou explicar. Só sei dizer que é forte, extremamente. É um... sentimento muito forte.

- Alô? Tem alguém aí? - Nem tinha percebido que ela tinha voltado, e agora ela estava na minha frente com mais um daqueles enormes sorrisos e um algodão doce rosa na mão. - Alô? Terra chamando Sasuke? - Devo ter viajado muito pra ela estar me chamando pra Terra. A única coisa que eu faço é sorri pra ela e a pegar pela cintura e a beijar no meio do caminho mesmo. Foda-se as pessoas!

Fomos em muito brinquedos nesse dia, realmente fazia muito tempo que eu não ia a um bom parque. Acho que da última vez em que pus os pés em um eu ainda era uma criança, meus pais ainda estavam vivos e eu e Itachi éramos inseparáveis. Nos primeiros eu estava de cara fechada, todo duro e impaciente para ir logo embora, mas graças a ela isso não durou muito e pela primeira vez em anos eu consegui me divertir em um lugar lotado de pessoas, principalmente crianças.

Pensei que ela se agarraria a mim na montanha russa, ou na pior das hipóteses vomitaria, só que não foi isso que aconteceu. Enquanto todo mundo gritava - admito, gritei uma vez ou outra, aquilo era enorme -, ela ria. Seria cômico se eu não tivesse visto uma pessoa vomitar na minha frente a apenas alguns passos de nós depois que saímos e se eu não tivesse visto uma mulher chorando e um cara se esforçando pra esconder o quanto tremia quando ainda estávamos no brinquedo. Acho que ela é viciada em adrenalina, só pode ser.

Quando disse isso a ela, ela riu e me contou que o motivo de estar tão de boa é que quando ela tinha 5 anos ela e os pais viajaram e que na viagem foram em um parque. Era só o parque com a maior montanha russa do mundo. Naquela vez ela vomitou e chorou, mas minutos depois estava bem de novo e pediu pra ir de novo, claro que seus pais não deixaram e alguns anos depois ela foi nesse mesmo lugar, dessa vez com o irmão também, e ela gostou e muito da experiência apesar de ver seu irmão vomitar tudo o que comeu naquele dia nos pés de algum outro turista. Desde então todas as outras só a fazem rir porque não são nem de longe tão assustadoras e gigantes como aquela.

Vai entender...

Antes do parque fechar fomos na roda gigante, ela deixou ficar tarde porque queria ver o sol se pôr, foi realmente muito lindo, as cores estavam fortes e vibrantes, só não é mais bonito do que a pessoa ao meu lado. Bem no topo eu a puxei de lado e ela aceitou de bom grado o abraço. Não resisti, beijei o topo de sua cabeça e sussurrei algo a ela baixinho. Algo que a muito tempo eu vinha procurando como resposta.

- Eu te amo. - A senti reagir no mesmo instante. Foi como se uma corrente elétrica tivesse passado dela pra mim. Bem lentamente ela ergueu a cabeça e me olhou, eu estava olhando o horizonte com um sorriso mínimo no rosto.

- Você disse alguma coisa? - Fiz que não ainda sorrindo. Vi em seus olhos que ela sabia que sim e o que era, mas ela não disse nada, apenas voltou seu olhar pro horizonte contemplando o resto do pôr do sol comigo me abraçando ainda mais forte.

...

Quando saímos ela praticamente saltitava ao meu lado, acho que ela literalmente vomitaria um arco-íris se pudesse, então de repente ela parou. O sorriso no seu rosto aos poucos foi morrendo e ela pareceu entrar em estado de choque. Ela olhava fixamente pra frente, quando olhei pro mesmo lugar não tinha ninguém, o centro ainda estava cheio de pessoas andando pra lá e pra cá mas não no lugar onde ela estava olhando. Seus olhos de encheram de lágrimas e eu entrei em pânico.

- Hiru? - Chamei e ela nem sequer piscou. - Hiru? - Nada. Toquei em seu rosto e a chamei de novo ainda mais preocupado. - Hirunna?

- Ahn? Oi?

- O que foi? - Ela me olhou como se não estivesse me entendendo, sequer me reconhecendo. Perdida.

- Na-nada. - Respondeu com as sobrancelhas franzidas. - Por quê?

- Você paralisou. - Expliquei, ela atenuou ainda mais a expressão.

- Sério? Nem percebi. - Ela limpou o rosto com as costas da mão, parecendo só então notar as lágrimas. Sua voz estava forçada, ela estava mentindo pra mim, mas por quê? - Eu viajei, só isso. Já passou. - Ela forçou um sorriso, seus olhos pareciam atordoados ainda, por alguma razão deixei aquele assunto morrer por ali.

E desde esse dia as coisas não estão mais como eram antes. Nada está bem, nada está bom.

Ela não está normal, ela não está em paz.


x-x-x

Contagem Regressiva: 07 capítulos para o fim.

Ghosty

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