- Adoro pizza de pepperoni. Como adivinhou? – perguntei olhando para as duas fatias em meu prato.
- Coincidentemente é minha preferida... – Vincent sorriu e serviu duas taças de coca-cola.
- Coca-cola? – perguntei segurando o riso – Eu jurava que você era mais do estilo vinho tinto seco.
Ele riu baixo e se sentou no tapete ao meu lado, se encostando no sofá, muito confortável com sua taça de coca nas mãos.
- Isso foi a única coisa que encontrei para beber em sua geladeira...
Corei.
- O.k. Confesso que adoro uma coca.
A pizza estava divina e os risos que cortaram nossas conversas pareciam surreais. Talvez uma relação normal fosse exatamente dessa forma; Uma noite agradável, com você e a pessoa que você gosta, sentados no tapete comendo uma pizza, conversando, rindo e aproveitando o momento. Em 25 anos eu nunca havia tido um momento assim, limpo, tranquilo, sem esperar nada e ao mesmo tempo, esperando tudo...
- Vocês se conhecem há anos, certo?
- Quase uma vida... – respondi entre um suspiro e um sorriso. Cruzei as pernas em formato borboleta e me posicionei melhor no tapete, ficando de frente para ele, que tinha uma perna estendida e uma perna dobrada. Seus pés estavam descalços e as mangas da camisa dobradas até o cotovelo.
- Eu não sei como seria minha vida sem elas... Vivian e Maya são quase tudo o que eu tenho... – fiz uma careta e bebi coca – Na verdade, eu não tenho muitas coisas...
Vincent balançou a cabeça devagar enquanto mastigava seu quarto pedaço de pizza.
- E sua família? – perguntou franzindo o cenho.
- Sou filha única. Meus pais continuam em minha cidade natal. Nunca saíram de lá.
- E você sempre teve vontade de sair da sua cidade?
Suspirei.
- Eu tinha muitos planos quando era nova. Eu e as meninas sempre tivemos muitos planos e quando eu e Vivian entramos na universidade, foi natural nos mudarmos...
- E namorados? – nesse momento ele levantou uma sobrancelha, curioso.
Eu dei de ombros. Minha vida amorosa era uma piada.
- Você foi meu primeiro, Vincent... Disso você já consegue tirar suas conclusões.
- O.k, mas com certeza você ficou com alguns caras antes de mim... – disse, sem estar satisfeito com a minha resposta.
- Sim, antes de você eu fiquei com Dereck – respondi para contraria-lo.
- Você ficou com ele depois de mim. Isso é quase uma traição...
Eu ri.
- E você? Teve muitas namoradas?
Ele respirou fundo e tentou se levantar, dando uma desculpa qualquer.
- Não, não, não... – o segurei pela mão, fazendo com ele se sentasse novamente. Dessa vez, mais próximo de mim – Você acabou de me encher de perguntas... Agora é sua vez de responder.
- O que quer saber? – perguntou num suspiro, segurando um meio sorriso. Não soltou minha mão. Cruzou seus dedos nos meus e começou a acariciar a minha palma lentamente. Um arrepio subiu pela minha espinha. – Vamos fazer um jogo?
- Que jogo? - perguntei num suspiro, me sentindo leve com o contato de sua mão
- Você pode me perguntar qualquer coisa. Se fizer as perguntas certas, eu continuo meu carinho até... – fez um gesto de cabeça, insinuante – Se não fizer as perguntas certas, eu vou parando aos poucos...