Certo... Ele era tudo o que eu havia imaginado e pedido pela minha encomenda pelo telefone. Tinha um temperamento cínico e me intimava explicitamente.
De duas, uma: ou eu lhe dava o dinheiro e o mandava embora (o que me deixaria um tanto deprimida) ou eu simplesmente o convidava para entrar, passar um tempo, conversar e depois eu o pagaria e o deixaria ir embora... A segunda alternativa parecia bastante razoável.
Sorri e respirei fundo, com o coração pulsando nas costas.
- Entre, vamos beber um chá.
Ele me lançou um olhar que eu não soube decifrar... Seu sorriso pequeno e breve era insinuante. Uma promessa.
Abri a porta e dei espaço para ele entrar.
- Fique a vontade e não se importe com o...
Mal terminei a frase e Budy pulava nas pernas longas e torneadas do garoto de programa, pedindo carinho e balançando o rabo loucamente.
- Você não precisa... – fui dizendo, até perceber que ele se abaixava para acariciar o cachorro. Budy chorou baixo, manhoso.
Cachorro traidor!
Observei a cena em silencio, sem saber o que pensar e, segundos depois, lembrando que eu estava com as compras nas mãos, fui para a cozinha.
- Qual o nome do filhote? – ouvi ele perguntar da sala.
Pousei as compras no balcão e me apoiei nele, pensativa.
- Qual o seu nome? – retribui a pergunta, esperando ele responder.
Silencio.
Budy latiu e eu andei até o batente da porta da cozinha, com os braços cruzados. O vi em pé, andando pela sala espaçosa, observando os poucos objetos que haviam espalhados por ali.
- Porque mantém seu apartamento tão impessoal? – perguntou sem responder minha pergunta.
- Te incomoda? – rebati.
Ele olhou para mim pelo canto dos olhos castanhos e sorriu desafiador.
Sua presença em meu apartamento era dominante e o nó que eu tinha em minha garganta me dizia que não conseguiria fugir dele.
- Não vai responder minhas perguntas? – ele perguntou vindo em minha direção.
- Não vai responder a minha?
- É assim que seu jogo vai começar?
Cerrei os olhos, começando a sorrir. Aquele homem era um tremendo mestre quando se falava em sedução.
Certo então, vamos jogar...
- É isso o que te atrai? Jogos? – questionei.
- É isso o que vai te fazer transar comigo?
Quase desmaio de palpitação.
Obviamente meu rosto permanecia sereno, com a expressão levemente gozadora.
Se ele soubesse que eu era virgem, provavelmente sairia correndo com meus 1,500,00 e nunca mais voltaria.
- Você acha que tem charme o suficiente para me seduzir?
Minha cabeça estava livre, leve e solta. Era bom flertar. Quem disse que não?
Mas também era bom manter distância.
Ele apenas sorriu. A boca generosamente cheia e um pouco vermelha se ergueu de um lado, sedutora.
Ele se aproximou, ficando a um palmo de mim.