E lá ia eu, me afogar em bebidas...
Maya contava sobre sua viagem maravilhosa para Londres. Não tocava no nome de Dereck, mas seu rosto, sua pele, suas palavras doces e suspiros gritavam o que ela sentia por ele. Graças a Deus Dereck decidiu ficar em Londres mais um dia.
- Mais uma dose de tequila, por favor... – pedi para o garçom que passava, sabendo que todos na mesa olhavam para mim.
Naquela situação era melhor ficar bêbada rapidamente.
- Continuem... – fiz um gesto com a mão – continuem a conversa...
- Você está bem? – perguntou Maya num sorriso amarelo.
- Ótima!
- Deixe ela beber, Maya... É bom ver Audrey perder o controle, de vez em quando – Vivian riu e levantou o braço – Garçom, uma tequila para mim também, por favor.
Continuei em silencio, apenas ouvindo ou não a conversa deles. No palco tocava uma banda de rock e o bar e a pista de dança estavam cheios de pessoas. Minha cabeça girava.
- Tenho que confessar que não gosto muito de Londres – disse Vivian, quase se sentindo culpada por dizer aquilo.
Olhei para ela indignada.
- Londres é um dos melhores lugares que existem... – retruquei.
- Concordo – ouvi Vincent dizer. Respirei fundo para não me voltar para ele e abrir um sorriso.
- Você não é Italiano? Geralmente italianos são... hmmm... calorosos demais para a fria Londres... – Maya comentou sorrindo.
Vincent sorriu.
- Acho que sou caloroso em outras coisas... – respondeu olhando para mim... Maya me olhou com o canto dos olhos e eu pigarreei.
- Duas tequilas... – o garçom depositou as bebidas na mesa e piscou para mim, que agradeci com a cabeça – mais alguma coisa?
- Não – negou Vincent sério, antes que eu pudesse responder. O garçom sorriu sem graça e se afastou.
- Você foi grosso – Vivian fez uma careta – ele só estava tentando cantar Audrey...
- Não é assim que se canta uma mulher... – Vincent respondeu calmamente, bebendo sua cerveja... Que gesto másculo.
Vivian riu, seguida por Maya.
- E como se canta uma mulher? – perguntei me inclinando sobre a mesa.
Sim, ele parecia esperar que eu fizesse exatamente aquela pergunta, pois soltou seu meio sorriso e depositou sua cerveja na mesa com uma preguiça calculada, mas antes que pudesse agir, Vivian exclamou:
- Vai então, me cante! – ela largou sua tequila na mesa e se virou completamente para Vincent, que riu.
Eu me recusava a assistir aquela cena.
- Não... Assim não tem graça – disse Maya, piscando um dos olhos – Vivian é sua namorada.
Três pessoas na mesa ficaram em silencio absoluto, enquanto Maya continuava a sorrir. Ela adorava provocar...
Virei a dose de tequila e a bebida desceu rasgando pela minha garganta. Vivian fez o mesmo e eu a observei por instantes...
Aquilo devia acabar em algum momento, mas meu cérebro dizia:
- Eu preciso de mais uma bebida.
Nada mais fazia sentido. Eu já não sabia se eu estava rindo, chorando ou se estava louca. Eu só tinha certeza de que minha boca não ficava fechada um minuto.