Meu coração parou, quase me fazendo desmaiar.
Em nenhum momento eu pude imaginar que... Pisquei, com a mão ainda sobre o trinco da porta.
Eric sorria. Aquele sorriso que me fazia ficar arrepiada.
Seus cabelos estavam molhados e despenteados, usava uma camisa pólo e um jeans velho. Em cima do painel do carro, vi um livro e um óculos. Pisquei várias vezes, com o coração palpitando na boca.
- O que você...? – a pergunta morreu em minha boca, porque eu simplesmente não conseguia formulá-la. Não conseguia processar nada, nenhuma frase coerente surgia em meu cérebro. A presença de Eric simplesmente me tirou o chão.
Seu sorriso se transformou em meio sorriso e um ar malicioso margeou seus olhos.
- Surpresa... – sussurrou antes de capturar meus lábios entreabertos.
Acalme-se, acalme-se. Talvez você esteja sonhando... Abri os olhos lentamente ao sentir que Eric se afastava. Ele sorria, enquanto eu permanecia entorpecida. Algo muito errado estava acontecendo.
- O que você está fazendo aqui? – minha voz não era mais que um sussurro.
- Fui levado pelo impulso de te fazer uma surpresa... – passou a mão pelos meus cabelos presos e soltou a fivela que o prendia – Quis te ver.
Ficamos nos fitando por alguns instantes. Minha mente fervilhava e minha expressão era desconfiada e um pouco tensa.
Ele quis me ver? Como assim quis me ver?
- E Vivian? – perguntei confusa – e você e Vivian?
A resposta não foi imediata. Eric suspirou e olhou para frente. Tamborilou os dedos no volante e depois se voltou para mim.
- Vamos fazer um trato...
- Trato?
Ele riu ao ver minha sobrancelha se erguer.
- Sim, um trato.
- Fale...
- Esta noite vamos esquecer Vivian ou meu suposto relacionamento com ela. Ou minha profissão...
- E você julga que isso é algo fácil de esquecer? – balancei a cabeça sem acreditar – Se eu pudesse, Eric, eu adoraria esquecer que você existe!
Desviei o olhar pela janela e engoli em seco, impaciente. Como ele tinha a cara de pau de sugerir aquilo?
Passei a mão pela testa e respirei fundo.
- Porque você fez isso? – perguntei sem olhar para ele.
- Eu queria te ver... – respondeu simplesmente. Eric estava tão sério quanto eu, mas em seus olhos... Em seus olhos brilhava algo que eu não conseguia explicar. Algo que me derretia e me deixa nervosa – Queria conversar com você, te conhecer melhor...
Oh meu Deus, como eu ia resistir?!
Eric se afastou e passou a mão pelo queixo, frustrado.
- Não vou te segurar aqui, Audrey – comprimiu os lábios e pensou durante alguns segundos – Se você quiser ir embora, não vou impedir... Mas se ficar, terá de aceitar o que te propus, sem questionar.
O barulho automático das portas se destrancando me fez levar a mão à maçaneta. Parei, em duvida. Minha cabeça me mandava sair correndo dali, meu coração me pedia para ficar. Olhei para minha mão, que estava pronta para abrir a porta e voltei a pousá-la sobre minhas pernas.
Que Deus me perdoasse se eu estivesse tomando a decisão errada, mas eu não conseguia resistir. Eu não conseguia resistir a Eric e nem a minha vontade de estar com ele. Suspirei e mordi os lábios.