Relato: Mulher verde

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Eu tinha 10 anos de idade e estava morando com os meus pais em uma antiga casa numa cidade ao norte de Rio Grande do Sul. A minha irmã e eu dividíamos um quarto. O quarto tinha três portas, uma que saia para a varanda, uma que ia para a sala de estar e uma que dava para um corredor.

O corredor tinha quatro portas, tinha um closet em frente á nossa porta as outras duas eram a porta dos quartos dos meus pais e na frente a porta do banheiro. Tinham várias janelas grandes no nosso quarto, então a luz da rua sempre iluminava bem o nosso quarto e como a porta que ia pro corredor ficava aberta também iluminava bem ele, e nunca precisamos acender luz alguma para ir ao banheiro no meio da noite.

Uma noite lá pelas 2am, eu acordei (não sei o que me fez acordar) e vi uma mulher que eu pensei ser a minha mãe, andando pelo corredor, vinda do quarto dos meus pais. Eu não consegui ver o rosto, mas ela tinha um cabelo bem vermelho e uma camisola branca, que nem a minha mãe. Eu sentei na cama e perguntei "mãe, você está bem?". A mulher se virou para a porta do meu quarto e me encarou. Não era a minha mãe. O rosto da mulher tinha um brilho verde, e eu podia sentir a maldade que vinha dela.

Sendo uma típica criança de 10 anos, eu comecei a gritar o mais alto que eu podia, acordando a casa inteira. Eu não vi ela desaparecer, só o meu pai correndo pelo corredor. Eu estava tão assustada que estava histérica. Aquilo realmente assustou a minha família, já que eu era a criança mais quieta e calma da família. A partir daquela noite, sempre as 2am, eu acordava para ver a "mulher verde", e apesar de eu nunca mais falar com ela, ela sempre virava para mim e vinha na minha direção e eu começava a gritar. A coisa ficou tão ruim que o meu pai não conseguia me deixar sozinha em casa, e nós acabamos nos mudando depois de dois meses. Foi a única vez que eu vi o meu pai assustado.

Dezessete anos depois eu fui visitar alguns amigos da família que se mudaram para a casa.
Nós sentamos e conversamos e rimos sobre os velhos tempos, mas eu nunca falei nada sobre a "mulher verde", mas também nunca mais entrei naquele corredor.

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